Capítulo 3

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"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito." - Machado de Assis

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Sinto dores insuportáveis, não vejo direito, minha cabeça dói muito. Vejo uma faca fincada na minha costela e tenho certeza que vou morrer.

- Meu deus, o que houve com você? - sinto meu corpo sendo levantado mas sou incapaz de me mover

Parece que meu corpo vai se desfazer nas mãos dessa pessoa que me segura. Tento forçar meus olhos a ver quem está me tocando. Vejo olhos cor de mel, um cabelo preto liso todo penteado para trás, uma leve barba por fazer, pele branca e mãos grandes. É um homem. Me apavoro. Tento sair de seus braços mas não consigo. Uso as poucas forças que tenho para lutar contra ele, mas começa a jorrar sangue de onde a faca está fincada. Desisto de lutar. É inútil, eu vou morrer mesmo. Sinto meu corpo ser suspenso e tudo fica escuro.

[...]

Ouço o bip daquelas máquinas de hospital, tenho dificuldade para abrir os olhos, meu corpo inteiro dói como se tivesse derrubado um trator em mim. Quando consigo abrir os olhos, vejo um homem de terno e cabelo preto de costas falando no telefone.

- Ela levou minha filha e eu não vou admitir isso, assim que encontrar minha Júlia, eu vou pedir a guarda dela, Lívia é uma desequilibrada.

É o cara que me achou naquele beco. Começo a me debater na cama. Só quero sair daqui.

- ME TIREM DAQUI - eu grito e o homem se vira e desliga o telefone

- Calma, me diz seu nome - o homem fala tentando me segurar

- SAI DE PERTO DE MIM - grito

O homem me segura pelos braços e olho para ele com tanto medo que começo a tremer. Estou em choque, tenho medo dele mas não sei porque...

- Eu sou Marcos Fernandes, eu te achei no beco - ele tenta me lembrar - você estava com marcas no pescoço, rosto inchado, nariz quebrado, e uma faca fincada na costela. Alguém tentou te matar. Só quero te ajudar. Por favor, me diga o seu nome.

Minha garganta está travada. Estou apavorada, mas ele me ajudou então tento dizer algo.

- Meu nome é... - então noto uma coisa muito importante...eu não lembro meu nome. Então olhei para ele assustada - eu não sei meu nome. O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE EU NÃO SEI MEU NOME?

Então tento pensar e notei que não sei nada. Não sei meu nome, nem de onde vim, se eu morava com alguém se estudava ou trabalhava. Eu simplesmente não sei quem sou.

- Ai meu Deus - Marcos exclama soltando meus braços - faz uma força é importante que você lembre.

- EU NÃO SEI - grito. Na verdade não lembro nem da minha aparência, olho para as minhas mãos elas são brancas. Unhas sem esmalte. Será que eu não era vaidosa? - Preciso de um espelho - olho para ele e sinto minhas mãos tremerem pelo medo que sinto

- Vou providenciar um - ele sai do quarto atrás do que eu pedi

Ele usa terno e gravata. Será que é uma pessoa importante? O que ele estava fazendo ali para me encontrar? Milhões de perguntas rondam a minha cabeça. Estou horrorizada com tudo isso. Quero chorar, quero ir embora mas não sei para onde, pois não sei onde eu moro. Quero minha família, porém nem sei se tenho. Quem sou eu afinal de contas? Por que tentaram me matar? Será que eu fiz algo errado? Será que eu era uma pessoa ruim? Eu posso ser casada, ter filhos ou simplesmente não ter ninguém...

A Garota Secreta: Medo AbsolutoOnde histórias criam vida. Descubra agora