Sorte no Amor

Capítulo 03 - Permissão

A aula inteira foi muito chata, e por causa disso não consegui me concentrar nela. Mas não só por saber que Billy estava estudando na mesma sala que eu, mas por causa das meninas que não paravam de cochichar sobre ele ser lindo, e coisa e tal. Eu já não estava aguentando, estava quase mandando essas garotas calarem suas bocas.

Mas por que estou agindo assim? Ele não é nada meu, nada! Então por que estou me importando tanto com o que essas fazem ou deixam de fazer?

O sinal toca, me tirando de meus pensamentos.

— A próximo aula é de Física — Charlotte me lembra, e eu afirmo com a cabeça. — Você está bem?

— Estou sim — respondo, dando de ombros. — Por que não estaria?

— Você parecia estar fora de si. — ela se senta sobre minha carteira. — O que aconteceu? Está se sentindo incomodada com a presença do Billy?

"Será que ela lê pensamentos?"

— Mais ou menos...

— Mais ou menos? — ela indaga. — Você está apaixonada, não está?

— Eu?! — questiono, falando um pouco alto, atraindo olhares. Me senti um pouco constrangida, mas logo me recompus. — Vira essa boca para lá, Charlotte!

— Amiga, você não me engana, está legal? Eu sei que você está gostando dele. — ela comenta, abaixando o tom de voz. — Eu admito que ele é um cara bonito e tudo mais. E qualquer garota — ela aponta para as meninas que estavam cochichando — se sentiria vitoriosa ao sair com Billy Wilder. — ela diz de um jeito engraçado, revirando os olhos.

— Olha, você pode até estar certa nisso tudo — confirmo mas nego a outra parte que ela disse. — Mas eu não estou apaixonada por ele. Nem mesmo estou afim desse garoto.

— Bem, pois não parece — ela fala, saindo dali quando o professor chegou, adentrando na sala.

Eu não queria admitir, mas realmente estava gostando de Billy, aquele garoto metido. Ele era mesmo bonito, mas com certeza era um mala, daqueles que não desgruda de seu pé. Não serve para namorar, isso sem dúvidas.

Após algumas aulas, o intervalo chega e nós duas saímos para almoçar. Eu precisava bater um papo com ela, para poder me distrair das meninas que saíram da sala de aula comentando o quanto Billy era bonito, um gato e tudo mais que eu nem acho. Era tudo muito meloso, aquelas garotas agindo como donzelas apaixonadas por um príncipe que nem a conquistou ainda.

— Aí, Victoria — olho para trás, e noto que Rebeca me chamava. — É verdade que você conhece o Billy?

Como ele teve a audácia de dizer algo como isso? Afinal, será que ele havia dito algo a respeito de nós?

— Não, não o conheço — respondo, virando as costas para ela.

— Mas ele me contou que era seu vizinho... ou ele mentiu?

Suspiro e olho para cima, pedindo para que Deus me desse um pouco de paciência.

— Sim, ele é meu vizinho — dou a resposta, ainda de costas. — Mas não quero saber dele.

— Bom saber disso — ela fala e o que me disse logo em seguida, me deixou perplexa. — Aliás, ele me pediu em namoro.

Isso foi um choque em meu peito.

— O que... O que você disse?

— Isso mesmo, queridinha — ela pisca para mim. — Eu sou namorada do Billy a partir de hoje.

Fico encarando o lugar aonde Charlotte esteve.

— Anda logo, que estamos com fome. — Rebeca me empurra.