14. Símbolo de Traição

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Os cavalos pararam as patas sobre os paralelepípedos de Amedoína

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Os cavalos pararam as patas sobre os paralelepípedos de Amedoína. A bota do príncipe tocou o chão e o garoto fez uma careta. Ele levantou o pé, sentindo algo pegajoso. Cocô de passarinho. O aroma fedegoso subiu a suas narinas. Danúvio balançou a cabeça, colocando a língua para fora.

— Eca! Que coisa nojenta!

Coralívia, logo ao lado, desceu de seu cavalo. Ela lançou um olhar sardônico para a bota do príncipe.

— Espero que não tenha estragado o solado. — Não escondia a ironia na voz.

O garoto soltou um grunhido.

— O que é este vilarejo, hein? — Olhou ao redor para os pássaros negros empoleirados nos telhados. Sentiu frio na espinha. — Nunca vi lugar mais pútrido.

Ele ouviu risadas.

— Vossa alteza tá pouco acostumado à vida dos plebeus, né? — Licarlo ainda estava sobre seu cavalo, perscrutando a cidade vazia. Seu semblante jovial parecia admirar alguma coisa naquelas casas de teto de palha; alguma coisa que Danúvio não conseguia enxergar. Talvez admirar não fosse a palavra correta. — Até que, pra um vilarejo amaldiçoado, isso aqui tá ajeitadinho.

Coralívia repousou a mão sobre a cintura, franzindo o cenho.

— Ninguém à vista — murmurou, os olhos pairando sobre as construções rústicas e as ruas de ladrilhos enlameados. O vento cortava e fazia os cabelos curtos da mulher bambearem. Era quente. — Não tenho um bom pressentimento.

Licarlo desceu de seu cavalo, observando as árvores vermelhas.

— As plantas daqui são normalmente dessa cor?

— O tenente explicou no relatório que as árvores foram ficando assim durante a última década. Não parece ser coisa da maldição.

O sujeito assentiu.

Danúvio tinha um bico sobre os lábios, gotas de suor brotando em sua testa e nuca.

— Como pode estar nublado e tão quente? Que lugar mais infernal!

Coralívia balançou a cabeça.

— Pare de reclamar. Vossa alteza que quis vir conosco.

O garoto fez um sorriso ladino.

— Isso porque alguém precisa cortar a cabeça desse feiticeiro, né? — Colocou as mãos atrás da cabeça, se espreguiçando. — Mas bem que esse tenente podia ter informado sobre o calor que faz nessa joça, que aí eu me preparava mentalmente. Vou te dizer, viu? Que enrascada.

Licarlo tinha os braços cruzados sobre o peito. Era um homem alto, jovem, de no máximo uns vinte e cinco anos. Queixo quadrado, olhos claros de amêndoa, barba por fazer, o cabelo liso caindo sobre os ombros. Devia ser um sucesso com a mulherada.

— E cadê esse tenente? É procedimento padrão aguardar as comitivas de Nova Quimera durante a recepção.

Coralívia tinha os olhos estreitos.

O Presságio do Sineiro: Rastro de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora