Capítulo 2

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O homem abriu a porta do passageiro e a porta de trás para apresentar a sua esposa e a garota. Enquanto isso, Maria Grace observou todos os membros daquela família se aproximando dela e de Ivone.

— O meu nome é Reginaldo Pugliese e essa é minha esposa, Luzia Pugliese... E aquela ali... — olhou a filha, que estava tímida — Vem cá, filha.

A garota de cabelos castanhos longos e de franjinha aproximou-se deles como se fosse um bichinho indefeso.

— Esta é a minha filha Priscilla Pugliese. Ela tem dezessete anos. — disse o homem, abraçando a filha de lado.

— É muito bonita a sua filha. — disse Maria Grace, sorrindo, mas a garota continuou séria e com a cabeça abaixada.

— Fala com ela, minha filha. — pediu o homem.

A garota continuou calada, e Maria Grace respondeu:

— Não tem problema. Vamos para o meu escritório e assim conversaremos melhor.

A família Pugliese seguiu a Maria Grace até o escritório. Durante o caminho, Priscilla ficou olhando para algumas meninas que passavam e só conseguia achar uma mais bonita do que a outra. Então como poderia deixar de ser lésbica em um lugar como aquele?

Após chegarem ao escritório, a garota sentou-se em uma cadeira no meio, enquanto os seus pais se sentaram ao lado dela. Maria Grace pegou uma caneta, um caderno de capa dura e olhou para eles.

— Então vamos começar... Por que trouxeram a filha de vocês até aqui?

Reginaldo olhou nos olhos de Luzia, e esta por sua vez respondeu:

— Um dia, eu entrei no quarto dela, e o diário estava aberto em cima da cama. Então quando me aproximei, vi que eram coisas escritas para a professora de Português dela.

Priscilla tentou rebater:

— Eu não sou lésbica, mãe.

Luzia não disse nada, pois não acreditava na filha, e Reginaldo continuou a conversa:

— Filha, por favor... Nós estamos conversando. — olhou a Maria Grace — Eu e minha esposa ficamos muito decepcionados com essa descoberta e por coincidência vimos um anúncio do CRL da senhora no jornal. Assim, resolvemos vir até aqui para ver se a senhora pode nos ajudar nessa tarefa complicada.

— Ah, ok... — disse Maria Grace — Isso é muito comum. Muitas meninas lésbicas se apaixonam pelas suas professoras. Mas, felizmente, eu posso reverter essa situação.

— Isso seria ótimo porque não queremos uma filha lésbica. Todos ficam comentando coisas cruéis, entende? — comentou Reginaldo.

— E o meu sonho é que a minha filha se case na igreja de branco com um homem. — declarou Luzia.

— Eu entendo perfeitamente o que desejam. E... — comentou Maria Grace —

— Porém, preciso saber de uma coisa... — interrompeu Reginaldo, preocupado.

— Claro. Qual é a dúvida do senhor?

— Ouvi dizer que há centros de reabilitação que utilizam o "estupro corretivo" como uma ferramenta para tentar curar as meninas. Então gostaria de saber se existe esse método aqui, porque eu e minha esposa não gostaríamos que acontecesse esse tipo de coisa com a nossa filha.

— O senhor e a senhora podem ficar despreocupados, porque aqui não há o "estupro corretivo". Aliás, não temos nenhum homem como funcionário, pois queremos sempre a segurança das meninas em primeiro lugar. — fez uma pausa — Continuando o que eu queria dizer a vocês... Ninguém quer um filho gay. Ninguém quer que um filho sofra... — fez outra pausa — Porém, como sabem... Esse tipo de trabalho que eu realizo não é patrocinado. Então precisamos de dinheiro para que tudo aconteça.

CRL - A cura (Versão NATIESE)Onde histórias criam vida. Descubra agora