Quando eu conseguir sorrir com sinceridade.

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POV Luiza
Entro no meu apartamento e noto que as luzes estão apagadas, vou até o interruptor e ligo as luzes da sala.
- David? - pergunto subindo a escada. - Amor você está aqui?
Caminho em direção ao meu quarto e tudo que recebo é silêncio, entro ligando a luz, David ainda não chegou em casa o que é estranho já que ele sempre chega antes das cinco da tarde, provavelmente está com o Oscar ou com o Thiago. 
Me olho no espelho do banheiro e começo a me despir, olho meu corpo nu à procura de alguma mancha da anemia. Eu faço isso todos os dias, agora me cuido o dobro, tomo minhas vitaminas, faço meu tratamento mensal e isso tudo é porque não quero viver aquele inferno novamente. Sorrio com a água quente caindo sobre meu corpo, lá fora estava tanto frio que o que eu mais queria era um banho assim pra relaxar.
Minutos depois saio do banheiro e entro no meu closet, visto um dos meus pijamas que sempre me faz lembrar uma adolescente, pego meu celular e vou para o andar de baixo, nesse frio é sempre bom tomar um achocolatado. Preparo o achocolatado rápido e depois me sento no sofá da sala. Disco o número de David no meu celular, coloco para chamar mas ele não atende, é melhor ele ter uma ótima explicação para esse sumiço, penso bebendo em minha caneca.
A história de Henry não sai da minha cabeça, eu nem imagino o quanto ele sofreu. Meu Deus, perder o amor da vida dele foi uma dor tão grande, e ainda por cima ele se sente culpado pela morte dela.

- Mas ele não é. - eu falo soprando o achocolatado da caneca.
Sei que foi errado ele ter dirigido alcoolizado, mas quem nunca se achou no estado perfeito para dirigir depois de uma bebedeira com os amigos?
Aquele acidente poderia ter acontecido com qualquer um, não é justo um cara como ele ficar sofrendo assim, é uma história tão triste, mas quando chega nossa hora não tem como escapar, a morte infelizmente não chega com aviso prévio. Mas uma hora essa culpa que recai sobre ele passa, uma hora passa.
Coloco a xícara no criado-mudo ao lado do sofá, me deito e sinto meus olhos pesados, quase não dormi noite passada. Estou realmente cansada, então me deixo levar pelo sono.
*****
Um barulho na sala me desperta assustada, me sento atordoada e respiro fundo quando vejo a cena. David se levanta do chão cambaleando, o arranjo de flores perto da porta está em pedacinhos e o olho para o relógio, são exatamente 03:00hrs da manhã.
- Luiza? - ele pergunta rindo, tenta caminhar até mim mas cai novamente.
- David você bebeu? - pergunto o ajudando a se levantar. - Não precisa responder, estou sentindo cheiro de vodka.
- Eu... eu bebi só um... um pouquinho. - ele responde enquanto o ajudo a se deitar no sofá. - Senti saudades de você. - ele me rouba um selinho e viro os rosto.
- Porque você bebeu David? - começo a tirar seus sapatos. - Você nunca bebe, não gosta.
- Eu... eu gosto si... sim amor. - ele responde se enrolando. - Não tô sentindo meu corpo...

- O que deu em você pra encher a cara assim? - pergunto mas ele fecha os olhos e então está dormindo.
Suspiro passando a mão no cabelo, fico olhando para David e me pergunto o que fez ele encher a cara, ele nunca gostou dessas coisas, sempre disse que a bebida deixava as pessoas fora de sí e as levava à fazer tolices, como Henry fez quando decidiu dirigir alcoolizado. Se o David dirigiu nesse estado eu juro que mato ele com minhas próprias mãos quando ele acordar, não,  com certeza ele não dirigiu assim, ele não ia conseguir, caiu duas vezes só aqui dentro.
Não consigo pregar os olhos, fico o tempo todo tentando descobrir o porquê de David ter bebido. O apartamento parece pequeno quando não se está com sono e fica perambulando pelos corredores, pelos cômodos  tentando achar algo para se destrair até que ele acorde e dê para conversarmos sobre o que aconteceu. Talvez ele tivesse se sentido preso demais, está o tempo todo comigo, quase nunca se diverte com os amigos dele, quem sabe ele se cansou e quis espairecer um pouco, ou quem sabe ele se cansou da vida quieta e quer começar a se divertir.
Olho para janela ampla da sala, já é dia, não tem sol afinal é inverno e tudo que se vê é neve e céu nublado, olho para David dormindo todo esparramado no sofá, depois olho para o relógio, 08:00hr da manhã, caminho até ele, respiro fundo juntando todas minhas forças para não começar a gritar com ele.

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