Capítulo 5
ELES NÃO CONHECEM MINHA HISTÓRIA
Paciente: JEON JUNGKOOK, 00143
Chego no meu quarto. Estou atordoado e vou direto para o banho. Grande dia! Nada melhor que vomitar no meio do refeitório onde as pessoas estão comendo. Depois do banho coloco uma roupa qualquer e me deito na tentativa de esquecer tudo que aconteceu. Com a cabeça no travesseiro, sinto o peito apertar. Essas horas, em casa, eu estaria cortando os temperos e minha mãe colocando o arroz para cozinhar. Me encolho na cama, o nariz coça por causa do mofo; nesse momento sinto saudades do cheiro de casa. Lavanda, era o único incenso que meu pai deixava a gente comprar.
Na maioria das vezes, eu tento ser forte, mas em determinados momentos sinto vontade de desmoronar. Eu quero ser normal, ter uma vida normal, ter uma família. Quando eu me sentia uma aberração, minha mãe costumava ir até o meu quarto e dizer que está tudo bem ser diferente, que é isso que nos torna únicos e especiais. Mas por que eu não me sinto assim? Não escolhi vir para esse mundo, mas sou obrigado a viver as consequências dessa existência indesejada.
E se eu nunca conseguir escapar desse lugar? E se os olhos cheios de lágrimas da minha mãe forem as últimas lembranças que terei quando morrer no chão frio de um corredor qualquer dessa pensão?
Tudo em mim costumava ser comum, me lembro bem disso. Uma criança simpática e sorridente que cumprimentava os conhecidos que passavam pela rua. Acho que naqueles tempos meus olhos até brilhavam. Aquele maldito roubou esse brilho, roubou tudo de mim. Eu tinha o horizonte ensolarado à minha vista, mas a vida veio e fechou as cortinas na minha cara, e até hoje estou perdido no escuro.
Para afastar os pensamentos melancólicos, concentro minha imaginação novamente no cheiro de lavanda misturado ao chá de anis-verde que minha mãe tomava todos os dias antes de dormir, mas a fisgada nas costas me faz voltar a dura realidade. O colchão é desconfortável e as cobertas pinicam a pele. Devastado, abraço o travesseiro torcendo para que tudo isso não passe de um sonho; que em breve minha mãe abriria a porta me perguntando se está tudo bem, e depois gritaria lá da cozinha, avisando que o almoço já está na mesa. E lembrando do conforto de casa acabo pegando no sono.
↢ ❦ ↣
— Jeon? Jeon?
— Oi, Jin — resmungo, abrindo os olhos com dificuldade.
— Pequeno, está dormindo faz muito tempo. Já anoiteceu. Estamos preocupados com você.
Sonolento, me sento na cama vasculhando na memória as lembranças do ocorrido de hoje cedo.
— Você está bem?
— Sim, só estou meio tonto.
— Provavelmente é fome. Com tudo que aconteceu, você acabou não comendo nada hoje. Levante e vamos até o quarto do Jimin, nós seis combinamos de nos reunir lá.
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Pensão Solitarius [Taekook]
FanfictionEm busca de uma perfeição doentia e inalcançável, a miséria consequente dos seus próprios erros e ganância, deixa os seres humanos à beira da extinção. Temendo o total extermínio da espécie, Kim Dae-hyun, um cientista brilhante e bem articulado, ofe...