A verdade

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POV Luiza 

Meus pais me olham assustados, como quem foi pego no flagrante fazendo algo de errado. Sinto meu corpo soar frio e sei que é culpa da ansiedade e do nervosismo. 

- Então, não vão falar nada?- pergunto parando em frente minha mãe.- Eu quero saber da verdade. 

- Você está maluca, já falamos sobre como você foi adotada. - ela diz ríspida. 

- Tudo mentira, tudo!- eu olho para os dois. - Maria Helena Cintra Ferraz, é minha mãe, certo?- os dois ficam tensos. 

Sei que toquei numa parte muito importante da história e por isso vou conseguir o que quero. Ainda em silêncio os dois se olham preocupados, lágrimas agora escorrem dos olhos de minha mãe. 

- Ou vocês me contam ou eu descubro tudo sozinha e ai vai ser bem pior.- eu os alerto. 

- Não não não.- escuto minha mãe sussurrar pra meu pai.- Não podemos. 

- Não é questão de poder, eu já sei que vocês mentiram e agora quero minha verdadeira história, eu mereço saber!- suspiro longamente. - Eu vi todos aqueles documentos e as fotos na caixinha com meu nome. 

- Você não tinha o direito de mexer nas nossas coisas assim!- meu pai reclama. 

- E vocês não tinham o direito de mentirem pra mim, então estamos quites! 

Eles querem me deixar maluca só pode, não tem outra explicação pra isso. 

- Ela tem que saber, já esta na hora da verdade ser contada.- meu pai diz com os olhos vermelhos. 

- Está bem.- minha mãe concorda com um movimento de cabeça.- Por onde eu começo? 

- Que tal pelo começo de tudo?- me pronuncio. 

- Tudo bem. - meu pai suspira, se senta no sofá junto com minha mãe e eu me mantenho de pé.- Eu e sua mãe sempre tivemos vontade de ter filhos, mas eu não podia ter, pensamos em adoção mas achamos melhor deixar quieto pois é um processo muito lento, sofriamos noite e dia com a idéia de que nunca poderíamos ter filhos. Sua mãe teve a idéia de ter um filho por meios médicos ou seja, um filho por fertilização artificial.- minha mãe soluça e sinto meu coração se partir.- Tentamos várias vezes, mas as fertilizações foram um fracasso total... A Roberta ficou depressiva por meses e eu fiquei me sentindo o pior homem do mundo por não ser capaz de fazer meu próprio filho. Sua mãe até largou de trabalhar, eu tinha que trabalhar e não podia deixar ela sozinha com seus planos de suicídio. - ele fala melancólico.- Resolvi contratar uma empregada e assim eu fiz, contratei uma jovem de dezoito anos pra acompanhar sua mãe e ajudar nos deveres de casa. Foi a melhor idéia que tive em meses, a Roberta adorava a jovem e a tratava da melhor forma possível e nem parecia que a garota era uma simples empregada. - pausa. - Um dia, sua mãe e eu escutamos um barulho de choro vindo do quarto dela, fomos até lá e a encontramos aos prantos, inconsolável... per-perguntamos o que estava acontecendo e ela respondeu que estava grávida e não queria o filho, nem o namorado dela queria.- sinto como se estivesse tomado um soco na boca do estômago e respiro ofegante. 

- Ela... ela era...- meu pai me interrompe. 

- Tentamos mudar a cabeça dela e a fazer aceitar o fato de estar grávida, mas não adiantou e ela disse que iria abortar, caso contrário o namorado dela a largaria. Então fiz uma proposta pra ela.- ele me olha preocupado. - Se ela tivesse o bebê, eu e sua mãe cuidariamos dele, e a gente dava uma boa quantidade de dinheiro pra ela desde que ocorresse tudo bem com a gravidez, ela topou... 

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