"Amiga"

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Mudo o peso do meu corpo de um pé para outro, enquanto seguro o pequeno quadro apoiado entre as minhas mãos. Eu havia achado uma ótima desculpa pra vir a casa do Pasquarelli. Eu notei que ele tem uma coleção peculiar de quadros, e me lembrei do seu comentário outro dia no museu

A melhor arte é a incompreendida

Involuntariamente meus lábios se contorcem em um sorriso estranho ao lembrar dele.

A porta se abre, revelando uma mulher loira de olhos azuis intensos e pele levemente bronzeada. Meus olhos percorrem todo o seu corpo e instantaneamente me surpreendo ao ver pela pequena fresta na porta, que no apartamento haviam outras mulheres.

- Olá meu nome é Valentina - Percebendo o meu desconforto ela abre um sorriso amigável - Posso te ajudar ? Está procurando o Ruggero ?

- Ah ah - as palavras se embolam em minha mente e eu não pude pronunciar qualquer palavra.

- Tem alguém na porta Valu ? - ouço a voz do Pasquarelli.

- Você tem nome ou posso te chamar de " ah ah " ? - gargalha

- Meu nome é Karol - esboço um sorriso sem graça - muito prazer Valentina - estendo mão.

Ouço o barulho de algo caindo e logo a figura do Ruggero aparece atrás de Valentina pedindo passagem

- Oi Karol, pode entrar - diz meio sem jeito passando as mãos pelo cabelo - Você já conheceu a Valu, ela é minha prima e namorada do Agus. Essa é a Ana a minha tia, Katja, Chiara, Giovanna e Malena, todas primas também - disse apontando para cada uma.

Cumprimentei cada uma recebendo um abraço caloroso me fazendo ruborizar de vergonha.

- O que é isso ? - apontou para o embrulho do quadro em minhas mãos que eu havia esquecido que carregava.

- Eu trouxe para você - estendi o quadro

- Obrigado, nossa é muito legal - virou o quadro varias vezes o analisando

- O que aconteceu com o seu rosto ? - levei as mãos de leve até um esparadrapo mal colocado e alguns arranhões e hematomas pequenos em seu rosto e braço, que logo esboçou dor, me fazendo retirar a mão de imediato percebendo que o contato foi bastante íntimo e estávamos sendo observados.

- Ossos do ofício - sorriu fraco

- E ele não deixa ninguém tocar nele - disse a menina que julguei ser chiara.

- Pare de ser teimoso, onde tem um kit de primeiros socorros ?

- No criado mudo no meu quarto  - ele disse atrás de mim enquanto eu me dirigia ao cômodo.

Abro a caixa e me viro para ele o analisando dos pés à cabeça. Ele faz um gesto com as mãos para que eu me sente com ele.

Começo a limpar os cortes com cautela e pausadamente, por que a cada toque ele esboçava dor e me causava agonia vê-lo com aquela feição.

- Foi muito estranho você conhecer a minha família? - as palavras saem da sua boca quase em um sussurro

- Não - sorrio sem mostrar os dentes - Só um pouco - completo o fazendo gargalhar.

- Elas aparecem de vez em quando pra se certificarem de que ainda estou vivo

- você é o único homem na família ?

- Basicamente - dá de ombros

Bom isso explica muita coisa

Ouço um pigarreio vindo da porta e nos viramos encontrando Valentina encostada na soleira da porta

- Karol por que não se junta a nós para o almoço? Gostaríamos de conhecer melhor a amiga do rugge - ela enfatiza um pouco a palavra "amiga"

- Tudo bem - respondo meio receosa mediando o olhar entre Valentina e Ruggero - se você não se importar

- Claro que não - responde tão rápido quanto possível

Alvo Fácil (ruggarol) Onde histórias criam vida. Descubra agora