Capítulo 4

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." - Clarice Lispector

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- Vamos lá, Garota. É hora de tirar esse gesso do seu braço - o médico disse e ela sorriu - E como anda a memória? Lembrou de algo para sabermos quem você é? - ele perguntou a ela enquanto tirava o gesso de seu braço

- Lembrei do nome de uma pessoa, mas não faço a menor ideia de quem seja, mas isso foi logo que sai do hospital, se não me engano no mesmo dia até, porém depois disso não lembrei de mais nada e já tem um certo tempo que sai daqui, umas 3 semanas mais ou menos - tentei esconder meu olhar de pena entretanto ela notou e me lançou um olhar triste

- Isso é ótimo - disse Dr. Thomas - significa que você uma hora vai recuperar todas as suas lembranças. Não fique chateada porque não lembra das coisas, seu cérebro sofreu uma agressão, ele precisa de um tempo para se recuperar, dê esse tempo a ele.

- Quero saber do braço dela - eu disse ao vê-lo já sem o gesso

- Sr. Fernandes, o braço dela está bem mas sugiro que ela faça alguma coisa a mais com ele para forçar o movimento e assim fazê-lo voltar ao normal rapidamente

- Ouviu não é, Garota? - olhei em seus olhos ainda duvidosos quanto a minha honestidade

- Sim, ouvi - ela enfim respondeu - vou fazer o possível para melhorar.

- Então vamos fazer alguns exercícios - disse o médico levantando o braço dela. Ela enrugou a testa.

- Acho que ela está com dor? Dói em algum lugar? - Me aproximei dela e ela se afastou - Meu Deus, você ainda não entendeu que não vou fazer nada com você? Eu não entendo porque tem tanto medo de mim, eu só te ajudei...

- Sr. Fernandes, essa mulher passou por um grande trauma, pare de exigir que ela confie cegamente em você, isso vai demorar para acontecer - o médico disse seco me cortando

Me abaixei diante dela até ficar na altura da cadeira que estava sentada e tentei tocar em seu braço de novo. Ela olhou mas não negou minha ajuda.

- Por favor, preciso que confie em mim. Sei que é difícil, afinal você não faz a menor ideia de quem eu sou. Porém durante esse tempo que estou cuidando de você nós conversamos bastante, até rimos um pouco e já te dei provas de que pode confiar. Agora você vai precisar de ajuda para movimentar seu braço que estava quebrado e eu quero ajudar, eu poderia estar trabalhando mas estou aqui. Por favor, coopere - eu disse suavemente

- Tudo bem - ela disse receosa

- Vamos lá então - disse o Dr. Thomas - vamos fazer movimentos circulares leves, como se estivesse fazendo uma omelete ou batendo um bolo só que bem devagar.

- Se você sentir dor você precisa falar, porque se estiver significa que o osso não está no lugar certo - eu disse tentando passar confiança. Quando começamos a movimentar ela parecia avaliar seu membro anteriormente quebrado e sorriu

- Não sinto dor - ela dizia mais para mim do que para Thomas. Sorri por isso.

- Isso é ótimo, continue - Thomas incentivava

[...]

Eu trabalhava em meu computador. Ultimamente tenho feito o possível para não deixar a Garota sozinha então o que posso resolver em casa, faço. O que não dá, tento resolver na editora o mais rápido possível...

- Marcos - ouço a voz dela no corredor. Ao levantar os olhos vejo a Garota me olhando com olhar de "Estou pronta para correr se você der um passo"

A Garota Secreta: Medo AbsolutoOnde histórias criam vida. Descubra agora