Capítulo 5: Desentendimentos

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— Não quero que se aproxime dele. — advertiu Nathan. — Skyler, por favor,  jure para mim que não chegará perto daquele garoto.

Franzi a testa, confusa.

— Hã? Por quê?

— Porque ele... — Nathan olhou para o lado parecendo se certificar de que ninguém estava nos escutando. — Porque eu o conheci há um tempo atrás e posso lhe garantir que ele não é uma boa pessoa.

Meu sangue gelou.

Estávamos no corredor enquanto os alunos se dirigiam para o refeitório. As aulas haviam corrido de maneira arrastada e completamente tensa, visto que eu permaneci apreensiva a todo momento com a presença daquele garoto assustador.

Nathan, também, mantinha-se em um estado de inquietação e ele parecia não conseguir concentrar-se nas explicações do professor Jones. Eu sentia meu pescoço queimar demasiadamente no decorrer da aula. Podia jurar que o menino de negro me encarava a todo momento, causando-me calafrios e fazendo o nervosismo se alastrar pelo meu corpo.

Assim que as primeiras aulas se encerraram, ele levantou-se em um rompante e saiu feito um raio do local, jogando-me, antes de se retirar da sala, um olhar frio que fez com que eu me sentisse nua em sua frente. Nathan, com iminência, pediu para que Mellanie nos aguardasse no refeitório e me guiou em seguida até o corredor, com o intuito de conversar comigo.

E cá estamos.

— Vocês se conhecem?! — indaguei atônita. — Mas... De onde vocês se conheceram?

O loiro engoliu em seco.

— Isso não importa. — seu tom de voz endureceu. — O que importa é que eu tenho o conhecimento de que ele é um péssimo ser humano, do que é capaz de cometer atos horríveis com quem se meter em seu caminho.

Meus pensamentos estavam totalmente desalinhados. Primeiramente eu estava achando que aquele garoto era invenção da minha mente, depois ele aparece pessoalmente em minha frente e agora Nathan pede, de forma angustiante, para que eu não me aproxime dele.

Isso está ficando cada vez mais estranho.

— Nathan, o que ele fez? — questionei tensa. — Você tem alguma relação com ele? Ele cometeu alguma atrocidade que fez com que você se sentisse daquela forma na sala? — disparei. — Eu vi que você ficou mal, na verdade, nós dois estávamos.

Um vinco se formou no meio de suas sobrancelhas loiras.

— Você já havia visto ele? — sua postura havia enrijecido. Seus olhos se estreitaram, denunciando sua exacerbada preocupação.

Rapidamente, lembrei-me da figura encapuzada que parecia me perseguir e, em um flash, a imagem do garoto sombrio desaparecendo na rua, surgiu de maneira medonha em meu cérebro.

Eles teriam alguma relação?

Encolhi os ombros.

— Não. — menti, respondendo quase em um sussurro. — Eu fiquei daquela forma porque ele não parava de me olhar e... — respirei fundo. — Confesso que fiquei com um pouco de medo.

— Sky...

Nathan se aproximou e depositou suas mãos macias em cada lado da minha face. Seus olhos cor de mel, que estavam submergidos em desalento, mergulharam no fundo dos meus olhos como nunca antes ele havia feito.

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