Capítulo Três: Chérie

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Uma porta se abre e risadas ecoam, abro os olhos assustada e afasto-me do desconhecido que me olha intrigado uma ultima vez antes de desviar seus olhos para a porta, apesar de distante reconheço a voz de Cloe e a risada de Ester, olho para mim e noto que meus seios ainda estão à mostra e mercê do estranho que os encara com fascínio.

"Talvez seja melhor você correr agora, chérie", diz, com uma voz levemente rouca que me arranca de meus devaneios, sem mais demora ponho-me a correr escada acima escutando sua risada baixa.

Corro pelo longo corredor e adentro no quarto que de Ester, fecho a porta em um baque surdo e encosto-me levando minha mão até minha boca, fecho meus olhos sendo capaz de nos ver parados em meio à sala, sua mão sob meus lábios, seu cheiro, seus olhos, Deus! "O que está havendo comigo?" Eu havia acabado de deixar um total e completo desconhecido me ver parcialmente nua, além de deixar que o mesmo viesse a me tocar.

Ouço gritos e mais risadas vindas do térreo, apresso-me em procurar por minhas roupas encontrando minha pequena mochila ao lado da grande cama de Ester, vestindo o shorts e colocando uma das camisetas de Eike que eu havia roubado de seu closet há umas noites me viro em direção a porta estancando os passos ao sentir a textura da camiseta de meu namorado contra meu corpo. "Onde se encontrava meu juízo ao deixar outro homem ver-me em tal situação?"

Respiro fundo e passo as mãos por meus cabelos desgrenhados, ponho-me a caminhar para fora do quarto, ao sair porta a fora o som das conversas animadas se tornam mais audíveis, sentindo meus batimentos acelerarem à medida em que me aproximo da escada fecho os olhos apertando minhas mãos umas contra as outras, chego ao topo da escada e avisto os longos cabelos loiros de Ester que se mantém de frente ao desconhecido, Cloe paira ao seu lado alheia a tudo totalmente focada em seu celular, respiro fundo sendo o mais discreta possível colocando meu melhor sorriso pondo-me a descer lentamente degrau por degrau.

Antes mesmo de chegar à metade da escada Cloe levanta seus olhos avistando-me, após uma rápida conferida em minha camiseta a mesma sorri maliciosamente "A princesa despertou de seu sono profundo", diz, chamando a atenção de Ester que em um rompante vira-se em minha direção deixando a visão do anjo a meu pleno alcance.

Paro no ultimo degrau mantendo meus olhos presos aos seus sentindo uma leve palpitação em meu peito que, a cada segundo ameaça transformar-se em um tornado de emoções descompensadas, sorrindo de lado ele me oferece sua mão em forma de cumprimento, como se estivéssemos nos vendo pela primeira vez, olho de Cloe para Ester e ergo minha mão apertando-a contra a sua.

E de repente, como se eu fosse o fio e ele a tomada, o calafrio que venho reprimindo aparece espalhando-se por todo meu corpo, no entanto, antes que se torne visível afasto-me de seu aperto caminhando até Cloe que reserva para mim um olhar estranho.

"Darla, este é Alexzander, meu tio", diz Ester sorridente abraçando Justin de lado que a olha com carinho antes de desviar seus olhos mel até mim.

"É um prazer, Darla", Alexzander – meu demônio com sorriso de anjo - diz com sua voz levemente rouca, mesmo mantendo seu braço esquerdo na cintura de Ester, ao ouvi-lo dizer meu nome é como se fosse capaz de sentir seus braços ao meu redor acariciando-me. Um leve beliscão em meu cotovelo me traz de volta a realidade e respondo mecanicamente: "O prazer é meu".

"Isso não é incrível, meu tio finalmente saindo de sua toca para nos visitar", diz Ester com euforia, abaixo meus olhos para minhas mãos, e já aguardo com anseio o momento em que ele declarará está viagem como passageira.

"Espero que todo esse amor continue pelos próximos três meses", responde chamando minha atenção e antes que eu consiga raciocinar indago em surpresa: "Três meses?" seus olhos voltam-se para mim e como se estivesse a espera de tal reação Alexzander sorri preguiçosamente atiçando meu coração descompensado, olho para Ester e vejo que a mesma me encara com certa incerteza em seus olhos "Quer dizer, é muito tempo, você...quer dizer, o senhor deve ter negócios muito importantes em sua cidade", digo, sentindo-me estúpida porém aliviada ao perceber que a incerteza some dos olhos de Ester.

"Sim, eu tenho muitos negócios a cuidar, mas nada que não possam esperar, todos merecem férias não é mesmo?!", questiona retoricamente fazendo com que todas nós riamos de leve, sentindo-me impaciente e desconfortável com a conversa sugiro a Cloe que me acompanhe até a piscina, a mesma aceita sem pestanejar e juntas nos encaminhamos para fora da sala.

"E Darla", chama Alexzander, viro-me para o mesmo que agora tem os óculos ancorados em sua blusa branca "Não precisa de tanta formalidade ao falar comigo, apenas "você" está de bom tamanho", diz piscando de leve voltando sua atenção para Ester.

"Sim", digo baixinho analisando-o novamente não sendo capaz de reprimir as emoções que se apossam de meu corpo, seu perfume ainda domina cada canto da imensa sala, e mesmo quando me afasto do ambiente carrego comigo sua essência.

Adentrando a área da piscina viro-me para Cloe para questioná-la sobre o paradeiro de meu biquíni, no entanto a mesma o retira de seu bolso traseiro e o roda em um dos dedos enquanto encara-me seria.

"Em uma escala de 0 a 10, quão atraída por ele você está?", questiona olhando-me intensamente, sentindo o ar fazer falta em meus pulmões a olho de volta e respiro lentamente antes de processar sua pergunta, porém ao fazer isso me lembro de sua respiração batendo de encontro a minha e então percebo que talvez 0 a 10 não seja o bastante para medir tal atração.

Encaro os olhos azuis de Cloe enquanto vejo um sorriso travesso nascer em seus lábios cheios, apesar de saber que eu poderia contar toda a minha vida a Cloe, simplesmente há segredos que devo manter comigo mesma "Não sei do que está falando", digo olhando para os lados.

"Sabe o que eu não consigo entender?", questiona-se olhando para o lado com o dedo na boca "Como você passou por Alexzander usando nada para encobrir seus seios", termina olhando-me com malicia, sentindo meus batimentos acelerar por seu interminável interrogatório, cruzo meus braços em uma clara tentativa de não demonstrar medo

"Já passou pela sua cabecinha perversa que eu possa ter acordado antes de ele chegar?", indago vendo seus olhos se estreitarem, aos poucos ela abaixa a mão me entregando meu biquíni, pego o mesmo e o guardo em meu bolso traseiro.

"Só tome cuidado por onde anda baixinha", diz dando-me as costas se encaminhado-se de volta para o interior da casa, suspiro de alivio e caminho até a beira da piscina, as luzes de fora se acendem e todo o local parece pronto para uma super festa.

Um vento frio sopra meus cabelos para o lado, retiro os fios que se grudam a minha boca e me lembro de seu toque quente e preciso, balanço a cabeça em negativa tentando falsamente me esquecer de seu sorriso torto e seus olhos intensos. Era tão inconsequente e terrivelmente estúpido que em menos de uma hora um homem havia despertado em mim desejos e sentimentos mais intensos que meu namorado não havia conseguido nesses últimos três anos.

Ergo a cabeça para cima e observo as estrelas, esperando que um sinal me diga que por mais errado que tenha sido cada momento em que estive ao seu lado, os próximos meses não serão tão ruins quanto minha mente insisti em dizer que serão.

Fecho os olhos e passos minhas mãos por meu pescoço, suspiro pesadamente tentando trazer equilíbrio aos meus perdidos pensamentos, no entanto, antes que eu venha a me dar conta do cheiro que se infiltra por minhas narinas e queima meu ser de dentro para fora, braços firmes rodeiam minha cintura, assustada abro meus olhos e antes que eu tenha a chance de gritar uma mão se fecha por sob minha boca.

"Você não pensou que havíamos terminado, pensou chérie?"

Love LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora