Positivo/negativo

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Encaro os cinco testes de gravidez de farmácia em cima da tampa do vaso e me sinto confusa e apavorada com os resultados diferentes.

- Gio o que você acha ? - a encaro mordiscando o polegar e a vejo pender a cabeça e analisá-los.

- Eu acho que eles não são confiáveis, podemos dormir e amanhã fazemos um de sangue, tem certeza que não quer ligar para o Rugge? Eu o conheço e sei que ele vai querer ver isso - aponta para os testes
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Giovanna havia praticamente me despachado de sua casa para que eu adquirisse uma quantidade razoável de coragem para ir até o apartamento do Rugge.

Depois de um dia inteiro o evitando, ela disse que eu o deveria encarar como se encara uma ferida sob o band-aid, fazê-lo de modo rápido e indolor.
Eu havia descoberto dentro de mim uma paixão ardente por ele, que seria capaz de me consumir, um sentimento que antes pensara morto dentro de mim, até conhecê-lo, e dessa mesma forma era assustadora a ideia de uma pequena semente que o meu ventre acolhera de bom grado, se desenvolver dentro de mim. Mesmo que eu não o sentisse, eu sei que em algum lugar ele estava.

Encaro o chão sob os meus pés e respiro uma, duas, três vezes antes de erguer a minha cabeça, levar a mão até a madeira da porta e soca-la algumas vezes

A porta se abre, cabisbaixa adentro rapidamente o cômodo, de modo a sentir o vento produzido pelo meu ato, açoitar o meu rosto.

Rugge caminha lentamente, me analisando, e com o dedo indicador ergue o meu rosto á sua altura

- Está tudo bem ? - questiona com uma expressão divertidamente confusa

Meus olhos se revesam entre todos os cantos do apartamento antes de enfim encara-lo

- Eu tenho uma coisa para você - olho para cima como se as palavras precisassem ser resgatadas no ar, ou estivessem prescritas no teto para o meu uso

- você está pálida como papel, por que não senta ?

- Nós ainda não estabelecemos um relacionamento, e eu não quero te pressionar para que o faça se essa não for a sua intenção - explico lhe entregando apreensiva o pequeno pedaço de papel que fora dobrado e desdobrado diversas vezes, e que poderia mudar as nossas vidas, ou pelo menos a minha.

Ele lê e relê o papel e por vez ou outra olha para mim, assisto pacientemente de modo taciturno ele entreabrir os lábios e fechá-los algumas vezes, aparentemente ponderando no melhor a dizer.

Ele se ajoelha para ficar a minha altura no sofá

- Eu sei que não estava nos seus planos, acredite também não estava nos meus, e não quero me casar com você agora - falo para quebrar o silêncio

Ele levanta e esboça um débil sorriso

- Eu não vou te obrigar a se casar comigo, e se isso lhe parece o fim do mundo eu sinto muito

Logo sai e desaparece no corredor de seu quarto, enquanto repasso mentalmente a minha última fala na esperança de encontrar o que o chateou

Bato na madeira da porta e o encontro sentado no piso com o papel que lhe dei mais cedo ainda em mãos

- Eu não quis dizer que não quero estar com você - me aproximo - me desculpe se me expressei mal, eu só estava insegura com a sua reação

- E isso mostra o quanto você me conhece, Karol por que estamos juntos?

Por um momento fiz questão de afastar da consciência os motivos que me fizeram conhecê-lo

- Eu preciso ir - me levanto rapidamente e o deixo para trás sem uma resposta, sem a verdade.

Alvo Fácil (ruggarol) Onde histórias criam vida. Descubra agora