Contando a novidade

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POV David Luiz
Grávida. Luiza está grávida e minha ficha parece não ter caído. Não é que eu esteja aborrecido pela notícia, só estou em choque e sem certezas sobre o futuro.
Amei a noticia, estou tão feliz com a ideia de ser pai que não consigo tirar um sorriso idiota da cara.
Acho que é a primeira vez que sorrio desde que tudo aconteceu, desde o dia em que perdi Luiza.
Penso em como vai ser dar a notícia para meus pais, não vai ser fácil mas nem isso tira minha felicidade. Bem que eu queria gritar pro mundo essa noticia.
Olho pra Luiza que está sentada no banco do passageiro ao meu lado, desde que ela aceitou meu pedido para levá-la a casa de Maggie não falamos mais sobre o assunto da gravidez. Ainda temos tanto a conversar,  mas vou deixar para quando ela se sentir totalmente a vontade.
Estaciono o carro em frente ao prédio de Maggie e Luiza suspira antes de me olhar, o rosto um tanto triste.
- Não quer ele? - pergunto preocupado e ela me olha confusa. - O bebê. Você não quer?
- Quero. Claro que quero, eu o amo David, comecei a amar no momento em que descobri a minha gravidez.
- Então porque está assim? Sinceramente não entendo.
- Não é nada sério, David. - ela responde me olhando longamente. - Preciso subir, nos falamos em outro momento.
- Te ajudo. Não vai subir com esse tanto de mala sozinha.
- O porteiro pode me ajudar. Não precisa se incomodar, David. - Luiza tira o cinto e abre a porta saindo logo em seguida.
- Eu quero e vou ajudar. - imito seu movimento e saio do carro, pego as malas no porta-mala e quando o fechava vejo Luiza me encarar.
- Tudo bem, David. Mas não se acostuma. - ela pega um mala de mão e quando pretendia pegar a outra eu seguro sua mão.
- Só vai levar essa menor. Dou conta de levar as três.
- Vai ficar me tratando como  se eu fosse um pedaço de vidro frágil?
- Vou sim. - sorrio sarcástico e começo a andar em direção ao prédio.
Quando Liza abre a porta do pequeno apartamento vejo Maggie encolhida no sofá com o celular na mão.
Assim que ela me nota desvia o olhar do celular e me olha boquiaberta, depois olha pra amiga e continua confusa.
- Levantaram a bandeira da paz? - ela pergunta enquanto coloco as malas no chão.
- Não, Maggie. - Luiza responde bastante rápido que até me magoa. - David está apenas me ajudando com as malas.
- Ah.
Maggie olha para Luiza e arregala os olhos como se estivesse querendo perguntar algo.
- Ele já sabe da gravidez, Maggie.
- Pediu provas feito seu amigo Lucas? - ela me pergunta curiosa.
- Claro que não. Eu jamais duvidaria da Luiza. - respondo firme. - Amo esse bebê e estou feliz com a ideia de que vou ser pai.
- Fico feliz em saber disso. - ela sorri se levantando. - Vou me deitar um pouco lá no meu quarto. 
- Maggie. - eu a chamo e ela para de andar pra me olhar. - Eu não sou amigo do Lucas, não mais. Ele já foi um cara bom, hoje em dia é só um cara que nasceu pra baladas. - Maggie assente com os olhos marejados. - Você merece alguém que seja justo e que te ame. - vejo Luiza sorrir e volto a olhar pra Maggie. - Eu errei e tô colhendo o que plantei, o mesmo vai acontecer com o Lucas. Ninguém escapa.
- Obrigada, David. Você está certo. - ela responde sorrindo e limpando uma lágrima. - Nos vemos depois.
Fico olhando enquanto ela entra em seu quarto. Então olho para  Luiza que me encara de modo estranho, não ruim.
Estamos parado na minúscula sala com as malas entre nós e sem saber o que fazer.
- O que você disse pra Maggie foi... legal. - ela diz quebrando o gelo. - Obrigada por isso.
- Só disse a verdade, Liza. - respondo coçando meu queixo. - Maggie é uma pessoa legal, determinada e sei que ela encontrará alguém que a complete e a faça feliz.
- Obrigada pela carona. - ela pigarra um tanto constrangida, ainda continua distante e fria em relação a mim. - Estou cansada e se você não se incomodar eu preciso ir dormir.
- Ah, claro. Já estou indo embora. - vou em direção a porta e Luiza me segue. - Promete que se sentir desejo, ou passar mal ou precisar de qualquer coisa mesmo que te pareça pouco me liga.
- David, eu consigo me virar. Maggie está aqui pra me ajudar e...
- As duas estão grávidas, então nada de aprontarem. Se precisar é pra me ligar. - falo bastante sério. - Inclusive a Maggie. Estarei a disposição das duas, é só me ligar.
- Tá bom, David. Prometo ligar se eu precisar.
- Me promete mais uma coisa?
- David, chega Tá? - ela me olha e depois revira os olhos. - Já pediu coisas demais por um dia.
- Tá, vou embora. - me rendo e ela suspira aliviada. - Pensa melhor sobre me deixar participar mais da sua gravidez.
- Vou pensar, David. Obrigada pela carona. - ela abre a porta e acena. - Tchau.
- Tchau, fica bem.
 
***
 
Ainda não sei como vai ser dar a notícia para meus pais, eu nem perguntei pra Luiza se ela ja contou aos pais dela, mas eu não posso esconder algo assim dos meus. Eles sempre estiveram do meu lado e agora não posso deixa-los de fora num momento tão especial como esse. Será que vão gostar?
Pego o telefone e o encaro por um momento, depois respiro fundo e disco o número da casa dos meus pais. Sou atendido no terceiro toque e faço uma oração rápida para que tudo dê certo.
- Alô? - escuto a voz de Isabelle e sorrio mais tranqüilo.
- Oi irmãzinha. Tudo bem? 
- Oi cabeludo! Estou ótima e você como está? - ela pergunta bastante interessada. - Estamos tão preocupados com você e com a Luiza.
- Estou bem, tentando superar tudo que aconteceu. Sei que é tudo culpa minha e nem tenho o direito de reclamar. - me sento no sofá e suspiro. - Como está meu sobrinho? Estou morrendo de saudades dele.
- Está bem, cada dia mais esperto e sempre perguntando por você.
- Que legal. Prometo que dá próxima vez que eu for ai vou ter um dia especial com ele.
- Obrigado, cabeludo.
- Cade o pai e a mãe?
- Estão aqui, espera que vou chama-los.
- Isa, então vou ligar pelo Facetime, vai ser melhor.
- Beleza. - ela desliga e no mesmo segundo faço a ligação pelo Facetime.
Isabelle atende e lá está ela sorrindo pra câmera. Depois meus pais aparecem e é aquela chuva de perguntas do tipo: Como você Tá? E a Luiza? Não se acertaram? O término é pra valer?
- Gente, por favor, chega de perguntas. - peço e eles se calam me olhando. - Tenho algo a contar pra vocês. Só não sei como.
- Está nos deixando preocupados, filho. - minha mãe diz preocupada.
- Primeiro quero dizer que sei que fui errado com a Liza, ela não merece o que fiz. Mas fui fraco e cai nas brincadeiras de pessoas que eu achava que fossem amigos meus. - começo a dizer e eles apenas balançam a cabeça. - Vocês sabem que morávamos juntos, dormimos na mesma cama e tudo mais...
- Tá David, vai direto ao ponto pelo amor de Deus. - meu pai pede agoniado.
- Nós sempre nos protegiamos. Usavamos preservativos na maioria das vezes e a Liza sempre tomou os contraceptivos dela certinhos... mas em um desses momentos que não nos prevenimos... - fico tentando ser o mais delicado possível para dar a notícia.
- David.
- Liza está grávida, vamos ter um bebê. - falo de uma vez e meus pais me olham espantados. Isabelle sorri como se já estivesse preparada para algo assim. - E então gente, não vão dizer nada?
- Nós... eu... - meu pai tenta falar mas não acha palavras, está estático. 
- Acho que não temos o que criticar. - minha mãe diz suspirando. - Falamos sobre um possível termino entre vocês e vocês continuaram a insistir. Provaram que se amam e mesmo assim aconteceu o que mais temiamos, vocês se separaram e agora vão ter um filho.
- Nunca imaginamos que estariamos separados. E se não fosse pelo que fiz estaríamos juntos ainda. Não me arrependo de ter lutado por ela, vou continuar lutando por nós dois.
- Sabemos disso, filho. - meu pai finalmente se pronuncia. - Mas você tem noção do quanto uma criança trás responsabilidades?
- Pai, não vai faltar nada pro meu filho, nem amor, nem educação ou coisas materiais.
- Sei disso, jamais duvidaria de algo assim. Só que cuidar de uma criança é mais complicado que isso. Como vocês acham que ela vai crescer com os pais separados?
- Mas não vamos ficar separados para sempre. Vou reconquistar a Luiza e isso é um fato. - sou tão firme que eles nem retrucam. - Liguei só pra avisar mesmo. Não comentem nada com a tia Roberta, eu não sei se a Liza deu a notícia aos pais.
- Eles já sabem. - Isabelle diz de forma natural e todos a olham. - Minha tia me contou, ela queria desabafar e como eu não ia pirar, nem dar uma palestra pro David ela acabou que contou pra mim.
- E o que você acha disso tudo? - pergunto sem conseguir esconder a curiosidade.
- Acho ótimo e lindo. Esse bebê vai mudar a vida de vocês, vai abrir os olhos um do outro e perceberam que o amor que sentem vai só aumentar. Então fica tranqüilo, irmão,  as coisas vão se ajeitar, tudo no seu tempo.
- Obrigada irmã. Pai? Mãe? 
- Não tenho mais nada pra dizer. Estou feliz que vou ganhar mais um netinho. - minha mãe diz sorrindo.
- Vamos estar do seu lado para quando precisar. Parabéns, filho. Nem acredito que vou ser avô mais uma vez.
- Se te consola, eu não tô acreditando que vou ser pai. - falo rindo. - Estou feliz gente, não é como eu queria que fosse. Imaginei algo mais certinho sabe. Eu até pedi ela em casamento.
- Como que é? - minha mãe pergunta e já sei que vem bronca por ai. - Quando foi isso?
- Na manhã do aniversário dela.
- E no mesmo dia em que você não apareceu pra passar a noite de aniversário dela juntos?
- Sim, mãe. Já sei que sou um otário, retardado e babaca. Nada justifica o que eu fiz.
- David, agora eu entendo de verdade e dou até razão pra Luiza ter terminado contigo. O que você fez é absolutamente errado. - Isabelle diz e meus pais concordam.
- Todos vão me julgar agora? Porque não é disso que preciso gente, já tô me sentindo um lixo e ver essa reação de vocês só está piorando a situação.
- Você está certo, agora não adianta falar mais nada.
- Gente, agora preciso desligar. Tenho que dormir cedo porque o treino amanhã começa bem cedo.
Me despeço da minha familia e desligo a chamada do Facetime.
Depois de tomar um banho quente e relaxante me deito na cama e tento dormir. Mas parece que cada posição que fico só piora, sinto saudades de dormir com Luiza e a cada dia que se passa esse sentimento só aumenta.
 

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