Capítulo 8: Despedidas

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— Você vai embora?! — indaguei incrédula. — Eu não acredito que o senhor vai viajar outra vez, tio!

— É necessário, Sky. — advertiu. — Uma empresa está interessado em fazer parceria conosco, e meu chefe solicitou a minha presença ao lado dele na reunião que haverá amanhã. Eu queria lhe contar ontem, mas como você parecia cabisbaixa, não quis incomodá-la.

Bufei inconformada.

William trabalha em uma empresa automobilística daqui de Nova York há anos e, como ele é considerado praticamente o "braço direito" do CEO da empresa, ele sempre realizou viagens internacionais para essas tais reuniões. Porém, apesar dessas viagens serem um pouco raras, não deixam de serem chatas e desagradáveis.

O problema é que, sempre quando viaja, William impõe regras insuportáveis para mim, como, por exemplo, não sair para nenhum local quando ele estiver ausente. Isso porque, se ocorrer algo comigo, ele não estará aqui para me amparar. De certa forma, ele está correto nesse aspecto, mas, isso não anula o fato dessas situações sempre me desanimarem. Sem contar que sinto muitíssima falta de meu tio quando ele se afasta.

Ele pode ser chato às vezes, mas é a única família que eu tenho.

— E onde será essa reunião dessa vez? — questionei cruzando os braços.

— Singapura.

— Ótimo. — disse irônica. — Do outro lado do mundo.

William, achando graça do meu comportamento, esboçou um sorriso travesso.

— Não se preocupe, minha querida, eu volto na terça logo de manhã. Não vou demorar, prometo. — ele se aproximou e depositou um beijo em minha testa.

— Nem adianta me beijar. — contestei. — O senhor sabe muito bem que eu odeio essas viagens que você faz.

— Entretanto, você sabe que esse emprego é necessário, Sky. Além do salário ser bom o suficiente para arcar com todos os gastos, parte dele vai para o financiamento da sua futura faculdade, e, você tem o conhecimento disso muito bem.

— Sim, mas eu já disse diversas vezes que não precisa. Eu posso pagar minha faculdade e...

— Sky... — Will me interrompeu, se aproximando e pegando em minhas mãos de maneira terna. — Você é minha filha, se lembra? — suas íris esverdeadas brilharam. — O que eu puder fazer por você, eu farei. Antes de sua mãe partir, ela me fez prometer que cuidaria muito bem de você, e não medirei esforços para que minha menininha tenha uma ótima vida, entendeu?

— Eu sei, mas é que... —abaixei minha cabeça envergonhada. — Às vezes, eu tenho a sensação de que sou uma peso na sua vida. O senhor podia estar casado, com seus filhos biológicos, com outro empre...

— Sky, não diga isso! — me repreendeu. Suas mãos envolveram ainda mais a minha pele. — Eu sou feliz da maneira que sou hoje! E você, mesmo não tendo laço sanguíneo comigo, não deixa de ser minha filha. Eu a amo como seu pai, Skyler, e tenho certeza que Deus me pôs nesse mundo com o único propósito de cuidar de você! — por um momento, podia jurar que seus olhos marejaram. — Não posso ter uma esposa, não posso ter filhos "biológicos", porém, você é minha família, você é minha querida filha, e eu não poderia ser mais feliz como sou hoje, entendeu? E se estou nesse emprego, é para lhe oferecer uma vida que você merece. Eu só quero que você seja feliz, minha querida.

Meu coração aqueceu com sua declaração completamente amorosa. William, realmente, sempre se dispôs a me dar uma vida extremamente confortável e aconchegante. Ele nunca deixou me faltar nada, desde roupas, sapatos... Até carinho, atenção e compreensão, que sempre foram considerados como a chave mais importante entre nossa relação.

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