16. Skylar

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Voltamos para Velaris logo após o almoço, aproveitando para voar graças ao sol em seu ápice, embora pouco fizesse para aquecer aquelas terras no meio do inverno. Se Cassian fosse abrir as asas poucas horas depois do meio-dia, no entanto, o frio seria o suficiente para machuca-lo. Eu tinha certa resistência, felizmente.

Quando só havia a floresta abaixo de nós, Cassian me pegou em seus braços, levando-nos para os galhos altos de uma árvore em um mergulho de suas enormes asas, abrindo-as completamente para aparar a queda assim que ultrapassamos a copa da floresta. Eu sabia o que ele estava sentindo, entendia sua necessidade latente por mim e também sentia o mesmo. Estava sendo difícil de controlar e eu sabia que tudo era culpa da parceria recente. Se não tivéssemos uma guerra para impedir, eu bem que talvez não saísse daquela mansão pela próxima semana, talvez nem poucos dias fossem o suficiente. Mesmo assim, ria de sua pressa ao entrelaçar minhas pernas em sua cintura, me pressionando contra o tronco do pinheiro atrás de nós. Tive medo de ter espantado os animais da floresta e me peguei gemendo baixo em seu ouvido, com as mãos entrelaçadas em seus ombros, mesmo sabendo que a possibilidade das ninfas da natureza já terem levantado àquela hora era mínima, criaturas noturnas que eram.

Por sorte, vi Azriel e Rhysand se enfrentando no anel de treinamento quando sobrevoamos Velaris e dobrei as asas, mudando a rota. Cassian me seguiu ao entender o que eu estava fazendo. Pousei diante dos dois illyrianos, sumindo com as minhas asas para protegê-las das temperaturas logo que Cassian se pôs ao meu lado.

Notei a surpresa nos dois quando me juntei a eles. Não sabia se sentiam o cheiro entre mim e Cassian, mas era nítido que o illyriano não estava nada feliz perto de outros machos. Isso me dava ideias, várias ideias.

— Azriel, como pode se chamar de Mestre Espião e não saber que eu vinha atrás de você?- Sorri, abrindo os braços para um abraço enquanto caminhava até ele.- Achou que iria fugir de mim por mais quanto tempo?

Ele riu, aceitando o gesto de afeto, embora não o fizesse com frequência. Azriel me levantou no ar, tirando meus pés do chão enquanto me rodava com ele. Me soltou e continuou rindo quando passei a mão em meu cabelo bagunçado por causa do vento.

— Eu seria um idiota se pensasse que podia fugir de você.- Az respondeu com um sorriso raro, mas genuíno.- É sua especialidade, Investigadora.

Cassian bateu os pés até nós, as mãos fechadas em punho com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Rhys notou a inquietação e dividindo um olhar entre nós, entendeu a situação. Não precisavam palavras para que entendesse que me ajudaria quando se voltou para Cassian, embora o Comandante estivesse imóvel, encarando os dois amigos de infância com fúria.

— Cassian, por que esse silêncio?- Rhys alcançou a mesa de espadas de treinamento, puxando a mais pesada delas com a mão livre.- Sem piadas dessa vez? Nenhuma gracinha? O que foi, Skylar cortou sua língua?

Avistei Morrighan e Feyre na porta da casa. Elas riam disfarçadamente, embora me segurasse para não fazer o mesmo. Sorri para elas, sinalizando com os dedos para que me dessem mais um minuto para apreciar a cena mais de perto.

— Cala a boca, idiota.- Cassian rosnou.

— Diga-me, Sky, não foi do seu agrado?- Rhysand continuava provocando.- Que tipo de feitiço fez nele para deixá-lo tão quieto? Estou procurando por um há 500 anos.

Dou risada quando Cassian marcha atrás de Rhys, mas ele se afastou do soco com facilidade, rindo. Azriel se colocou entre eles, então, tentando deixar a situação um pouco mais controlada. Duvidava que conseguiria.

— Se vão lutar, então façam direito.- Az sugeriu, roubando a segunda espada das mãos de Rhysand.- Parem de se xingar feito criancinhas e façam algo de útil, dois molengas.

Corte de Ventos e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora