Principalmente durante o sexo!

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Honestamente eu acordei no dia seguinte achando que tudo aquilo tinha sido um pesadelo dentro de um pesadelo. Como uma continuação de baixíssimo orçamento daquele filme do Leonardo DiCaprio que tem sonho. E um peão. Sei lá, procura aí no Google.

Enfim, não foi um sonho. Acordei com a minha versão mais velha comendo ovos mexidos a meu lado, na cama.

— Bom dia, você está atrasada. Anda, tira essa bunda branca da cama que ainda temos muito o que fazer para você não estragar nossas vidas. — Minha resposta a ela foi um gemido e me esconder debaixo das cobertas. — Ai sinceramente... — Ela deu a volta e me empurrou da cama.

— Você não é um espírito ou coisa assim? — Resmunguei me levantando do chão. — Como que consegue me tocar e tocar as coisas?

— Você tá achando que eu sou um fantasma? — Me olhava como se eu fosse o ser mais burro de toda a Terra e mais alguns 3 planetas. — Eu não estou morta, sua sonsa.

Esfreguei meu rosto tentando arrumar paciência para lidar com aquilo.

— Ok. Ok. — Fitei-a irritada. Ela estava plena deitada de onde eu havia acabado de ser empurrada. — Você vai ficar grudada em mim o tempo inteiro? — Ela riu.

— Mas nem fodendo. Você tem noção de como somos insuportáveis? Não, não. Existem limites, eu não me aguento por muito tempo. Não. Eu vou ficar por perto, às vezes vou sumir, às vezes vou aparecer. Tal qual uma assombração.

— Ótimo. — Debochei.

— Vai tomar um banho que eu sei que você é porca e não tomava banho antes de ir às aulas de manhã. — Eu já ia responder e dizer que não tinha problema porque eu tomava depois, mas ela nem me deixa falar. — Lica, a Samantha gosta de gente cheirosa. Vai logo antes que eu tenha que te empurrar.

Decidi nem contestar. É incrivelmente difícil lidar comigo mesma. Queria que algum psicólogo pudesse me explicar o que estava acontecendo. Seria algum tipo de processo de autoconhecimento forçado? Um intensivo? Porque caralho. Não era possível que eu ficaria uma pessoa tão chata!

Bem, pelo menos eu estava mais bonita. Uma esperança no final desse pesadelo terrível que eu estou vivendo.

Felizmente, todo o processo de me arrumar e ir para a escola foi bem tranquilo. A Lica 26 (vou chamá-la assim, porque ela odeia que eu relembre sua idade) tinha sumido, disse que daria um tour pela casa então eu finalmente pude respirar mais relaxada.

Saí do carro e já estava começando a pensar que Lica 26 tinha sido imaginação, afinal de contas, porque ela já havia sumido por bastante tempo. Não via a hora de contar a Ellen e Tina sobre esse sonho maluco que tive. Passei pela catraca quase voando, procurando as meninas e as encontrei. Sim, sentadas na escada conversando. Com uma terceira pessoa do lado. Eu.

Lica 26 estava lá, plena, com uma jaqueta de couro, sentadinha ao lado de Tina e sorrindo e acenando para mim. Puta que pariu... Respirei fundo e me aproximei delas.

— Caraca, Lica, o que houve? Caiu da cama? — Tina perguntou assustada quando seus olhinhos se fixaram em mim.

— Quê? Por quê? — Será que elas tinham percebido algo de estranho? Comecei a suar frio de novo.

— Sua cara. — Ellen apontou para mim, preocupada. — Parece que foi atropelada umas três vezes. Por um caminhão.

— Realmente, foi... um caminhão. — Olhei para a Heloísa 26 que sorria felizinha para mim. — É que eu dormi muito pouco, gente. Tive um pesadelo, horrível.

Amanhã - LimanthaWhere stories live. Discover now