Amanhã - Limantha

Olha, eu sou lésbica

Samantha

Não sei como cheguei na casa de Clara, só sei que foi onde eu acordei no dia seguinte. A luz do sol bateu direto na minha cara, aumentando a puta dor de cabeça que eu já estava sentindo.

Eu acho que alguém tinha nos colocado em um uber, porque me lembro vagamente de cantar "Evidências" com minha amiga em algum carro. Isso porque ainda teve o fatídico pt que eu havia dado no banheiro suíte super chique de Clara e recebendo olhares desaprovadores de sua mãe doida.

Puta merda, minha cabeça parecia estar pesando 20 quilos, eu mal conseguia me levantar. Olhei em volta e percebi que Clara não estava deitada a meu lado, como ela normalmente estaria. Tentei sair da cama, mas meu corpo infelizmente não me obedeceu, então tive que ficar por lá mesmo, sentindo minha boca extremamente seca e tentando me lembrar da noite de ontem.

— Bom dia! — A voz de Clara preencheu aquele silêncio que já estava alto demais para mim e minha cabeça latejou.

— Não grita. — Fiquei resmungando enquanto ela me puxava para me sentar a seu lado, me entregando um pouco de água. Me olhei no espelho gigante que ficava ao lado de sua cama (ela é leonina) e constatei que eu havia sido atropelada e depois pisoteada na noite anterior. — Como é possível que você não esteja de ressaca?

— Eu bebo água, meu bem. Eu me previno. Você que ficou surtada, tava misturando todas as bebidas mais pesadas da vida, achei que você estava bebendo etanol com gasolina. — Resmunguei de novo.

— Clara, você trocou a minha roupa? — Eu simplesmente estava só de calcinha e um blusão que sei lá de onde tinha vindo.

— Obviamente. — Dei um gole na minha água com a esperança de que carregasse a ressaca junto. Não carregou.

— E você se aproveitou do meu corpinho? — Ela riu alto e minha têmpora sentiu.

— Não né, Sam. Você que se aproveitou de mim na festa. De mim e de mais algumas. — Olhei meu reflexo com mais atenção e então reparei as marcas roxas em meu pescoço.

— Meu Deus... — Eu disse tocando onde provavelmente eu tinha levado um chupão que eu definitivamente não me lembrava. — Clara, o que eu fiz ontem? Quem eu peguei?

— Meu anjo, quem você não pegou? Essa deveria ser a pergunta. — Maldito absinto. Eu não me lembro de nada. Dei um tapão naquela loira chata para ela parar de fazer hora e me contar logo o que tinha acontecido.

— Ok, ok. Você me deu um beijo. — Concordei. Disso eu lembrava. — Disse que tinha que fazer xixi. — Disso eu lembrava também. — Aí sumiu né, só que mais tarde K1 apareceu dizendo que vocês tinham dado uns amassos lá na varanda. Ela disse algo sobre Nárnia também, mas não entendi muito bem essa parte. — Me lembrei vagamente da morena sentada em mim. E um pirulito.

— Oh. — Fiquei envergonhada.

— Bom, aí você deu um selinho de brincadeirinha na Tina. Me beijou de novo e por fim, imprensou e beijou a Ellen contra a parede. — Meus olhos se arregalaram.

— Eu beijei a Ellen?! — Ela concorda e de repente eu dou uma gargalhada que aumenta a minha própria dor de cabeça. — Garota, eu peguei o Anderson e a Ellen! Eu gabaritei os irmãos. — Levantei o copo de água como se estivesse brindando a mim mesma. — Eu sou uma lenda bissexual. Me inveje sua, bi fajuta.

— Fajuta teu cu, eu te beijei.

— Eu que te beijei. Te puxei pela nuca minha filha. — Digo, com orgulho de minhas próprias habilidades.

— Ah, então agora a memória voltou, meu anjo? — Ignorei a implicação.

— To tendo uns flashes... Eu fui em alguma escada?