Capítulo 1

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Centro de Reabilitação para Lésbicas – A cura, 1999.

— Você está pronta?

— Acho que sim... — disse a garota com a cabeça abaixada.

— Como assim? Eu quero certeza e não achismo!

— E-eu... — gaguejou a garota.

— Diga ou vai continuar aqui por um bom tempo.

A garota ficou em silêncio, deixando a Maria Grace, a fundadora do Centro de Reabilitação para Lésbicas – A cura, bastante irritada. Ela era uma mulher baixa de pele clara, forte e sempre usava um rabo de cavalo. Não era de se maquiar e odiava falar sobre a sua vida pessoal. O que as pessoas sabiam é que ela tinha quarenta anos e havia fundado o CRL em 1979 em sua fazenda, deixada de herança pelos seus pais que morreram em um trágico acidente de carro. Desde então, Maria Grace sempre vinha recebendo adolescentes lésbicas, que passavam por tratamentos até se tornarem definitivamente héteros. Quando isso acontecia, elas voltavam para casa dos seus pais.

Quando Maria Grace viu que a garota não ia dizer mais nada, ordenou a sua assistente:

— Ivone, leve essa garota de volta para o dormitório. Ela ainda não está pronta.

— Não! — gritou a menina — Eu estou pronta.

Maria Grace aproximou-se e analisou a garota da cabeça aos pés.

— Tem certeza?

— Tenho. — respondeu a garota, sem olhá-la.

— Isso não é o bastante... Eu quero que olhe para mim e diga o que tem que ser dito.

A garota, então, foi erguendo a cabeça e olhou nos olhos furiosos de Maria Grace.

— Eu não sou lésbica. — afirmou a garota, quase sussurrando.

— Eu não ouvi. Fale novamente! — ordenou Maria Grace.

— Eu não sou lésbica. — gritou a garota.

— Repita novamente!

— Eu não sou lésbica.

Maria Grace sorriu para a sua assistente e disse:

— Perfeito! Nós conseguimos libertar mais uma.

— Parabéns, chefe. — disse Ivone, sorridente também.

Maria Grace voltou a olhar a menina e comentou:

— Você pode ir para a sua casa.

A garota sorriu, mas Maria Grace deu um aviso:

— Se caíres em tentação, voltará para cá, e os tratamentos vão ser bem mais avançados. Entendeu?

A garota assentiu e respondeu:

— Entendi. Mas eu prometo que nunca mais chuparei uma boceta.

Ivone deu uma risada ao ouvir aquela fala, e Maria Grace repreendeu as duas:

— Tenham modos, por favor. Aqui é um local de respeito!

— Desculpe, senhora. — pediu a garota.

— Ok. Agora vá arrumar as suas coisas.

— Sim, senhora.

Ivone, a assistente de Maria Grace, tinha trinta anos e trabalhava no CRL a cinco anos. Ela era alta, loira e tinha um corpo bem magro, mas não deixava de ser bonito, pelo o contrário, sempre aparecia rapazes interessados, porém muitos diziam que ela gostava de mulher porque nunca tinham a visto com algum desses rapazes. Além dela, havia outras mulheres que ajudavam na organização do CRL, que contava com um dormitório, uma sala, um refeitório, banheiros e um lindo jardim ao fundo, que era cuidado por uma jardineira chamada Carina, uma mulher morena com tranças no cabelo que arrancava muito suspiros das meninas, pois sempre gostava de andar de short jeans para mostrar os seus belos pares de coxas. Enfim, todos os empregados desse CRL eram mulheres. Maria Grace havia escolhido ser assim para que nenhum homem mal-intencionado abusasse das meninas.

CRL - A cura (Versão NATIESE)Onde histórias criam vida. Descubra agora