23. Cassian

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Ficamos quase uma semana sem qualquer informação relevante sobre o paradeiro de Elain ou o Rei de Hybern. Concordava com Skylar quanto à possibilidade de que onde um estivesse, o outro também estaria. O sequestro era mesmo algo que devíamos nos focar, mas os ataques nas outras Cortes continuavam, e eu havia acompanhado Skylar em várias cidades enquanto ela conversava com os sobreviventes civis e anotava tudo que tinham visto e ouvido durante os ataques, tentando montar um mapa e uma história que fizesse sentido, mas a lógica por trás de seus métodos era algo que eu nunca entenderia. Tudo que sabia é que ela tinha muito mais chance de descobrir o que Hybern planejava e qual seria a próxima cidade do que eu jamais sonharia.

Lucien voltou para Velaris dias depois de ter nos deixado, e sabia que tinha informações importantes quando nos reuniu na biblioteca da casa nova para avisar sobre uma carta de Tamlin endereçada a Beron, seu pai. Não tinha certeza se a havia encontrado na Corte Outonal e Primaveril, mas algo me dizia que o jovem Lucien ainda preferia ter de enfrentar o antigo amigo acabado em sua mansão do que ter de lidar com o pai outra vez. De certa forma, eu o entendia, mas nunca admitiria isso.

Durante a reunião, Lucien tinha nos contado sobre as tropas Hybernianas que Beron vinha fornecendo abrigo na Corte Outonal. O raposinha não tinha provas, não podia roubar a carta, apesar de tê-la lido, pelo menos era o que alegara. Podia ser mentira dele, mas fazia sentido que a Outonal estivesse ao lado de Hybern, e também explicava porque aquela Corte ainda não havia sido atacada e porque era tão fácil para eles ter acesso às cidades de Prythian mais bem protegidas. Podia ser uma armadilha, Elain podia não estar lá, mas era uma oportunidade que não podíamos deixar passar. Os soldados de Hybern estavam tão perto, afinal.

Iríamos para a Corte Outonal, com armadilha ou não.

Sem ajuda dos feéricos, Rhysand convocou mais uma vez os Percursores da Escuridão e Skylar cobrou os acordos que tinha nas terras illyrianas. Foi com o sol alto no céu que as tropas se mantiveram escondidas nas florestas de flores vermelhas e laranjas da Outonal, esperando pela ação. Não começaríamos um ataque em outra Corte se não soubéssemos exatamente que era necessário, pois aquilo era um ato de guerra. Uma permissão para fazerem o mesmo.

Junto de Feyre, eu e Skylar a escoltaríamos através do castelo onde já havia estado um ano atrás, com Lucien. Manteríamos a retaguarda e a qualquer sinal de perigo, tiraria as duas daqui, com Elain ou não. Sei que Skylar me estapearia por isso, mas não deixaria minha parceira e minha Grã-Senhora correrem riscos assim. As tropas lá fora eram nossa garantia quando Beron descobrisse que não tinha mais Elain como prisioneira. Pelo menos assim esperava.

Com a porta lateral aberta com magia, seguimos as instruções de Lucien para nos localizarmos em uma propriedade tão enorme. De todos os Grão-Senhores, era provável que Beron tivesse a maior das casas. Me impressionava tamanha imponência em uma Corte com tão pouca diversidade de alimentos. Beron devia extorquir seu povo ao ponto da exaustão para manter algo como aquilo. Seus 7 filhos deviam ter vários quartos para cada um, a julgar pela série interminável de corredores pelos quais passei. E, apesar de minhas desconfianças, aquela raposa ardilosa estava certo em dizer que a biblioteca era um bom palpite. Em um andar alto e totalmente isolada, não era fácil encontra-lá, para quem não vivia naquele labirinto. Ouvi sons de vozes conforme me aproximava, e eu reconheci imediatamente aquele choro contido e baixo que só podia vir da irmã de Feyre.

Ela avançou para a porta, determinada a recuperar a irmã, sem se importar com as consequências.

— Feyre, não!- Skylar sussurrou, segurando seu braço antes que fosse tarde demais. Com tantas armas penduradas na sua armadura negra, era um milagre que conseguisse se mover com tanta agilidade.- Sem uma estratégia, só vai piorar ainda mais a situação.

Corte de Ventos e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora