Corte de Ventos e Magia

22. Skylar

Rhysand, Feyre, Morrighan e Rhea nos encontram na biblioteca onde tínhamos nos reunido naquela tarde, e entrego a peça roubada para a feérica Hyberniana, então nos dividimos contando o que havia acontecido na ilha e as coisas que Nestha havia dito. É claro que Feyre ficou abalada ao saber o que sua irmã estava fazendo, mas ela tinha tomado sua decisão, e a Grão-Senhora da Corte Norturna já não podia fazer nada para fazê-la mudar de ideia.

Talvez fosse difícil para ela aceitar que a irmã havia mudado de lado, mas estava na hora de tratá-la como a inimiga que era agora. Sentimentalismo não ajudaria em nada. Nestha Archeron tinha deixado claro que já tinha escolhido seu lado nessa guerra. Mesmo assim, as coisas que tinha nos relevado acerca dos planos de Hybern e suas motivações ainda nos era muito útil, principalmente agora que sabíamos que o funcionamento da arma estava ligado a magia que Nestha roubou do Caldeirão. Isso teria sua utilidade, quando chegasse a hora. Logo todos se dispersaram, querendo aproveitar as últimas horas da noite para descansar o máximo que pudessem, já que no dia seguinte Rhea planejava começar a trabalhar com a peça que estava em suas mãos agora.

Com Cassian morando comigo agora, ele me esperava sentado na cama ocupado com relatórios que havia trazido sobre o treinamento das tropas femininas e o avanço da rebelião illyriana a qual eu estava ajudando a lidar nas últimas semanas. Depois de tomar banho e trocar de roupa, ele parecia outra pessoa sentado diante da luz da escrivaninha usando apenas calças de moletom para dormir.

A casa estava surpreendentemente quente com a lareira acesa e eu também não havia me dado o trabalho de colocar roupas adequadas, me contentando apenas com uma camiseta de algodão confortável o bastante para servir de pijama naquela noite. Cassian deixa os papéis sobre a mesa quando saio do banheiro, analisando-me de cima a baixo ao perceber como estava vestida e apenas apoiou as mãos nas minhas pernas quando me sento em seu colo, virada para ele, dobrando minhas pernas ao lado das suas, próximas do quadril. Levei minhas mãos aos seus ombros, aspirando o cheiro de sabão e água que vinha dele, as pontas do cabelo ainda um pouco molhadas do banho recente. Alcanço sua nuca, puxando-o para mim, mas Cassian recuou antes que pudesse beija-lo.

— O que está fazendo comigo?- Ele sussurra. Eu o encaro, piscando os olhos, sem entender.- Por que perde seu tempo comigo quando poderia encontrar alguém bem melhor? Você é a grande Lady illyriana, filha de um dos Lordes Comandantes mais respeitados que já viveu e eu sou... Nada.

Seguro seu queixo, levantando seu rosto e o forçando a me olhar. Mantenho os olhos nos seus, nenhuma sombra de dúvida em mim sobre o que eu diria.

— Não fale bobagens.- Eu o encaro firmemente, uma das minhas mãos ainda em seu ombro enquanto deslizo meus dedos de sua mandíbula até as maçãs do rosto, acariciando a pele áspera pela barba rala e bronzeada de anos debaixo do sol.- Não preciso de outras pessoas. Escolhi você porquê te amo e porque é meu parceiro, não me importo se você é um Grão-Senhor ou um bastardo. É melhor do que qualquer nobre que já conheci, e devia entender isso de uma vez.

— Você merece algo melhor do que um bastardo sem títulos.

— Não me diga o que eu mereço ou não.- Avisei, inclinando-me para mais perto. Apesar de sentir sua resistência, sinto-o apertar os dedos na minha cintura.- Nunca amei ninguém por causa de seus títulos, sequer considero isso relevante. Pare de se depreciar, você é muito mais do que qualquer um daqueles merdas illyrianos que te fizeram se sentir assim.

Cassian suspira audivelmente, puxando-me para um abraço, descendo o rosto em meu ombro. Sinto sua respiração em meu pescoço e deslizo minhas mãos em suas costas, pressionando os músculos rígidos. Ele estava prestes a chorar e não precisava entrar na sua mente para saber o motivo. Me incomodava vê-lo dessa maneira.