Samantha
Ok, eu não estava esperando que Heloísa reagisse assim com o Felipe e nem irei fingir que não adorei. Ela o deixou deitado no chão com a mão no pinto e veio ao meu encontro novamente, pegou a minha mão e me guiou para um local da escola que estivesse mais vazio. Andamos até a quadra onde ela finalmente me soltou. Estava um clima meio estranho depois da nossa pseudo briga no banheiro.
— Oi. — Ela disse, depois de um tempo em silêncio. Eu não consegui conter um riso.
— Me trouxe aqui para falar "oi", Heloísa?
— Não. — Olhou em volta sem graça. — Não gostei de brigar com você.
— Mas a gente sempre brigou.
— É diferente... — Era isso mesmo que eu estava vendo? Heloísa estava fazendo uma voz de chameguinho? Chocada, completamente chocada.
— Como é diferente?
— Que agora eu não quero mais arrastar sua cara no asfalto.
— Que romântica. — Ironizei para tentar esconder o quanto eu estava achando engraçada essa situação.
— Eu só... Me desculpa, por não ter visto seu lado da situação. Eu só fiquei tão chocada e preocupada com a reação deles e eu nem pensei em você e no que você passou todos esses anos e... — A voz dela começou a embargar enquanto seus olhos encheram d'água. Meu Deus, Heloísa Gutierrez estava chorando?
— Ei, ei. — Puxei-a para um abraço para que ela pudesse chorar no meu ombro. Meu Deus, o que está acontecendo? — Eu me exaltei também, você não tem culpa em se preocupar com seu pai e como ele vai reagir...
— Você tinha razão. Ele não vai fazer nada, Samantha. Ele quer fingir que não aconteceu.
— Ah, mas pode deixar que não vai ser isso que vai acontecer.
— Como assim?
— Lica, meu benzinho, — coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha — nem fodendo que vai ficar por isso. Eu tenho pais gays e com vários amigos jornalistas. Seu Edgar tá fodido.
— A gente tá de boa?
— Heloísa, você deu uma joelhada no saco do Felipe. Por mim eu te beijava aqui mesmo.
— Acho melhor não hein! — A voz de MB apareceu do nada. De novo esse menino me empatando, eu não aguento mais. Que vontade de enfiar uma guitarra no cu dele. — Seu Edgar está revirando a escola atrás de você, Liquinha.
— O que ele quer agora? — Perguntei, irritada, involuntariamente segurando a mão dela para mostrar que eu estava ali para ela.
— Isso é jeito de tratar o sogrão, Samanthinha? — Revirei os olhos para MB. Até que ele estava lidando bem com essa situação, quando não sexualizava nós duas. — Sei não, ele estava procurando pela Lica e Tina disse que vocês estariam aqui.
Seguimos de volta para a escola onde estava o pessoal. Gabriel ainda estava conversando com a galera e eu estava apaixonada nele, senti que seríamos melhores amigos de cara e espero que seja mútuo, até porque eu não gosto de gente que não gosta de mim.
— Quer que eu vá com você? — Ela negou.
— Não quero que ele fique de marcação com você, mais do que ele já vai ficar.
— Tenho medo daquele bundão não. — Ela riu da palhaçada e foi de novo para a sala de seu pai. Ela estava destruída, Lica não costumava ficar assim na frente das pessoas, eu me lembro de como Clara falava. Parecia que ela guardava tudo, foram poucas as vezes que se deixou desmontar na frente de outras pessoas.
YOU ARE READING
Amanhã - Limantha
Fiksi PenggemarHeloísa é uma jovem adulta como outra qualquer: viciada em sexo e insatisfeita. Poderia-se imaginar que ser uma artista promissora vivendo em Paris poderia deixar qualquer um feliz. No entanto, alguns erros do passado a assombram, assombram tanto qu...