Capítulo 5

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Incorp


Oiço pessoas falando lá fora.

Os meus olhos vão abrindo lentamente, enquanto se adaptam à luz do dia.

Nem acredito que dormi no escritório. Levanto-me de forma a me sentar no sofá, esfrego os olhos e observo o local.

Em cima da minha secretária estavam dezenas de pilhas de papéis, já assinados ou aprovados para seguirem para os outros departamentos.

De 10.000 emails, tenho 6.085.

Ontem me esmerei de mais e isso fez com que ficasse com exaustão, já para não falar do meu ataque de ansiedade. Outra vez.

Mas ataques de ansiedade são passageiros, nunca os tive e não os posso ter, não com o estilo de vida que levo. Não me posso dar ao luxo de descansar, tenho trabalho a fazer e uma empresa sobre os ombros.

Saio do sofá e vou até ao meu banheiro privado e tomo uma ducha rápida. Visto um conjunto que deixo sempre no escritório em caso de precisar do mesmo.

- Senhorita Georgia? - Oiço a voz de Kenneth do outro lado da porta.

- Um momento. - Prendo o meu cabelo no topo da cabeça e passo um lip gloss. - Pode entrar.

- Bom dia linda, dormiu bem?

- Sim. - Minto para não o preocupar.

- Ainda bem. Tratou da papelada que estava em cima da sua mesa?

- Tudinho.

- Uau. Jurava que ainda faltava algo. - Kennie pega nos dossiês e coloca outros em cima da mesa. - Sinto muito mas tem aqui mais trabalho. Precisa de alguma coisa?

- Café.

- Trago já de seguida.

Observo a vista londrina. O tempo estava bem nublado, um dia comum aqui em Londres.

O trânsito estava de loucos, e as pessoas corriam de um lado para o outro.

Sento-me na minha poltrona e abro um dos dossiês, começando a trabalhar.

Sinto que sempre que acabo o meu trabalho e penso que estou livre, sempre vem outra carga e não consigo me ver livre disso.

Não consigo ter paz.

Porém, eu amo o que eu faço e não consigo me imaginar noutro sitio sem ser aqui, nesta mesma poltrona, trabalhando horas e horas a fio.

- Aqui tem. - Kenneth me entrega uma xícara de café. - Ah, o estagiário chegará em breve. Quer vir comigo ou prefere ficar aqui?

- Eu tenho muita coisa a fazer, não posso largar tudo isso. E eu já tinha dito que será você a contratá-lo.

- Muito bem, estou de saída então. Se precisar de algo, me chame.

- Obrigada Kenneth.

Acabo o primeiro dossiê e me dedico a planear algumas futuras construções que ainda estavam pendentes desde a semana passada. Ligo inclusivamente ao banco da cidade para tentar resolver o problema que Hendrick criou, mas a funcionária disse que eu precisava de falar com o próprio pessoalmente para poder resolver o assunto. Não me vou rebaixar a esse ponto. Espero não ter de o fazer.

Recebo uma ligação inesperada da minha psicóloga, doutora Anna Gilbert, melhor amiga da minha mãe.

- Bom dia Georgia, daqui é a doutora Anna. - A sua voz era a mais doce e calma que eu ouvira desde pequena, um amor de pessoa que me apoiou e ajudou em todas as minhas fases.

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