Capítulo 9

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            Ivone tinha chamado um táxi para sair do CRL, mas o taxista não tinha chegado ainda. O que deveria ter acontecido? Maria Grace, então, aproximou-se dela e pediu:

— Ivone, não vai embora, por favor.

— Não. Eu já estou decidida.

— Pelo menos, jante conosco.

— Não, Maria Grace. Eu quero esperar pelo táxi.

— Ok. Mas você vai se arrepender, porque por aqui é muito difícil conseguir trabalho.

— Eu dou um jeito.

— Ivone...

Maria Grace viu que não ia conseguir convencê-la a ficar, então saiu de perto dela, entrando novamente no CRL. Ivone notou a saída dela, mas continuou focada na estrada de frente do CRL e com uma mala na mão.

De repente, um táxi estava vindo na estrada, deixando Ivone contente e, ao mesmo tempo, irritada, porque o taxista demorou muito a chegar.

— Boa noite, senhora. — disse o taxista, um homem gordinho, bigodudo e careca.

— Boa noite, nada. O senhor demorou muito. Já faz mais de meia hora que estou aqui esperando.

— Eu peço mil desculpas, senhora. — pediu o homem, saindo do carro e indo pegar a mala dela. — Mas nunca tinha andado por essas bandas, por isso demorei a localizar o centro.... Espera aí... — ele parou para ler o nome do centro — Centro de Reabilitação para Lésbicas – A cura. Como assim? Vocês colocam mulheres lésbicas que são alcoólatras aqui?

— Não. Aqui é um centro de reabilitação que ajuda meninas menores de idade a largar o lesbianismo.

— Nossa... Eu nem sabia que existia isso por aqui. Mas me conta... É bom? Porque se for, vou mandar a minha irmã trazer a filha dela, porque a garota parece um macho. Só usa roupa masculina e nunca arruma um namorado para casar.

— Eu aconselho o senhor a nunca recomendar esse CRL para lésbicas.

— Mas por quê?

— É uma perda de tempo, porque elas vão continuar sendo lésbicas mesmo se passarem por todos os tratamentos existentes aqui.

— É sério isso?

— Sim. E pode confiar no que eu digo porque já faz cinco anos que estou trabalhando nesse lugar.

— Nossa... Então esse centro merece ser fechado.

— Sim, concordo com o senhor. Mas a dona daqui é muito maluca e só pensa em dinheiro.

O homem assentiu e pegou a mala dela, colocando-a dentro do porta-malas. Após isso, o taxista saiu da frente do CRL, e Maria Grace ainda ficou espiando o carro sumir na curva da estrada de terra.

Minutos depois, o jantar foi servido no refeitório para todas as meninas. Maria Grace estava muito sem graça perto delas, e a Sirlene acabou observando que a Ivone não estava por lá.

— Maria Grace, cadê a Ivone?

— Ela foi embora.

Todas as meninas pararam de comer e olharam para a Maria Grace. Sirlene, então, fez mais uma pergunta:

— Mas por quê?

— Ela... — respondeu Maria Grace — Ela está com alguns problemas pessoais, por isso resolveu se afastar do CRL.

CRL - A cura (Versão NATIESE)Onde histórias criam vida. Descubra agora