Um filho

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POV Luiza
Estou zonza, meio perdida com tudo que está acontecendo em minha vida. Eu só quero mesmo é acordar de todo esse pesadelo. Amo o David mais que tudo em minha vida e foi difícil não correr para os braços dele quando ele foi na casa da Maggie atrás de mim.
Toco meu ventre e sinto um nó se formar em minha garganta, não posso nem me imaginar criando uma criança sozinha, um filho meu e de David. Mas não vou rejeitá-lo, se eu realmente estiver grávida vou tentar dar o meu melhor e criar meu bebê como fui criada, com amor e carinho.
Olho para a sala de recepção do hospital e suspiro, uma mulher grávida passa por mim tocando a barriga gigante e sorri, um homem que envolve sua cintura retribui o sorriso e os dois trocam um leve beijo.
- Você é forte, não vai precisar do David para nada. - sussurro para mim mesma.
Vim para fazer uma consulta e confirmar o que estou sentindo. Sei que estou grávida, não sei como, mas eu sinto que estou. Dizem que toda mulher sabe quando essas coisas acontecem.
- Senhorita, Luiza? - uma enfermeira pergunta parada na minha frente, apenas assinto e ela sorri. - A doutora está a sua espera no consultório.
- Obrigada. - me levanto um tanto tensa e caminho em direção a sala. Quando entro uma mulher mais ou menos da idade da minha mãe me olha, se levanta e estende sua mão para que eu possa apertá-la.
- Bom dia.
- Bom dia, doutora. Obrigada por abrir uma exceção na sua agenda para me atender.
- Não precisa agradecer, estou aqui apenas para ajudá-la. - nos sentamos e ela pega uma caneta. - O que está sentindo?
Olho para minhas mãos como se nelas fosse achar a força de que tanto preciso. Meus olhos se enchem de lágrimas antes mesmo de eu começar a falar.
- Acho... acho que posso estar grávida. - decido dizer tudo de uma vez e ela assente.
- O que te faz pensar que está grávida?
- Tonturas, enjôos e estou com a menstruação atrasada. Eu sinto que estou, mas preciso ver com meus próprios olhos... - minha voz embarga e respiro fundo segurando as lágrimas.
- Tudo bem. Vou passar um exame para você fazer agora mesmo, o resultado deve sair em meia hora.
- Obrigada Doutora. - forço um sorriso, me levanto e me afasto indo em direção a sala de exame.
Enquanto uma enfermeira coleta uma amostra de sangue em minha veia aproveito para ligar para Maggie e pedir para que me encontre aqui.
Me sento novamente na sala de espera, não desgrudo meus olhos do relógio da parede e apenas me concentro no tik tak. Penso em David e meu corpo todo se arrepia, sinto saudades, tanta saudades que meu coração até dói. Não sei se um dia vou ao menos conseguir conversar com ele sem pensar em todo sofrimento que passei e estou passando.
Meu celular toca e o pego dentro da minha bolsa, o rosto de minha mãe aparece na tela e fico apenas olhando, deixando que o telefone toque.
Ninguém sabe sobre minha separação e de David, ao menos eu acho que não, afinal não tive nem coragem de conversar com minha mãe ou meu pai.
- Não vai atender? - escuto a voz de Maggie e olho para cadeira ao meu lado. - É sua mãe.
- É...
- Porque não vai atendê-la então?
- Não tenho cabeça pra isso agora. Acho que não posso nem ouvir a voz dela ou vou me afogar em minhas lágrimas.
Maggie assente, encosta a cabeça no meu ombro e suspiramos juntas.
- Acabei com o Lucas hoje. - ela me diz e afasto para olhar seu rosto triste. - Não tem jeito mesmo, Liza, aquele canalha nunca vai tomar vergonha na cara. Ele não acreditou que o filho é dele, mas não me abalei por isso.
- O que você fez?
Maggie fica me contando cada detalhe de sua conversa com Lucas, acabo rindo na hora que ela me conta da cara de idiota dele. Quando vejo já passou a meia hora e estamos no consultório, olhando para médica que olha para o monitor do computador.
- E então doutora? - Maggie pergunta mais ansiosa que eu.
- É como tinha suspeitado. Está grávida. - ela me olha sorrindo e aperto a mão de Maggie.
Estou atordoada porque agora sei com todas as certezas. Meus olhos transbordam em lágrimas, a doutora vai me dizendo algumas coisas mas não escuto direito, fico apenas no meu momento.
Toco meu ventre e o acaricio. Aqui, dentro de mim tem um pedacinho do amor da minha vida.
Tem um pedacinho meu e de David, um bebêzinho que vou cuidar com todo amor do mundo,  não da forma que queria mas vou fazer de tudo para deixar meu filho feliz. Meu filho. Nossa como é estranho dizer essas duas palavrinhas.
- Luiza? - escuto a voz da doutora e a olho rapidamente. - Precisamos fazer uma ultrason para descobrirmos de quantas semanas está.
- Posso fazer amanhã? - pergunto chorosa. - Preciso de um tempo hoje, quero descansar... e... e pensar sobre o que vou fazer.
- Tudo bem, como quiser, mas venha pela manhã. Quanto mais rápido descobrirmos de quanto tempo está é melhor.
Eu e Maggie nos levantamos, apertamos a mão da doutora e vamos embora no mais absoluto silêncio. Maggie respeita meu momento e fico grata por isso.
Penso em como vou dar a notícia para minha família, a de que me separei de David e a que estou grávida. Vai ser dois baques em um dia. E tem o David... Eu tenho que contar para ele, nãotem como esconder algo assim dele, mas não sei como dar a notícia.
Minha mãe e meu pai tinham razão em não apoiar nosso relacionamento, eu devia ter escutado eles mas não quis nem saber. Fui idiota e egoísta.
Não sei como vai ser criar uma criança sozinha, nunca tive um extinto materno, sempre fui malucona e moleca. Penso em minha mãe e sinto um aperto no coração, só queria um abraço dela e uma palavra de conforto.
Quando entramos no apartamento de Maggie ela vai direto para o banheiro se sentindo enjoada.
Pego meu celular no bolso da jaqueta e vejo que recebi oitenta mensagens, todas do David, trinta ligações que se dividem entre ele, minha mãe e meu pai. Jogo o aparelho no sofá e faço o mesmo comigo.
Toco meu ventre novamente e fecho os olhos. Fico tentando elaborar uma vida feliz, saudável e repleta de conquistas, apenas comigo e meu bebê. A imagem de um menino de cabelos cacheadinhos dourados e olhos claros como os meus invade meus pensamentos, acabo sorrindo. Ele mal chegou e já o amo, é tudo que me importa, o meu motivo pra seguir em frente.
Nunca vou poder entender a mulher que me abandonou, agora que estou gravida parece que nunca vou conseguir encontrar um motivo para ela ter abandonado um bebê... Nunca vou entender porque ela me abandonou...
Mas sou grata por ter ganhando os pais que tenho, não é toda criança abandonada que tem a mesma sorte que tive. Fui adotada por duas pessoas maravilhosas, que se tornaram os melhores pais que alguém pode ter e quero ser como eles, exatamente como eles.
Pego meu celular e decidida disco o número da minha mãe, preciso esclarecer tudo, preciso contar tudo que aconteceu e está acontecendo.
Na quarta chamada ela atende, meus olhos já se transbordam de lágrimas e quando escuto sua voz é como se uma emoção repentinamente emocionada me atingisse.
- Liza querida, tudo bem?
- Mamãe...
POV David Luiz
Entro numa floricultura próxima ao prédio de Maggie, compro um buquê de lírios e escrevo um pequeno bilhete dizendo que amo Liza e mando entregar a ela.
Já faz dois dias que a perdi e sinto meu coração se enchendo de angústia cada vez mais, eu a amo e ficar sem ela é pior do que ficar sem ar. Penso em Luiza a cada segundo, simplesmente não consigo evitar.
Fui um idiota e sei muito bem disso, a abandei num dia importante para vida dela. Maldita hora que aceitei mais umas das provocações do Lucas e sai apenas pra provar que sou o dono do meu nariz.
Entro no meu apartamento e suspiro olhando a minha volta. Está tudo tão silencioso, quieto... tão diferente de quando Liza corria para meus braços e me abraçava. Sento no sofá e pego um retrato em que eu e ela sorrimos felizes no parque de diversões.
Mas uma coisa eu posso jurar, sem medo e ckm honestidade, nunca traí Luiza e nunca quis fazer isso. Ela é a única mulher que desejo e penso o tempo todo. Sei que para reconquistá-la vai ser difícil, pois estraguei a confiança que ela tinha em mim. Joguei tudo pro ar sem nem ao menos perceber.
Já perdi as contas de quantas mensagens enviei e quantas ligações fiz a ela. Eu só queria que ela me atendesse uma única vez, nem que fosse para me xingar e dizer o quanto me odeia agora. Só preciso ouvir a voz dela.
Meus pais e minha irmã tem tentado se comunicar comigo desde ontem, sei que é por causa da notícia e das fotos que foram tiradas de mim na balada.
Imagino que a essa altura eles já devam saber sobre mim e Luiza. Sei que vou ter que aguentar as palavras severas do meu pai e as lamentações da minha mãe, os vários "eu sabia que isso acabaria assim" dela e as palavras de apóio de Belle.
Meu celular toca e mais uma vez vejo o nome de meu pai estampar a tela. Sem alternativa eu o atendo, não dá mais para ficar fugindo de meus pais.
- Oi pai.
- David, filho o que aconteceu? Porque não nos atende? - ele pergunta entre bravo e aflito, não consigo respondê-lo e apenas suspiro.  - Que notícias são essas que estão espalhando sobre você? E as fotos mostram claramente que você estava alcoolizado. Diz que não é o que parece.
- Infelizmente é.
- Porque? - me encosto no sofá e contínuo olhando para a foto minha e de Luiza. - Você nunca foi de beber.
- Sou um otario, pai. Quis provar coisas que eu não devia a ninguém, quis mostrar minha independência e me ferrei.
- Imagino o porquê. - ele diz sério. - Vi um outro rumor que saiu na internet.
- Luiza me deixou mesmo. - digo com a voz embargada por um choro que estou prendendo o máximo que posso. - E a culpa é totalmente minha. Era aniversário dela e eu não apareci em casa... Fiquei naquela droga de festa só por causa de provocações. Eu perdi a mulher que eu amo.
- Eu nem sei o que te falar. Você sempre foi um bom rapaz e agora... eu nem sei se posso dizer o mesmo.
- Eu ainda sou aquele David, não mudei.
- Mudou, filho. Se ainda fosse o mesmo não teria feito o que fez.
 

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