Capítulo 6
Não tinha noção de que horas eram e muito menos o que aquelas pessoas poderiam estar pensando, apenas mantinha meu olhar preso na pista a minha frente e,ao ver a garota vestindo um shortinho curto e um Topper abaixar a bandeirinha branca,pisei no acelerador de meu carro. Os gritos dos torcedores e apostadores foram ouvidos por todos,mas a única coisa que fazia meu coração acelerar devido a adrenalina percorrendo em minhas veias,era ouvir o motor de meu carro, é enxergar o quão rápido estava. Não importava se poderia capotar o carro ou se poderia ser empurrada para fora da pista,o que causaria minha morte estantaneamente, estava naquela pista para sentir as diversas emoções possíveis,para me auto desligar da vida de merda que levo desde meus dez anos de idade. Apesar de ser tudo superficial,era esse monte de mentira que me tranquilizava.
Atravessando a linha de chegada após dar duas voltas cortando a cidade,paro meu carro próximo a Rodrigo que exibia um sorriso incrédulo em seus lábios. Saindo do veículo,faço reverência aos desacreditados em meu potencial e me aproximo do garoto que me proporcionou um alívio imenso.
— Nunca me subestimem! — advirto.
— Topa mostrar seus talentos mais uma vez? Amanhã haverá outra corridabe com valores maiores que esses cento e cinquenta mil — Rodrigo informa em um convite.
— Me passa as informações amanhã. Procure-me na universidade.
Dando as costas para si, retorno para meu carro saindo daquela rua. Com o som tocando uma música com batida eletrônica,sigo para um bar mais próximo onde se encontrava alguns alunos da universidade,alunos esses que digo saberem viver. Levei vinte minutos para entrar,comprar uma garrafa de vodka e retornar para o carro.
— Essa é sua condenação! Viver embriagada — sussurro dando um longo gole na bebida que desce queimando minha garganta e aquecendo meu peito.
O relógio em meu pulso passava as horas cada vez mais rápido,a claridade se fazia presente no céu daquela cidade e a falta de pessoas nas ruas fazia-me entender que somente eu não tinha planos para os dias que seguiriam.
Estacionando o carro em frente a casa da família perfeita,saio do veículo podendo sentir tudo girando, mas por ser uma pessoa acostumada com alto teor alcoólico no organismo,me mantive de pé e pronta para ver a cara de cada um naquela casa. Surpreendendo-me ao abrir aquela porta e encontrar todos com uma feição desconhecida por mim, mas que deduzi ser preocupação,como todo bêbado,desatei a rir.
— Você está falando a álcool, Isabela! — Bruna acusa com um olhar sério.
— Normal!E antes que tenham mais alguma coisa para dizerem ou até mesmo me acusar,tenho uma boa notícia para vocês...— faço suspense — a pessoa mais fodida que conheceram estará se retirando dessa casinha de bonecas perfeita.
Se aproximando em passos firmes e seguros de si, Bruna segurou em um dos meus braços e fez-me sentar em uma das poltronas, porém me levantei a empurrando para trás fazendo com que Matheus e seu filho nos mantesse afastadas uma da outra.
— Você me deve respeito,eu sou sua mãe — gritou impaciente com toda aquela situação.
— Mãe? — sorri sarcástica — vamos rever a história?
— Cale a boca!
— Qual foi a história que você contou? - Perguntei olhando para todos que estavam nos encarando - que a filhinha preferiu ficar com o papai,que não quis vir com a mamãe para Londres,que simplesmente não se preocupou com os sentimentos da inocente mulher? Você não se importou de me por como a vilã da história? Não se importou em me transformar em um monstro? Você perdeu todos os seus direitos sobre mim. Conta para eles a verdade!
— Olha o que você está dizendo! — mais uma vez ela se calou para os verdadeiros fatos.
— Por mais que te odeie, não irei destruir sua família! — aproximando-me, sussurro em seu ouvido:— não sou ninguém e deveria ter morrido!
Afastando-me com um sorriso amargo em meus lábios,pude ver o acúmulo de lágrimas em seus olhos,o brilho que muitas noites existiram em mim. Assim como milhares de lágrimas rolaram por meu rosto durante anos, Bruna derramaria um terço delas.
— Bruna — Mayra abraçou a mulher que apenas me observava detalhadamente.
— Eu tentei, você não imagina o quanto— confesso com o mesmo sorriso em meus lábios.
A vendo fraquejar entrar em um choro compulsivo,apenas neguei não acreditando em suas lágrimas e,subindo até o quarto que ocupei por um dia,peguei minhas malas ainda arrumadas e regressei para a sala de estar encontrando todos em seus mesmos lugares.
— Para onde você está indo com essas malas?— Matheus perguntou atraindo a atenção de todos para mim.
— Fazer uma viagem — respondo olhando para Bruna — Não era isso que ela queria — digo dando outro sentindo a minha frase,ela ficou em espantada.
— Você tem noção de suas palavras? - Bruna questionou amedrontada.
— Isa, conversa com a sua mãe! Não faz nada precipitado — Lucas se dirigiu a palavra a mim intercedendo pela mulher ao seu lado.
— Só estou realizando o seu maior desejo. Não estou sucre efeito de álcool caso queria saber, apesar de estar embriagada,sei o que estou dizendo.
Com as malas em mãos,saio daquela casa seguindo para meu carro e colocando as malas no porta malas. Não me daria ao luxo de aliviar os pensamentos daquela mulher, não tiraria o peso de suas costas. Não quero seu mal,mas também não lhe proporcionaria uma vida de ilusões onde poderia me ver como a filha perfeita que não sou.
— Isa?
Despertando-me de meus pensamentos, olho para Kaique e seus amigos que se aproximavam cautelosamente, provavelmente com medo de uma possível reação de minha parte.
— Não quero discutir, Kaique! — confesso em um suspiro.
— Paro onde você está indo?— Nathan questionou.
— Sem endereço, vocês jamais encontraram. Talvez algum dia — zombo com suas caras.
— Você enlouqueceu? Não irá cometer besteira alguma, ainda mais uma irreversível como essa — Mayra se preocupa.
— Calma, é apenas brincadeira — lhe tranquilizo. Olhando para o Kevin, abaixo-me em sua frente.
— Você vai embora? — questionou.
— Cuida do seu pai e de seu irmão,ambos são boas pessoas! — peço deixando um beijo em seus cabelos macios e me levanto erguendo meu olhar para os outros quatro — vocês são boas pessoas! Nos vemos por aí.
Entrando em meu carro e girando a chave na ignição, soube que nada mudaria, não até o quebra cabeça ser montado. Mas seria uma chance que tinha,pelo menos não teria a pressão da mulher que me deu a vida.
Revisado dia 28 de julho de 2021
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O filho do meu padrasto(Nova Versão)
Fiksi RemajaEla é marrenta Ele e galinha Ela é problemática Ele é o cobiçado da faculdade Ela não leva desaforo para casa Ele é orgulhoso Ela odeia o seu passado Ele não se importa com o passado Vidas e histórias diferentes,personalidades opostas,grandes confu...