5. A Ferida Aberta

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O sol estava mais fraco do lado de fora, mas seus raios ainda penetravam pela janela

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O sol estava mais fraco do lado de fora, mas seus raios ainda penetravam pela janela. Petris mordeu o lábio, terminando de enrolar a bandagem em volta do corpo. Estava sozinho no quarto, todo torto em cima da cama. A mancha vermelha começava a crescer no tecido branco cobrindo o abdômen e o garoto a sentir um ardor em volta da ferida. Suor escorria por seu rosto e peito, o coração batucava atormentado e os dedos tremiam. Um suspiro deixou seus lábios. O menino fechou e abriu os olhos. Quando levantou a mão, viu-a suja de sangue.

— Eca, Petris, que que tu tá fazendo? — A voz de Fíbia o sobressaltou.

A garota entrou pela porta e se jogou ao seu lado na cama, fazendo uma careta.

— Seu idiota! — Ela colocou a mão sobre a testa. — Quantas vezes eu tenho que falar pra tu me chamar quando for trocar esse negócio?

Ele desviou o olhar, sentindo o rosto queimando. Os dedos se remexiam.

— T-tava ardendo só um pouquinho... — sussurrou, agarrando o lençol da cama com a mão limpa. — Eu ia só refazer os símbolos...

A irmã revirou os olhos.

— Tu sabe que fica fraco quando tá mexendo nessa coisa. — Balançou a cabeça. Depois, segurou-o nos ombros, virando-o em sua direção. — Anda. Cadê a pena, pra eu terminar isso pra tu?

Ele apontou com a mão suja de sangue para a mesinha de cabeceira.

Fíbia se virou e pegou a pena negra com os dedos, tornando para o garoto. Ela ergueu as sobrancelhas. Petris mordeu o lábio e se afastou na cama, deitando sobre o colchão.

— Cuidado pra tu num manchar esse lençol — a menina resmungou e ele revirou os olhos.

— Eu num sou porco, Fi.

— É, mas tá aí sangrando igualzinho a um.

Ela começou a escrever os símbolos sobre as bandagens.

— Tu tá fazendo isso certo? — ele indagou.

— É claro que tô! Tu que me ensinou.

— É melhor 'cê fazer isso certo...

A garota bufou.

— Tudo que eu faço é sempre certo, Pê. Agora cala a boca e deixa eu terminar esse troço.

Passaram alguns minutos em silêncio, arregalando cada um os olhos para a ponta da pena que, mesmo sem tinta, tingia pequenos círculos sobre o pano branco das bandagens. A mancha vermelha ia desaparecendo.

— Pronto. Terminei — a menina declarou.

Petris se levantou da cama, olhando para a barriga. Não havia mais sangue, nem dor.

— Acho que funcionou.

Fíbia se apoiou com o cotovelo na parede e a mão sobre o cocuruto.

— Tu acha, é?

O Presságio do Sineiro: Rastro de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora