28|ɴᴏᴠᴀ ᴠᴇʀsᴀ̃ᴏ|

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      Isabela nunca gostou de finais felizes nas diversas histórias que havia lido em sua infância, repudiava a forma na qual os mais famosos romancistas retratavam o amor,como o inocentava e o fazia de vítima. Era uma pessoa de mente aberta e com o peso da realidade pairando sobre seus ombros,carregava marcas de uma vida repleta de péssimas escolhas, portanto era uma das muitas pessoas que poderia dizer o quão grande era a mentira que os escritores escreviam e publicavam,o quão a hipocrisia gritava a cada novo verso: nada era tão belo para ser perfeito,nem mesmo o sentimento que muitos vitimizam.

     Havia conhecido distintos amores. Mas o que realmente lhe causou todos os bons sentimentos e espectativas de uma vida melhor havia sido arrancado de si de forma brutal e cruel,lhe foi tomado sem que ao menos pudesse se dar conta. Isabela teve seu coração jogado no chão e pisoteado de muitas formas, todavia a que lhe dilacerava era imensa saudade daquele que representou o papel de pai,um alguém que lhe protegeria e acreditava que os mais tempos passariam e um belo arco-íris surgiria no horizonte.

      A jovem tinha tantas mágoas,tantas incertezas e inseguranças que chegava a ser um verdadeiro labirinto de emoções tudo o que estava vivendo, um caminho onde os espinhos eram pontiagudos e lhe causavam mais ferimentos do que poderia suportar. Mas assim como aqueles espinhos poderiam ser arrancados e destruídos, Isabela sabiam como arrancar sua erva daninha, como se preparar para a cicatrização após longos anos. A "peste" de seu jardim tinha um nome,um endereço e uma fraqueza; e a garota não pouparia as informações.

      Mas havia algo que fazia Isabela se assemelhar com os diversos livros e romances que havia lido em algum momento de sua vida: ela queria alguém por perto. Por mais que pudesse ferir e doer,ela queria sentir-se amada,acolhida e o mais importante,queria se sentir viva. Poderia ser seu próprio amuleto da sorte,o seu próprio calcanhar de Aquiles, mas ainda sim, não consegui esconder o quão necessitava de um ombro amigo, alguém que segurasse sua mensagem mão e lhe ajudasse com o caminho mais tortuoso. A escuridão já não era sua melhor amiga, o oposto,lhe assombrava cada vez mais.

      Por longos minutos de sua distração ao que realmente era real diante seus olhos, Isabela sequer percebeu o caminho que havia seguido e em qual rua estava,no entanto,sendo conhecedora de alguns dos muitos pontos da cidade, não conteve o sorriso monótono e vazio: o bar a sua frente lhe parecia convidativo. Desconhecia o ambiente interior, mas sentia como se cada célula de seu corpo a arrastasse e lhe obrigasse a fazer uma compra na qual jamais faria bem para si. A cada passar dos dias,era certo de que aquela garota desafiava a morte.

     Isabela adentrou o ambiente, sentou-se em um dos bancos frente ao balcão e pediu por uma dose de vodka pura. Conseguia imaginar as reações que seu corpo teria com aquela ingestão, sentia por antecipação a forma como aquela bebida lhe deixaria embriagada ao ser consumida em grande quantidade,no entanto,por mais que tivesse entrado naquele  bar e feito o pedido, existia algo em seu âmago que a fazia odiar a forma como estava disposta a lidar com seus problemas e pensamentos frustrantes naquele dado momento.

      — Você cresceu,pequena criança! — a voz aveludada lhe despertou de seus demônios,a fez erguer o olhar e encarar a imagem do velho senhor a sua frente, tentando entender e descobrir de onde se conheciam.

      — O tempo faz isso com as pessoas, nos obriga a crescer na força bruta! Mas, como me conhece? Pois me recordaría de você se tivéssemos nos conhecido anteriormente — de forma amarga e ambígua, Isabela o questionou e aguardou pela resposta.

      — Você era muito jovem quando lhe conheci, certamente não se recorda. Seu avô gostava de exibir orgulhosamente a neta que tinha e cuidava como filha — Isabela engoliu a seco, sentindo seu peito se contrair e um início de dor. Estava começando a sentir-se sufocada — mas, não me entenda mal ou me veja como um inimigo. Posso dizer que seus feitos não sustentariam aquele carisma e orgulho,a devoção que se encontrava nos olhos daquele homem. Você se transformou,e não de uma forma boa, Isabela!

O filho do meu padrasto(Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora