Capítulo 3

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Ross


Acordar em outro sítio sem ser na sua casa, no seu conforto, no seu quarto é, definitivamente, estranho.

Claro que estou habituada a dormir em hotéis de topo. Desde sempre que em viagens da minha família estava incluído um hotel luxuoso, um sítio onde as famílias elite iam passar férias.

Mas, neste momento, estar a viver num hotel pelo fim de um relacionamento tóxico não é algo agradável. Poderei dizer, talvez, deprimente.

Estas semanas, mais precisamente três, tentei controlar-me ao máximo, mais a nível mental.

Tento manter a minha postura no trabalho, ninguém ainda sabe do fim do meu relacionamento com Hendrick Bullevard, nem as pessoas mais próximas.

Estou mais preocupada com o meu pai. Sei que ele não ficará feliz em saber. Saber que o seu negócio de anos chegou ao fim, não seria uma boa notícia para ele. Que sou um peso morto na sua empresa, que sou uma desilusão para a família...

Quanto a Hendrick, não tenho falado com ele, e nem pretendo.

Notificação: "Bom dia Georgia, a sua reunião irá começar às oito horas. Não se atrase."

Observo o ecrã brilhando nas minhas mãos, enquanto me maquilhava com a outra.

Merda.

Não estou conseguindo lidar com toda essa carga horária, sozinha.

Acabo de passar o rímel nos meus cílios, pego na minha mala e saio do quarto.

Vou preenchendo alguns emails enquanto caminho rapidamente pelos corredores.

- Bom dia menina Georgia. - Henry estava segurando a porta da minha Mercedes vermelha, com um sorriso que aquece corações.

- Bom dia Henry. - Sorriu e sento-me. A viagem é curta mas agradável, para variar um pouco. Henry é das poucas pessoas que me fazem sorrir genuinamente hoje em dia.

Chegamos no meu local de trabalho, o carro para e saio do mesmo. Alguns olhares pairavam sobre mim. Eu já deveria de estar habituada a esse tipo de olhares mas, cada dia que passa, após a minha separação com o canalha, sinto que me olham com desaprovação; Volto a citar que ainda ninguém sabe de nada. Mas, para mim, a notícia saiu hoje nas notícias e toda a gente já sabe da verdade. Para ser sincera, isso me deixa com ansiedade. Mais uma coisa que não consigo lidar.

Entro dentro do elevador e, por fim, posso respirar.

- Bom dia Gia! - Me assusto com a animação de Kenneth. Tinha me esquecido que o elevador já tinha parado e que o meu sossego chegou ao fim.

- Bom dia. - Digo.

- A reunião será na sala de conferências. Irá começar dentro de cinco minutos.

- Tudo bem, vou preparar as minhas coisas. Espera um pouco. - Abro a porta do meu escritório e fecho-a atrás de mim.

Respiro e expiro, com alguma força.

Nem acredito que isto voltou, ainda por cima agora.

Procuro, desesperada, pelos comprimidos. Engulo dois de seguida.

- Georgia, dois minutos. - Kenneth avisa.

Pego em todos os papéis que preciso para falar com os meus futuros clientes.

- Está tudo bem? - O meu melhor amigo pergunta, preocupado. - Eu posso mandar alguém da direção ir, se quiser.

- Relaxa, não é nada de mais. - Andamos até chegarmos na maior sala do edifício (tirando o auditório). Abro as portas duplas e vou para o meu lugar. O principal.

Above UsOnde histórias criam vida. Descubra agora