Era mórbido e irônico ver como as pessoas se moviam na escola após a morte de Cloe, mas da metade dos alunos que tinham um convívio diário com a ruiva haviam sido interrogados, e até mesmo eu havia retornado à delegacia para dar alguns poucos esclarecimentos sobre nossas brigas e a noite em que ela dormiu em minha casa.
Tudo andava inconstante e estranho, havia um assassino em algum lugar e até onde sabíamos ele - ou ela - poderia estar entre nós.
"Como eu disse, não era nada sério, apenas perguntas de fechamento, logo eles irão parar de te aborrecer", diz papai, entregando-me um copo plástico com café, aceito e sorriu de lado.
"Eles não me aborrecem, mas sinto que estão mais perdidos do que todos nós", digo. Papai franze os lábios e olha ao redor, ele pega meu braço e me direciona para a saída da pequena delegacia.
Ao atravessarmos a porta bebo todo o café de uma só vez e jogo o pequeno copo em uma lixeira.
"O que há?" indago.
"Eu não devia te dizer isso, mas ela é sua amiga", diz, franzo o cenho e me viro para ele no instante em que alcançamos o pequeno estacionamento. "Ela lutou, as flores em volta do corpo dela tamparam grande parte das marcas deixadas no corpo, mas a perícia indicou que havia resíduos de pele sob as unhas dela, no entanto, a pessoa limpou, o que foi encontrado mal nos fornece uma pista e até agora o banco de dados tem sido inútil, o que pode indicar que estamos lidando com alguém que não tenha passagem criminal."
Cruzo os braços e respiro fundo.
"Então ela tentou viver", sussurro olhando para o chão, engulo em seco e ergo meus olhos até papai. "O que mais sabe?"
"O resto da perícia sai hoje à tarde, mas não eu não estou te contando isso atoa", diz sério. "Não sabemos quem fez isso e nem sei quando vamos descobrir, você era próxima dela, tenha cuidado, quem a feriu ainda pode querer ferir outros também."
"Acha isso possível?", indago ansiosa. Papai respira fundo e olha ao redor.
"Tudo tem se provado possível até então", diz.
Olho curiosa para ele, mas antes que eu venha a lhe questionar um sorriso falso surge em seu rosto.
"Eike, quanto tempo!", diz papai, viro-me e vejo meu namorado andando até nós com as chaves de seu carro em suas mãos.
Ele sorri para meu pai e aperta sua mão em cumprimento, se vira para mim e pisca levemente.
"Como você está? Sinto que faz anos que não te vejo", diz papai.
Eike sorri e se aproxima de mim passando um braço em volta de minha cintura. "Sim, o tempo tem sido louco esse ano, mas eu estou bem, me preparando para a temporada, o primeiro jogo é hoje a noite."
Sinto um estalo em minha cabeça e encaro-o. Eu havia me esquecido disso.
"Bem, isso me parece bom, vou conversar com as garotas e quem sabe aparecemos por lá para te dar uma força", diz papai sorrindo para mim, solto uma risada ao imaginar Sam em meio a uma arquibancada lotada de torcedores fanáticos.
"Isso seria bom, já faz muito tempo desde que as vi", diz Eike e sou incapaz de não notar o pesar em sua voz.
"O que faz aqui?", indago mudando de assunto, ele me olha e franze o cenho.
"Fui chamado para depor, querem que eu diga onde estava quando tudo aconteceu", diz.
"Achei que já tivesse vindo."
"Eu estava tendo muitos treinos, só consegui sair agora, os policiais foram gentis em me esperarem", diz, reviro os olhos, pois a verdade é que Steve, o goleiro, era filho do delegado Edward, e essa era a razão pelo privilégio de tempo que Eike estava tendo.
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Love Lies
RomanceEu sempre fui a certa, não a santa, pois até mesmo os santos erram, eu era apenas a melhor versão do que uma boa pessoa poderia ser, mas então eu o vi, e tudo nele gritava para que eu apenas desse as costas e continuasse seguindo meu caminho, mas er...