Contrações

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POV David
 
Liza se afasta em direção a cozinha e já sinto falta dela.
Suspirando caminho em direção aos fundos da casa, o jardim que Maggie tanto idolatra.
Hoje mal consegui acordar, se não fosse Liza me gritando eu provavelmente ainda estaria na cama.
Assim que chego reprimo um revirar de olhos. Françua está sentado num sofá do jardim, uma loira está a seu lado encostada em seu ombro. Ele está rindo muito com Oscar, Thiago e Henry enquanto Belle conversa com a namorada loira dele.
Todos parecem finalmente me notar e se viram para me olhar.
- Cabeludo! - Thiago diz vindo me cumprimentar, ele me abraça e sussurra só para que possa ouvir. - Se controla, o cara é legal e está apaixonado pela namorada.
- Ok.
Cumprimento um por um com um aperto de mãos, e quando chega na vez de Françua faço o mesmo. 
- Tudo bem cara? - ele pergunta sorrindo.
- Estou ótimo, e você?
- Com certeza. Ah, essa é minha namorada Amanda.
- Olá. Sou David. - a cumprimento e ela assente sorrindo.
Me sento ao lado de Henry e ele me dá um murro de brincadeira, nos tornamos muito amigos e me sinto um otário por já ter tido ciúmes dele.
- Onde está a Liza? - Belle pergunta enquanto enche um copo de suco para Iago e outro pra Isago.
- Ela ficou na cozinha para conversar um pouco com a Maggie. - respondo sorrindo.
- Nesse caso vou lá ver ela. - Belle se levanta e sorri para Amanda. - Vamos também Amanda? Vai adorar a Liza.
- Claro. - a loira se levanta e acompanha Belle para dentro da casa.
- Onde está o Bernard? - pergunto notando sua ausência.
- Deve estar chegando, ele disse que iria passar na casa de Valery pra ela se arrumar e então viria. - Oscar responde.
- Esses dois dormem juntos todos os dias, não entendo porque não casam logo. - Thiago ri.
- Do jeito que aquele anão é eu duvido que eles vão se casar nos próximos vinte anos. - brinco fazendo todos rirem.
Olho para Françua e ele nos observa com um sorriso.
- E então Françua, como foi ser um médico sem fronteiras? - Henry pergunta puxando papo, ele parece pensar na resposta e enquanto faz isso vejo tristeza em seu olhar.
- Cara, não é fácil. Ali você vê de tudo, é no meio de uma guerra sem fim. Adultos, jovens, idosos e crianças... Todos mortos ou muito muito machucados, ou desnutridos... - ele diz fungando. - Achei que não teria forças para continuar, mas a Amanda apareceu e me deu tanto apoio que eu consegui ficar os meses que eu tinha de ficar lá. 
-  Como se conheceram? - Não resisto a perguntar.
- Ela era uma espécie de voluntária, mas estava lá há mais tempo que eu, dois anos especificamente. Ela ganhou tanta experiência que acabou se tornando uma espécie de auxiliar de enfermagem. - ele diz dando um pequeno sorriso, que me deixa aliviado por ver que ele está realmente apaixonado por ela. - Em uma de suas voltas até um vilarejo ela encontrou uma moça, muito machucada, com fraturas expostas e nossa nem gosto de lembrar... Mas Amanda foi corajosa e correu até uns soldados que a ajudaram a levar até a tenda dos feridos, eu tive que atender a moça e foi assim que conheci Amanda.
- Nossa. - Oscar se pronuncia.
- Eu era o único cirurgião que no momento estava sem nada para fazer, os outros enfermeiros estavam auxiliando os outros médicos e como a moça precisava de cirurgia eu e Amanda tivemos que fazer tudo sozinhos. Foram oito horas, operando aquela mulher, com barulhos de tiros e choro por todo lado.
Um silêncio absoluto se instala no jardim, todos nós ficamos pensativos.
Esse cara não parece ser realmente muito ruim, na verdade ele tem um coração bom do contrário não teria aguentado passar por tudo isso.
- Sinto muito cara. - Henry diz e ele dá de ombros sorrindo.
- Tranquilo, agora que tal mudarmos de assunto e falarmos sobre algo mais animado? - ele diz e todos nós soltamos um suspiro de alívio.
- Perfeito. - Thiago diz enquanto Henry se levanta.
- Alguém tá afim de tomar uma cerveja?
Todos concordam mas eu nego, jurei nunca mais beber e não vou.
Dez minutos depois eles estão tomando suas cervejas enquanto riem, Henry é o que menos bebe.
****
- Amor, estou tão cansada, meus pés estão muito inchados, será que podemos ir embora agora? - Liza pergunta umas horas mais tarde.
Olho para ela que está com os pés em meu colo. Ela sorri toda linda e meu coração dispara alucinado.
- Você que manda princesa.
Levantamos juntos e como sou um belo cavalheiro a pego nos braços pra evitar que ela ande demais.
- Meu Deus, esse homem é muito cavalheiro! - Maggie grita nos fazendo rir.
Nos despedimos de cada um e então vamos embora.
 
****
 POV Lixa
 
Alguns dias se passaram, tudo está ocorrendo bem e  os preparativos para o casório estão há mil. David está mais ansioso que eu, até parece que ele é a noiva.
É sério, parece que ele vai surtar a qualquer momento e isso me incomoda que é uma beleza. Afinal não estamos nem perto do dia da cerimonia e ele já está assim.
E ainda por cima junta com a ansiedade da espera do bebê e aí já viu como que fica. Piradinho piradinho.
O bebê chuta o tempo todo, está cadê cada vez mais agitado e louco para vim ao mundo assim como a filhinha da Maggie.
Sim! A Maggie já deu a Luz, e meu Deus minha sobrinha é a coisinha mais lindinha que eu já vi. Pele morena como a da mãe e os olhinhos verdes.
Henry está sendo o pai mais bobão do mundo, ele não cabe em si de tanta felicidade. Ele e o David ficam o tempo todo amassando a pequena Helena, dá até dó da minha lindinha.
Imagina então quando o meu filho nascer, David mal vai me deixar pegar.
Ah, me lembrei! O Lucas, ex amigo da galera, agora pai arrependido e de acordo com ele um novo homem (quero até ver se é verdade), está visitando a filha. Não sei o que deu nele, mas ao que tudo indica ele só pode ter visto o quanto a filha dele parece com ele também.
A sorte que ele tem é que a Mag e o Henry são ótimas pessoas e estão deixando o mesmo ser presente na vida da filha.
- Querida, cheguei! - escuto David gritar da sala e sorrio, ele sempre faz graça quando chega em casa.
- Estou na cozinha! - grito de volta enquanto corto uns legumes para o almoço.
- Não acredito, você não sossega mesmo em? - ele reclama vindo até mim e tirando a faca da minha mão. - Deixa que eu termino isso.
- Amor, não precisa! -  reclamo enquanto ele me faz sentar.
- Obedece seu noivo ao menos uma vez na vida. - ele brinca e depois se emborca pra me dar um beijo. - Te amo.
- Te amo também.
- Agora fica quietinha aí que eu vou cozinhar pra minha futura esposa. - ele me dá mais um beijo e se afasta indo em direção aos legumes que eu estava cortando.
- Como foi o treino?
- Legal. Sabia que aconteceu uma coisa estranha lá hoje? - ele diz se virando para me olhar rapidamente.
- O que aconteceu? - pergunto agora bem interessada no assunto.
- O Lucas estava todo feliz mostrando as fotos da Helena pra galera, quando o John um dos preparadores do time chegou e ficou sussurrando coisas para o Lucas.
- O que tem de estranho Amor?
- O estranho era que ele estava bem nervoso com o Lucas, a carranca era tão feia que dava medo de olhar. Eu podia até ver a veia do pescoço dele pulando. - ele diz sem desviar a atenção do seu trabalho de cortar os legumes.
- Será porque?
- Parece que o doido tá namorando a filha do cara, namorando mesmo. De aliança e tudo. - ele responde fazendo com que eu fique boquiaberta.
- O Lucas namorando? Tem certeza amor?
- Certeza Liza.
- Nossa, espero que agora ele crie vergonha na cara de vez.
- Ele está se indireitando, nem está mais saindo com aqueles amigos dele que só viviam na balada.
- Que bom. Nesse caso eu espero que ele fique  tão apaixonado pela moça que  ele nunca mais vai ser aquele canalha de novo.
Nós dois rimos enquanto conversamos. 
Meus pais e os de David já estão em Paris, chegaram na semana passada só pra não ter risco de perder o nascimento do meu baby.
Minha querida pricunhada não pode vim, mas ela prometeu que mês que vem estaria aqui pra amassar o pobrezinho.
- Vou tomar um banho. - David diz momento depois enquanto assistimos TV abraçados.
- Tá bom, te espero aqui. - ganho um beijo bem demorado e ele sai da cama tirando a roupa na minha frente. Sacanagem isso. - Só faz isso porque não aguento nem me levantar por causa desse casulo enorme em que nosso filho se encontra.
- Não estou fazendo nada. - ele responde cínicamente enquanto lá se vai sua cueca.
- Deixa de ser bobo, sabe que grávidas ficam com os hormônios a flor da pele.
- É mesmo? - ele sorri se curvando pra me dar um outro selinho, mas mordo sua boca pra ele se afastar. - Ai amor.
David se afasta um pouco fazendo careta, depois sorri e me mostra a língua. Quanta maturidade.
- Além do mais, eu sou vingativa  e isso pode piorar muito no resguardo. Quarenta dias sem sexo, pensa só amor, eu andando por aí de lingerie... dormindo nua e agarradinha em você... - faço o ar mais angelical que consigo.
- Para para! Isso já está torturante demais, você venceu. - ele levanta as mãos em forma de rendição. - Quer saber? Vou tomar um banho bem gelado, porque olha só como eu fiquei só de você falar essas coisas.
Então ele sai me deixando sozinha com minhas risadas. Maluco demais, por isso eu o amo.
Vejo meu  livro em uma das poltronas do nosso quarto. Ler tem sido minha distração desde que entrei de licença a um mês atrás.
Assim que me sento na cama sinto uma dor forte e seguro minha barriga fazendo uma careta.
A dor só para quando escuto David ligando o chuveiro, então respiro fundo. Estou aliviada porque sei que são contrações, elas estão ficando cada vez mais comuns.
Assim que me recupero levanto e mais uma forte contração vem.
- Ai meu Deus... - choramingo enquanto me seguro na poltrona. - Filho você tá querendo sair daí né? Calma só mais um... ai...
A dor é a pior que já senti em toda minha vida, eu nem sei explicar como é. Mas uma coisa eu garanto, as cólicas menstruais não são amostras de um parto nem a pau, aquilo é cosquinha perto do que tô sentindo agora.
Então ela para de uma vez e em menos de dez segundos volta bem mais forte, o que faz com que eu solte um murmúrio alto.
- Ai... calma meu amor. - peço ao bebê enquanto tento ao máximo não cair no chão.
Então sinto um líquido descer sobre minhas pernas e quando olho pra baixo vejo que é transparente. A bolsa estourou.
- Chegou a hora. - falo rindo de nervoso, e nesse momento David sai do banheiro, com  uma toalha enrolada na cintura.
- Hora de que? - ele pergunta sem entender.
- A bolsa amor... A bolsa estourou. - falo e o lerdo parece não entender.
- Sua bolsa? Eu nem ouvi. O que tinha lá dentro?
- Não seu cabeção. - respondo nervosa. - A minha bolsa! Nosso filho quer nascer!
Então é como uma cena cômica, David corre para dentro do closet onde a maleta do bebê está pronta pra essa emergência.
-  Estou pronto. - ele volta com a maleta nas mãos mas ainda de toalha. - Vamos pro hospital. Cadê meu celular? Eu tenho que ligar pra sua médica.
- Amor, você não pode ir assim pro hospital. - falo apontando pra ele.
- Ai droga! - ele xinga ao notar sua falta de roupas. - Já volto.
- Anda logo. Nosso filho tá com pressa! Aiii.
Nosso pequeno está vindo. Um pedacinho meu e de David. Falta pouco pra eu conhecer seu rostinho.

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