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CANADÁ, 24 de setembro de 2015
Narrado por Harper

— Sai de cima de mim. — empurrei Maggie sem muita força.

Ela riu escandalosamente, se tinha uma coisa que ela gostava de fazer era me irritar.

— Me deixa desenhar em paz!

— Mas você desenha todo dia. — me encarou com um bico que valoriza seus lábios volumosos.

— E mesmo desenhando todos os dias me esqueci do trabalho de artes.

"Eu tenho calendário em casa" — imitou meu tom de voz, que me fez revirar os olhos. Eu espero que minha voz não seja tão insuportável quanto parece em sua voz.

— Você queria o quê? Que eu cedesse?

— Que você falasse a verdade, talvez.

— Eu não ia confirmar o que a minha reputação diz.

— Achei que você não se importasse com a sua reputação e os boatos.

— Talvez por eles não serem mentiram, eu me incomode.

— Os boatos são piores que a reputação?

— Uma forma o outro, então...

— Indiferentemente preocupada, estou errada?

— Eu vou fazer você engolir esse lápis se você não calar a boca.

— Sobre o que é o trabalho?

— É pra fazer uma releitura de alguma obra. Eu vou fazer uma releitura daquelas latas de sopa, sabe? No estilo pop art.

— Campbell?

— Você gosta?

— Não, mas meu pai curte.

— Desconfiei, porque você não é muito fã da aula de artes para ter decorado.

Passei a noite inteira em claro. Uma parte estava entretida com os lápis e a folha, enquanto durante a outra parte da noite eu apenas fiquei observando Maggie dormir, que apesar de soar meio psicopata sempre me acalma.

Acredito que o porquê seja o controle, por alguns segundos, ou até milésimos. Eu tenho o controle da minha vida, das pessoas que amo e sei que nada será diferente quando eu acordar.

Na manhã seguinte

Pisquei de maneira ágil e bufei levemente quando o despertador estridente da Maggie começou a tocar, se eu tivesse dormindo com certeza acordaria de mau humor, mas como estou acordada, só o manterei. Qual o motivo de colocar um despertador meia hora antes do necessário?

"Eu preciso estar apresentável", responderia ela. E eu com certeza começaria um discurso sobre a reputação e os boatos, que eles são comuns e não importa o que fazemos ou deixamos de fazer, eles ainda existirão. Mas ela retrucaria me fazendo desistir de discutir com ela, porque a sua lógica argumentativa é tão boa quanto a de um advogado.

Cicatrizes da Alma | Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora