4|Eric

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Ela me deixava nervoso. Não sabia o que fazer. Tentei ser sarcástico como de costume, mas pelo visto, ela está odiando.

Fracassando como marido.

— Não exagera.

— Quero ir pra casa.

— Você ainda não comeu - falo baixinho e ela me encara séria.

— Tá legal. Eu como - dá de ombros e continua a atacar o seu prato bem devagar.

Ela foi comendo algumas de suas batatas coradas e deixou a carne de lado.

— Toma - ela me estende uma batata com o garfo e eu me inclino para pegar com a boca. Ela pôs na minha boca e mastigo voltando a me ajeitar na cadeira.

— Obrigado - limpo minha boca com o guardanapo.

— Vou ter problemas com você. Muito bipolar.

— Desculpa.

-Para de se desculpar. Não fez nada de errado. Só está ajudando seu pai, só isso. Eu entendo.

— Só isso? - arqueo uma sobrancelha.

— É. Quer dizer... Não vamos nos apaixonar um pelo outro por que casamos por conta de negócios. É só fingir pra todos esse casamento e tudo vai dar certo. Diante as mídias nos amamos, e em casa fingimos a existência um do outro.

— Entendi - desvio nossos olhares.

— Vou falar para o meu pai que aceitei isso tudo, e vamos encenar na frente dele. Está bem?

— Como assim? - não entendo nada que ela fala.

— Ele só vai me deixar em paz quando tiver uma prova que estamos se dando bem.

— Não estamos? - ela dá de ombros.

— Para ele, significa que teremos que ter uma relação mais aprofundada. Tipo toques, beijo, abraços, essa viadagem toda que esses casais fazem e me deixa enojada.

— Você quer que eu te beije, abrace...

— Não se empolga. É como um plano - a encaro e cerro os olhos na mesma — Não vou fugir de seus braços, ô Romeu.

— Por favor, não faça merda. Minha vida está em jogo, Laís.

— Tá legal. Prometo não fazer besteiras. Agora podemos ir? - ela se levanta.

Confirmo o pagamento da conta e seguimos até a casa da mesma. Ela sai do carro disparada e entro junto com ela.

— Cheguei - ela grita pela sala de estar enorme. Bem maior do que lá de casa.

— Que bom que chegou - O Sr.Moreira nos cumprimenta — Como foi? Se deram bem?

— B-bem, senho-or - Laís me encara.

— Foi tudo bem, papai. Não tem com o que se preocupar - se apressa em falar.

— Devo me preocupar meu rapaz? - pergunta em minha direção.

— Não senhor, tudo bem - nego qualquer desentendimento.

— Espero que não tenho dado problemas.

— Não é por nada não... - rio nasal — Mas... - Laís me cala dando um selinho.

— Ele adora piadinhas. Parece com o senhor, papai.

— Bom saber que estão se entendendo. Já vou indo - ele se retira.

— Quer ferrar com tudo? - fala nervosa.

— Não era pra você dizer fuder com tudo? - brinco.

— Todo dia vai ser uma briga diferente - ela bagunça seu cabelo — Já pode ir.

— Nem recebo um beijinho de boa noite, vossa elegância?

— Esquece, Eric.

— Você me beijou primeiro.

— Pra calar essa boca que só abre pra dizer merda.

— Tá bom, justo. Mas não vai me dar um beijinho? Eu mereço um beijinho por ter me comportado bem.

— Vai embora, porco - ela me empurra até a porta.

— Amanhã, va... - ela fecha a porta na minha cara.

Vou até o carro que está a minha espera com Élio e não troco uma palavra sequer com ele. Vou o caminho inteiro pensando naquela desgraça de Laís que insiste em ficar na minha cabeça me fazendo se apaixonar ainda mais por ela.

[...]

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PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora