Capítulo 17

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"Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve..." - Cecília Meireles

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Senti o sol queimar minha pele então abri os olhos. Olhei para o lado e não vi a Garota, procurei com o olhar. Então a encontrei, ela estava olhando para o céu e sorrindo, pisando descalça na grama de braços abertos. Me escorei em um dos meus cotovelos para admira-la. O vento batia em seus cachos e os faziam voar. Ficamos tanto tempo olhando as estrelas que dormimos ali mesmo.

- Se existe um ser superior, muito obrigada por tudo - ouvi ela dizer

- Posso saber o que esta mulher tão majestosa está fazendo? - fui até ela e a abracei por trás

- Estou agradecendo por ter você - ela se virou e me olhou sorrindo - para você a vida que está tendo agora provavelmente é um inferno. Mas para mim é um paraíso. Eu tenho tudo, tenho uma casa, tenho seu amor, tenho você, só não tenho paz ainda, mas vamos buscar - ela me olhou preocupada - Marcos, se eu não sair viva dessa...

- Não começa com isso - eu a interrompi

- Não, me escuta por favor - ela disse com o olhar baixo - Se eu morrer, não pare sua vida, você vai ter sua filha, então viva feliz com ela e encontre outra mulher que te ame assim como eu amo.

- Eu não quero pensar nisso - eu disse com dor no coração só de imaginar

- Tudo bem, só estou dizendo porque a chance de isso acontecer são altíssimas. Mas eu estou feliz - ela passou a mão em meu rosto sorrindo

- Você é a mulher mais extraordinária que já conheci na minha vida - eu a beijei com ternura - "Grande é a beleza desta menina. Imensa é a beleza desta mulher. Impossível defini-lá em uma palavra qualquer" - recitei

- Não conheço essa citação. De quem é? - ela perguntou

- Não sei, mas me lembro dela - ela sorriu - vamos voltar para o hotel, devem estar nos procurando para nos matar - nós rimos

[...]

- Há 6 dias que ninguém aparece para tentar nos matar. Será que vem chumbo grosso agora? - ela perguntou

- Não sei, mas eles sabem que estamos preparados para acabar com a raça deles - nós rimos enquanto bebíamos nossa taça de Petirrojo Reserva Cabernet Sauvignon na cama. Estávamos nus, tomando um maravilhoso vinho. Era perfeito demais para ser verdade.

- Você não sabe como estou feliz de ter matado Tomáz - ela disse - pelo que me lembro, aquele filho da puta me batia quase todo dia.

- Você não cansa de me agradecer? - nós rimos. A ideia de matar uma pessoa já está se acomodando mais na minha mente e falar das pessoas que matei não me incomoda mais.

- Mas eu só vou ficar feliz quando eu estourar os miolos de Jonas, ele é o cabeça de tudo - ela bebeu um gole de vinho e olhou para o nada - se chegarmos nesse ponto do jogo, quero que você me de a honra de acabar com a raça desse puto.

- Eu com certeza vou te dar esse prazer - nós brindamos trocando sorrisos um para o outro - Sabe teve um dia, que eu fui em um lançamento de um livro da minha editora - pausei minha fala para apreciar o vinho - que um cara escreveu um livro sobre a vida de um cafetão, teve até um bom engajamento. Fico pensando de onde o cara tirou tanta criatividade e olha que loucura, agora estamos sendo perseguidos por um cafetão - dei um outro gole no vinho e olhei para a Garota. Ela estava paralisada olhando para o nada. Sabia que ela estava tendo mais uma lembrança. Pus minha taça no criado mudo e olhei para ela esperando que passasse e ela me contasse o que estava acontecendo. Quando ela olhou para mim estava com uma cara de assustada...

A Garota Secreta: Medo AbsolutoOnde histórias criam vida. Descubra agora