Cap 04

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Azul, rosa, laranja, as cores misturaram-se no firmamento proporcionando a mais bela visão, era o início do por do sol na cidade e o som estridente de um par de saltos era o único que se ouvia na mansão branca e os cristais do lustre refletiam os últimos raios solares. O silêncio ocasionado após a morena retirar o par de sapatos e colocá-los em seu enorme closet, devia-se a falta do furacão ruivo que havia decidido passar a noite na casa da nova namorada. Regina insistiu que estava tudo bem, que passaria a noite de terça acompanhada de Jazz e uma taça do seu vinho branco favorito ou algo ocasional.
As escadas que levaram até a pequena Adega rangeram e a Mills mais nova fez uma nota mental de chamar alguém para ver isto. Após alguns minutos de dúvida optou pelo vinho branco português Conde D'Ervideira que havia ganho o amor da morena além do prêmio de melhor vinho do ano.
Regina desenvolveu muitas paixões ao longo de sua vida, seu pai amava jazz, costumava ouvir os LP favoritos dele após colocá-la na cama, mas a pequena Mills sempre descia e ficava na metade das escadas sentada ouvindo cada nota com devoção. Sua mãe amava arte e trabalhava reformando pinturas e esculturas antigas, quando a pequena completou doze anos passou a levar as irmãs Mills para o ateliê, enquanto Zelena brincava com as tintas em uma grande tela, Regina ficava encantada com o processo de restauração, seu amor pela arte nasceu e ampliou-se ao conhecer as obras impressionistas e expressionistas, na pintura Monet, Pissarro, Renoir, Degas, Munch e Van Gogh impressionaram a Mills mais nova com seus traços e cores, já na escultura um em especial ocupava seu "coração" Rodin, seu escultor favorito, sempre que visitava Paris fazia questão de ir no Musée Rodin mesmo que já tivesse visto cada uma de suas esculturas.
A música para a mulher era uma rota de fuga assim como a leitura e meditação, a morena acreditava que a arte e a meditação completavam o vazio em sua alma, ou ao menos até dois dias atrás quando encontrou o loiro desconhecido com sua pequena filha, Regina sentiu felicidade ao falar com a pequena Lia, mas angústia por se privar de ter algo tão precioso como um filho, Mills tinha planos para um filho, adoção era sua primeira opção, mas a fila estava enorme e ela já não considerava ter paciência para esperar, a inseminação foi sua opção, iria começar as cessões logo e isso a fazia feliz, por mais que odiasse assumir, não suportava mais ficar só em sua casa, seu último caso foi apenas carnal e suas esperanças se existir alguém no mundo que alcance suas altas expectativas já haviam se dissipado.
O som da campainha acordou a morena de seus pensamentos e ela agradeceu, levantou-se e verificou pelo olhos mágico, parecia um entregador.

--Pois não? --Regina abriu a porta e viu a forma como o homem encarava sua blusa ligeiramente aberta. --O que quer? --A voz de autoridade da morena veio para assustar o homem de macacão cinza.

--Desculpe, é... entrega para Regina Mills.

--Sou eu. --A morena pegou a prancheta e assinou, o homem a sua frente entregou a caixa cor rosa em estampa floral e desejou uma boa tarde. Regina fechou a porta e sentou-se abrindo a caixa, surpreendeu-se ao encontrar tulipas, a morena abriu o papel cor pardo e levou as flores de cor rosa até a cozinha, pegou uma tesoura e cortou um pequeno pedaço do caule de cada uma das flores com todo o cuidado cantarolando, colocou-as em um vaso com água, um pouco de limão e açúcar para manter as tulipas por mais tempo, eram suas favoritas. Regina sorria de forma encantadora enquanto posicionava o vaso sobre a mesa de centro e recolhia o cartão que havia dentro da caixa.

--Sou como as tulipas de cores
Variadas e bastante exóticas
Que estava à espera do vento
Da noite para me trazer
Até você, mas ele não apareceu
Por isso atrasei-me
Mas cheguei e estou na sua vida.

Mone Uezu

Olá senhorita Regina Mills.
Você mentiu para mim esquentadinha, seu nome não é "Parrilla", mas não mentiu sobre o parque e foi assim que descobri seu nome e o endereço.
Nunca achei a internet tão incrível como agora.
Bem... não foi ao parque nos últimos três dias e acho que a culpa é minha, não deveria ter incomodado um momento tão relaxante seu, as tulipas são meu pedido de desculpas, julgo que gosta delas, já que sempre que quando lhe encontrei no parque estava ao lado das tulipas.
Em fim, é apenas isso, espero te ver novamente, mas não acho que o destino me daria tantas chances.

ENCONTRO ARRANJADOOnde histórias criam vida. Descubra agora