"Nunca botei fé no amor ou em milagres.
Nunca quis pôr meu coração em jogo,
mas nadar no seu mundo é algo espiritual"
Locked Out Heaven, Bruno Mars.
Fonte: Cuy.
Enquanto dava a cerimônia religiosa da noite de domingo, Jongin notou que o rosto de Kyungsoo estava sarando. O padre já estava há cinquenta e cinco minutos compartilhando um sermão sobre o amor ao próximo, esperando que aqueles meninos, Chen, Tao e Suho aprendessem alguma coisa e não voltassem a agredir ninguém. Era a missa mais longa que já tinha dado até agora, porém, a julgar pelo fato de que nenhum dos agressores tinha se aproximado para comungar, o sacerdote pensou que havia valido a pena.
Ao finalizar a cerimônia, a mãe de Kyungsoo procurou Siwon para lhe comunicar o quanto estava feliz em casa devido ao trabalho que Jongin estava realizando em seu filho. Fazia pouco tempo que Kyungsoo tinha sido assaltado e ferido, mas isso não tinha nada a ver com as condutas inapropriadas que ele tinha demonstrado ter no passado. Jongin aproveitou que a atenção estava focada em seu colega e se retirou do escritório para tirar a casula verde ficando apenas de calça preta e camisa branca de manga comprida, um rosário pendia de seu pescoço. Kyungsoo entrou sem bater na porta.
— Wow! Sem o disfarce de clérigo, você também é bonito. Isso significa que na verdade, você é atraente e não se trata só do meu fetiche — disparou com um atrevido sorriso.
— Louco abençoado! O que você vai me dizer agora? Não vai pedir que eu coloque a casula de novo? — respondeu Jongin erguendo as mãos com suas palmas unidas como em uma súplica ao céu. Kyungsoo franziu seu cenho.
— Urgh! Você pode até estar vestido como um homem pagão, mas você sempre fala como um santo.
— Qual santo? Qual santo? Se os santos fossem como eu, a doutrina católica já teria deixado de existir há muito tempo.
Kyungsoo riu antes de se aproximar de Jongin com a confiança de saber que dessa vez não seria rejeitado.
— Não sei se você é um santo ou não, mas por você, Jongin, eu me ajoelharia — disse antes de segurar o sagrado rosário que pendia do pescoço do sacerdote e puxá-lo em um gesto dominante que obrigou o mais alto a inclinar-se para poder beijá-lo. O clérigo estava prestes a abraçá-lo com todas as suas forças porque Kyungsoo havia começado a deslizar a sua língua mais profundo em sua boca e isso deixava-o louco, porém, ouviu quando bateram na porta e em menos de um segundo os dois estavam há quase três metros de distância.
— Entre! — o sacerdote apressou-se em responder.
O coroinha de dez anos de idade, entrou carregando — mal podendo — um cesto cheio de moedas. Kyungsoo o encarava muito atento.
— Eu trouxe as ofertas da missa, o padre Siwon disse que você é quem guarda...
Jongin colocou o cesto sobre a mesa.
— Obrigado, Gary, você foi muito amável em trazê-las.
— Eu já vou para minha casa, padre — anunciou com inocência.
— Vai com Deus, meu filho — respondeu atento, fazendo o sinal da cruz sobre sua testa. — Você é um bom menino, Gary, você bate na porta antes de entrar, não é como outros...
Jongin fechou a porta atrás de Gary.
— Então quer dizer que eu sou um menino mau? — perguntou Kyungsoo sentando-se na cadeira grande daquele escritório. — Me castigue, padre.
— Kyungsoo — suspirou —, o que eu vou fazer com você? — Jongin sentou-se na cadeira pequena e observou como seu acompanhante abandonava o assento à sua frente para ajoelhar-se perante ele, recostando a cabeça em seu colo.
— Eu tenho várias ideias do que você poderia fazer comigo...
— Ainda tem gente lá fora... — sussurrou.
— Então depois eu volto quando não tiver mais ninguém.
— Não me refiro a isso, o que eu quero dizer é que... Bom, agora o que é o que você pretende fazer?
Kyungsoo se levantou e dirigiu-se até a porta.
— Eu posso te contar à meia-noite. Não tranque a porta da igreja, Jongin — disse antes de ir embora.
Ele não iria, claro que não, com certeza não iria encontrar-se com Kyungsoo na igreja como se aquele lugar santo fosse uma casa de encontros. Definitivamente, esse homem estava louco. Jongin amava-o muito, porém não podia deixar-se levar tão fácil. Não. Essa era a sua decisão. Não ir. Não. Não e não.
À meia-noite, Jongin entrou cuidadosamente como se fosse um ladrão procurando por Kyungsoo por toda a igreja.
— Por aqui — sussurrou o mais baixo, próximo ao confessionário. — Essa caixa me trás boas lembranças.
Jongin lembrou como eles tinham se comido a beijos ali dentro. Kyungsoo o abraçou.
— Estou feliz por você ter vindo... de noite, a igreja é assustadora... Sinto que o diabo me espreita.
Jongin fez o sinal da cruz, as palavras do jovem o deixaram arrepiado... ou talvez fosse o sentimento de culpa começando a atormentá-lo em forma de sombras demoníacas.
— Deus nos acompanhe.
— É melhor ninguém nos acompanhar, não quero público para o que vou fazer agora.
— Kyungsoo! Sinceramente, eu já notei que você peca mais com as palavras do que com os seus atos e é demais dizer se considerarmos quais são os seus atos.
O jovem riu divertido. Jongin quase imitou o gesto, tentando não pensar no quanto ele gostava desse som. Em seguida, seguindo as ordens do jovem, o padre esperou em um banco próximo ao confessionário enquanto Kyungsoo estava trancado nessa espécie de caixa onde tantos pecados tinham sido ouvidos e presenciados, também.
— "Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados". — pronunciou o sacerdote em um sussurro as palavras do Salmo 51 que agora tanto serviam. — "Purifica-me de todas as minhas maldades e lava-me do meu pecado".
Quando Kyungsoo saiu do confessionário, estava vestindo o traje de um dos coroinhas. Jongin não conseguiu abrir a boca mais do que já estava aberta.
Não é como se ele se surpreendesse com como essa roupa ficou... Não é como se ele ficasse chocado com a falta de vergonha de Kyungsoo para usá-la... Não é por essa situação ser louca demais... Não é como se no fundo, Jongin sentisse mais atração por esse coroinha do que por qualquer outra coisa no mundo... É por causa de tudo, junto ao olhar falsamente tímido de Kyungsoo que baixava seus olhinhos e que com esse gesto sugerisse um convite...
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PecaminoSoo - Religare I [Tradução PT-BR]
ФанфикKim Jongin respondeu ao chamado da fé, e é por isso que agora ele é um sacerdote cristão apostólico recém-saído do seminário. Depois da sua segunda missa na província na qual foi chamado para servir, ele recebe o pedido de uma de suas paroquianas: "...