15. Cura Contra Maldição

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Os olhos despertos do sujeito contemplavam o teto enquanto a mente ardia

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Os olhos despertos do sujeito contemplavam o teto enquanto a mente ardia. Ele teve dificuldade de se sentar na cama, a cabeça ainda rodando. Estava envolto por cobertores. Não sentia frio, nem calor. O silêncio pairava no ambiente sucinto. A brisa que entrava pela janela aberta mal sacudia as cortinas. Os tímidos raios de sol criavam sombras difusas no chão. Ele observou os tacos do piso.

Neles, seus pés estavam rubros.

O sujeito sentiu o coração disparando no peito. A visão, embaçando e desembaçando, focou nas mãos abertas diante do rosto. Viu duas esculturas vermelhas de pedra, recobertas com um pó singelo e levemente cintilante. Pareciam rubis brutos, densos e duros. Movimentou-as, abrindo e fechando. Eram suas. Eram seus dedos. Mas havia algo de errado.

Com dificuldade, ele se colocou de pé. Dor subiu por suas pernas até a coluna. Sentiu que queria deixar um grito escapar, mas algo segurou sua voz. A respiração saía entrecortada pelos lábios. O homem sentiu-se pesado, grande, robusto. Frio. O batuque em seu peito era a única coisa que denunciava a vida dentro de si. Os braços tremendo.

Os pés descalços de rubi tocaram o chão de madeira, estalando. O som de algo pesado se arrastando, arranhando o piso. Não dava para sentir se o chão estava gelado ou não.

Ele arriscou mais um passo frágil. Tentou se equilibrar, movendo-se lentamente. Sua sombra longa se derramou até uma parede. Parecia mais densa e obscura. Ele andou pelo pequeno cômodo, atraído para o espelhinho pendurado na parede.

O coração batucando no peito o lembrou do som que ouvia quando estivera naquele lugar, longe de seu corpo.

No espelho, o homem viu a imagem de um demônio.

A pele dele era avermelhada, levemente reluzente, de onde brotavam lascas translúcidas de pedra. O crânio parecia querer irromper a pele, marcado no formato do rosto, nas bochechas pontudas, nas órbitas revolvendo os olhos arregalados. O cabelo e a barba tinham um tom profundo de carmesim, enrolando-se em espirais confusas. Dois chifres brotavam da testa, perfeitamente vermelhos.

O sujeito levou a mão até um deles, mas seu tato não parecia funcionar.

Engoliu em seco.

Ele se virou para a bolsa, em cima de uma banqueta no canto. O coração deu uma parada.

Correu até ela e abriu-a, despejando todo o conteúdo no chão. Não encontrou o que estava procurando.

Balançou a cabeça, o ar saindo rarefeito de seus pulmões.

Encarou a parede. O homem não se mexia, podia não estar respirando. Olhou para cima, para seus chifres na testa. Eram do mesmo material da Adaga de Sangue.

O som de um sino badalando o assustou.

O homem se virou para a janela, onde estava empoleirado um daqueles pássaros pretos. Franziu o cenho.

O Presságio do Sineiro: Rastro de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora