Capítulo 12

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"Bullevard e Hammack apresentaram os papéis de divórcio hoje. Após a comparência da madame Georgia aos Estados Unidos, para cumprir com a sua visita beneficiária na gala de Laurance Brumontt, Hendrick Bullevard sentiu-se traído pela sua ex-esposa, esperando que a mesma se reconciliasse com o mesmo após a sua chegada a Londres, algo que não aconteceu." - Sinto o meu sangue fervilhar, atirando o celular contra a parede. Os pequenos vidros se espalham pela sala de estar.

O meu nome, junto com o do filho da puta, estavam em todos os jornais, sites de fofocas, nas conversas das pessoas que nos eram íntimas e de desconhecidos.
Como é que a vagabunda da Georgia Hammack decidiu se divorcio do lindo e trabalhador Hendrick Bullevard? Que despautério!

Estas duas semanas, após o meu regresso a Londres, tem sido um caos.
Não só pelo facto de ter repórteres à porta de minha casa todo o santo dia, ter de aguentar os olhares ameaçadores e presunçosos de Bullevard na empresa ou de não ter conseguido falar com Nathan nos últimos tempos. Com toda a confusão gerada entre "o novo trisal Londrino", Ross decidiu tirar umas pequenas férias para assimilar tudo.

Eu continuo ressentida com ele, mas não sei como reagiria ser assediada o tempo todo com perguntas alheias de repórteres, olhares julgadores no espaço de trabalho ou, até mesmo, ser obrigada a ficar longe de quem amo.

Oh, afinal eu sei o que isso tudo é. É o meu prato do dia.

Mas vivenciar tudo isso de uma só vez é demasiado avassalador e entendo o afastamento de Nathan.

Sentada no chão, segurando uma taça de vinho Château Haut-Brion, enrolada numa manta, de pijama há três dias, enquanto tenho a face inchada de tanto chorar, me vejo vivendo um loop diário.

Será que as pessoas não conseguem enxergar a realidade de toda a situação?

Eu não sou uma vádia. Eu não traí o meu marido com inúmeros homens desconhecidos. Eu não sou uma incompetente. Eu não sou o caralho do brinquedo de todo o mundo.

Eu sou apenas uma mulher vitima de todo um patriarcado machista e sem escrúpulos. 

Mas a mídia nunca me irá retratar de tal forma.

Desde a minha adolescência que sou retratada como uma menininha mimada. Nem mesmo quando alcancei todos os rankings da Hammack Enterprise. Nem mesmo quando decidi me casar com o amor da minha vida e fui alvo de violência doméstica por anos.

E eles sabiam, oh sem eles sabiam... Mas, manchar o nome do Hendrick? Aquele que enche os bolsos a todos esses sanguessugas? Jamais.

Mesmo quando tive de me maquilhar tão intensamente para esconder qualquer traço de agressão, eles me conotaram como "rosto falso", "demasiado artificial", "zero naturalidade", "falta de auto-estima".

Será que eu fiz tudo tão bem, que nunca ninguém desconfiou?

Nem mesmo quando eu estava grávida de oito meses, e de repente perdi o bebé?

Descobri a minha primeira gravidez aos vinte anos.

Me lembro de estar a sair de uma reunião empresarial com a Atlantis Continent, quando senti o meu primeiro enjoo. Walsh estava ao meu lado quando me ajudou a caminhar até ao banheiro mais próximo, onde eu vomitei tudo o que tinha comido no dia. Ele me ajudou a limpar a minha boca, com lenços humedecidos.

"- Quer que eu chame o 112?" - A sua cara de aflição fez com que a minha palpitação aumentasse.

"- Não, eu estou bem. Foi só um mal estar". - Me levantei do chão do banheiro, passei a cara por água e segui com o meu dia como se aquele momento não tivesse acontecido.

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