Capítulo Vinte e Três: Descobertas

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Era apenas o primeiro jogo da temporada, mas os ânimos eram tão altos que mais parecia ser o último. Eike havia me dito que os demais garotos não se importariam que ele saísse apenas comigo para comemorar a vitória, mas quanto mais tempo eu passava sentada no banco ao lado de minha família, mas eu me lembrava de meu encontro complexo com Alex no estacionamento e me arrependia de ter dado esperançavas a meu namorado.

Eu devia terminar com ele. Apenas parar de usá-lo para preencher a minha falta de amor próprio, mas quando ele dizia que me amava, e me tratava com carinho, eu apenas sentia que devia ser igual com ele, na verdade, eu ansiava por isso.

" Você é uma péssima torcedora" , diz Sam debochada, reviro os olhos e a encaro, ela sorri amplamente.

"E desde quando você gosta de jogos?", indago.

"Eu não gosto, mas você já viu aqueles jogadores do time rival? Garota, eles são quentes", diz rindo se abanando.

Solto uma risada e me assusto quando Michelle ri também, olho para ela que usa seu cabelo em um coque desarrumado, igual a Sam, e percebo que ela tem seus olhos brilhando em nossa direção.

"Eu não acho que você terá muitas chances querida, não com tantas líderes de torcida aqui", diz mamãe.

Desço meus olhos até o campo e encaro Esther, mesmo de costas reconheço seu corpo curvilíneo e seu longo cabelo loiro. Ela havia trocado os uniformes por saias mais curtas, mas não é como se as roupas ousadas fossem necessárias, todas eram lindas e exalavam uma ousadia que já seria o bastante para qualquer um.

"Você está insinuando que não sou bonita o bastante?", indaga Sam. Michelle revira os olhos.

"Não! Estou dizendo que elas são mais rápidas que você", diz. Sam olha para o campo no instante em que os jogadores voltam para o segundo tempo, ela faz cara de pensativa e consigo ver as pequenas sardas sobre seu nariz se enrugarem, dou um sorriso analisando seu semblante e me sinto em paz, eu a amava tanto.

"Não acho que esse seja um assunto interessante, todos eles são velhos demais, além de verdadeiros safados, com exceção do Eike, claro", diz papai. Sam solta uma risada e a acompanho, alguns assuntos sempre traziam nosso pai extremamente ciumento a superfície.

"Vamos lá, vamos apenas torcer por eles", digo encerrando o assunto.

O jogo transcorre sem muitos emoções - para mim - e o final é inevitável: nosso time leva a melhor. Eike sai carregado pelos demais colegas do time e toda torcida vibra, eu apenas me ponho de pé e sorrindo - de orgulho - bato palmas para o meu campeão.

"Você vai encontrá-lo?", indaga papai, olho para o mesmo e aceno em concordância. "Ok, então nós vemos em casa, fique com o celular na mão."

Michelle bate de leve nas costas de papai o empurrando, ele passa por mim beijando minha bochecha sendo seguido por ela e Sam, que pisca para mim, eu ainda tinha que admitir ser engraçado lidar com a minha irmãzinha sendo levemente sacana.

Espero a multidão ir se dissipando e logo ponho-me a andar em direção ao vestiário. Para não perder tempo em filas, corto caminho passando por detrás das arquibancadas, o som dos passos das pessoas me distrai enquanto ando até meu destino, porém, uma figura parada em meio a pouca claridade chama minha atenção.

"Arnold?", indago incerta.

O homem se vira e foco em seu rosto, apesar da barba e das olheiras o reconheço e me assusto com sua forma desleixada, algo totalmente diferente de seu habitual.

"Não pensei que fosse ver você", diz com a voz rouca.

Aproximo-me olhando ao redor. "Acho que posso dizer o mesmo."

Love LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora