Capítulo 10: Nunca Foi Loucura

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Agora, quem estava confusa, era eu.

— "Escudo Espíritual"? — um ponto de interrogação deveria estar flutuando no topo de minha cabeça. — Do que você está falando?!

Sem resposta.

Nathan, ainda aturdido, olhou freneticamente para os lados aparentando-se estar vasculhando a área e, em um rompante, me puxou para dentro de casa, fechando a porta com brutalidade em seguida.

— Arrume suas coisas! — trovejou. — Pegue somente o necessário. Nós vamos partir agora!

O quê?!

— Partir pra onde? Você está louco?!

Ignorando minha pergunta, Nathan, como um animal feroz, começou a fazer uma varredura na casa como um leão farejando por sua presa. Que merda tá acontecendo?!!

— Cadê William!?

— O meu tio está viajando a trabalho. — respondi desnorteada. — Ele p-partiu hoje de manhã.

— O quê?! — bradou sobressaltado. — Ele viajou e te deixou sozinha?!

— Nathan, dá pra você me responder o que tá acontecendo?! — o loiro se manteve em silêncio, enquanto ainda andava a passos pesados por todos os cantos da casa. Seus cabelos estavam desgrenhados, denunciando sua conturbação. — Eu tô falando com você! Era pra eu estar nervosa com o que aconteceu comigo lá em cima, não você!

Nathan estancou seus passos.

— O que aconteceu com você lá em cima? — ele, velozmente, se aproximou de mim.

— B-bem, eu... — encolhi meus ombros.

Contar para Nathan sobre o que ocorreu, significava que eu teria que lhe contar sobre o homem encapuzado. E se ele me achasse uma completa louca? Porém, eu não compreendo o motivo dele ter adotado esse comportamento enlouquecido de forma súbita... Será que ele...?

— Nathan, você... Você sabe sobre aquela figura de negro que anda me perseguindo? É por isso que você está dessa forma?!

Seus olhos se arregalaram tanto que eu jurei que iriam saltar de suas órbitas.

— Então quer dizer que ele... — Nathan, parecendo transtornado, fitou um ponto aleatório, pensativo. Ele levou sua mão até a testa e senti seu corpo trepidar. — Céus, eu tenho que avisar a Celeste!

Celeste?

Eu já havia escutado esse nome...

— Nath, por favor, eu te peço! Me explique o que está acontecendo!

— Eu preciso avisá-la para que mandem mais anjos para protegê-la e...

Anjos?

— Nathan!!!

Nath, assemelhando-se a um furacão, se aproximou ainda mais de mim. Ele colou suas mãos macias em cada lado do meu rosto de maneira afável. Suas íris douradas, que poderiam ser comparadas a pétalas de um girassol, mergulharam nos meus olhos azuis de uma forma arrebatadora, fazendo com que as nossas sensações de tensão se fundissem em uma dança cromatizada e, ao mesmo tempo, traiçoeira.

Por mais que ele demonstrasse carinho através dessa atitude, seu maxilar estava trincado e seu corpo enrijecido, denunciando que algo ruim estava prestes a acontecer.

Isso não é nada bom.

— Eu sei que você ainda deve estar magoada comigo, mas quero que saiba que jamais permitirei que alguém faça mal a você, eu lhe juro. — ele engoliu em seco, parecendo nervoso com o que falaria em seguida. — Eu seria capaz de ir até o inferno por você. Eu seria capaz de dar minha vida por você. Desde o momento em que te vi pela primeira vez, eu... — ele fechou os olhos e respirou fundo. — Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, eu...

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