Caminhava pelas ruas límpidas de Nova York admirando o céu negrume da noite. Uma leve brisa batia em minhas longas madeixas, fazendo os fios se emaranharem suavemente a medida em que eu ia andando até a minha casa. Fitei a pequena bolsa de papel que eu carregava, onde a mesma continha pretzels e rapidamente esbocei um sorriso, ao relembrar de Mellanie, minha melhor amiga, abocanhando os doces em nosso passeio no shopping que ocorrera mais cedo.
"Incrível como essa garota come feito uma manada de elefantes e não engorda.", pensei ainda sorrindo.
Senti meu celular vibrar em minha bolsa e o peguei rapidamente, avistando, em seguida, uma mensagem de Mellanie:
Melly"Adorei o dia de hoje! Na próxima nós vamos no McDonald's, combinado?"
Soltei uma risada um pouco escandalosa no meio da rua. Quem me visse agora, poderia jurar que eu tinha fugido de um hospício. Ainda sorrindo, comecei a digitar apressadamente uma resposta:
"Me lembre de nunca ser dona de um restaurante. Você me deixaria falida!"
Balancei minha cabeça achando graça da situação e guardei o objeto em minha bolsa, voltando a caminhada. O vento, que antes encontrava-se suave, começou a se intensificar violentamente, fazendo meu vestido florido esvoaçar por conta da forte ventania. Um arrepio eletrizante, de súbito, transitou pela minha espinha no mesmo momento em que uma lufada gélida percorreu com força pelo meu rosto.
Aquela... Aquela sensação de novo.
Olhei para os lados freneticamente já aguardando pelo o que me assombrava pelas últimas semanas. A rua, para minha infelicidade, estava vazia. Segurando de maneira bruta a sacola que saculejava, comecei a andar mais rápido enquanto minha respiração encontrava-se aprisionada em minha garganta.
Ele está aqui.
Eu tenho certeza que ele está aqui.
Meus passos se tornaram mais céleres, a medida em que o medo e a sensação daquela presença terrificante começou a tomar conta de mim. Eu poderia alterar o caminho, mas do que adiantaria? Não importa onde eu esteja, ele sempre surge quando essa sensação horripilante se apossa de mim.
Ajeitei a alça da minha bolsa cogitando a ideia de apanhar meu celular novamente, até que, abruptamente, estanquei no lugar.
E lá estava ele.
Meu coração começou a bombear descompassadamente e minha garganta se fechou, impedindo que o oxigênio pudesse realizar sua travessia. As luzes dos postes começaram a piscar, denunciando que a presença dele estava causando aquilo de forma estarrecedora. Uma figura, alta e corpulenta, estava parado no lado oposto da rua. Ele estava trajando, como em todas as vezes em que parece, a sua capa totalmente negra. Um capuz envolvia sua cabeça, impedindo que seu rosto pudesse ser visível.
Não ousei me mexer.
Meus membros estavam inertes ao mesmo tempo em que minhas mãos encontravam-se trêmulas. Pensei em correr, porém, parecia que meu corpo não desejava obedecer aos meus comandos. Mesmo não podendo visualizar seu rosto, eu sentia que ele estava me encarando com um olhar sanguinário. Até que, repentinamente, as luzes dos postes se apagaram por completo e tudo ficou escuro. Meus pelos se eriçaram brutalmente já prevendo o que vinha em seguida.
Fiquei paralisada, com medo. Apenas o som da minha respiração entrecortada e o sonido dos ventos eram audíveis, causando-me uma sensação horrível. Ainda imóvel e com a escuridão me engolindo sem condolências, senti uma presença abominável ao meu lado, como se ele estivesse ali, posicionado exatamente ao lado do meu corpo.
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Impasse - A Filha do Mal
Teen FictionSkyler se vê aturdida em meio a tantos acontecimentos medonhos que passaram a ocorrer, subitamente, em sua vida. Tendo pesadelos inexplicáveis e sendo perseguida, aparentemente, por um homem encapuzado, ela passa a duvidar de sua própria sanidade me...