20. Skylar

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Pouso sobre o anel de treinamento na casa de Velaris apoiando minhas mãos no chão à frente do corpo e dobrando bem os joelhos para diminuir o impacto da queda. Conforme me levanto, retraio minhas asas até fazê-las sumir com magia.

— Ouvi dizer que queria uma revanche, Az.- É como o cumprimento naquela manhã, tirando minha espada das costas quando me aproximo dele, ignorando a cena de Cassian tentando ensinar a fêmea da Crepuscular a usar as lâminas.

— Me fez ter trabalho com os dois lunáticos da última vez que esteve aqui.- Azriel responde sorrindo.- Me deve essa.

— Muito bem, então. Terá sua luta.- Preparo minha posição de defesa, estendendo a espada prateada entre nós.- Só não espere que eu pegue leve com você.

— Nunca.

Dou um passo à frente com o primeiro golpe, não lhe dando a chance de pensar em como me atacar primeiro. Azriel, no entanto, é rápido o bastante para bloquear o ataque com a lateral da lâmina. Nada que eu não esperasse, de qualquer forma. Azriel lutava com cautela, mas eu era estratégica, sabia que não devia deixar que ele previsse meus próximos passos. O som do metal se chocando é tudo que ouço em seguida, e esqueço do que acontece ao redor enquanto me concentro na luta. Quando noto que Azriel se distrai ao ouvir a feérica da Crepuscular cair, aproveito a oportunidade para girar a lâmina ao redor da sua. O golpe o desarma e a espada voa para longe quando puxo a lâmina para trás. No mesmo momento, levanto a perna, chutando seu estômago. Ele cai de costas e eu levanto as mãos no ar em comemoração, já sabendo que a luta acabou. Quando vejo Feyre aplaudindo e rindo na porta do terraço, faço uma rápida dancinha da vitória e rio quando me viro para Azriel, vendo-o de barriga no chão.

— Venha, eu te ajudo.- Estendo minha mão direita, me oferecendo para ajudá-lo a se levantar.

Azriel me olha com raiva, e tenta puxar meu tornozelo para me fazer cair, mas pulo antes que sua mão me alcance.

— Que ingrato!- assobio, mas dessa vez ele aceita a mão estendida e se levanta apoiado nos joelhos.

— Você mereceu.- Azriel admite.- Boa luta.

Apertamos as mãos em cumprimento, e saio do campo de treinamento ao ouvir Feyre me chamar. Busco a jarra de água sobre a mesa, embainhando a espada no boldrié amarrado no ombro.

— Azriel não é fácil de derrotar.- Ela aponta.- Como aprendeu a lutar daquele jeito?

Sorrio.

— O segredo é sempre estar um passo à frente de seus adversários.- Explico depois de alguns goles de água.- Quanto mais você souber sobre a outra pessoa, mais fácil é entender seu estilo de luta, então será capaz de prever seus próximos passos.

— Bom, espero que me ensine essa estratégia um dia.

— É mais fácil do que parece.- Dou de ombros, me lembrando das incontáveis vezes em que minha estratégia foi a única coisa que pôde salvar minha vida. Sim, era bom que todos soubessem se defender da mesma maneira.

Foi quando estava ocupada demais olhando para o outro lado que chegaram até mim. Vinham contra o vento, de maneira que não pudesse ouvi-los nem senti-los. Gritei entredentes quando uma mão pesada e fria tapou minha boca, mas não conseguiram me levar para muito longe, considerando que não estava facilitando nem um pouco. Fiquei com ainda mais raiva quando vi que era um dos machos que mais odiava que estava parado na minha frente, a rua sem saída onde estávamos completamente vazia. O sol brilhava no céu, mas ninguém passaria por ali tão cedo. Agir como uma vítima não ia me tirar daquela situação.

— Você!- Exclamei, os dois amigos de Torun mantinham meus braços aprisionados de tal maneira que não podia me mexer, um de cada lado.- O que quer comigo?

Corte de Ventos e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora