Chapter ten

315 27 2
                                    


Estava sobre a varanda do quarto observando a escuridão infinita dos céus, e tentando decifrar os ruídos abafados que entregavam alguma movimentação nas proximidades dos bosques.
Apesar de sentir o imenso vazio e estar ali sozinha e sem esperanças, em frente de uma varanda, consegui olhar através de mim mesma, e me sentia feliz. Me sentia feliz por ainda saber que conseguiria sentir algo que não fosse negativo ou indiferente, saber que meu coração ainda vivia, apesar do amargo gosto que a decepção amorosa derramava sobre meu corpo.
Escuto a porta se abrir e passos entrando no cômodo com a familiaridade de sempre. Não me dou o trabalho de virar-me para confirmar a presença do príncipe na entrada do quarto, apenas continuo ali com as mãos apoiadas sobre o parapeito quente como a brisa.
    ⁃    Não precisava ter me esperado. - falou Cal entre o farfalhar de roupas sendo tiradas e deixadas em algum canto.
    ⁃    Não consegui dormir... - me virei por fim apontando com os olhos a cama desfeita. - decidi pegar um ar e acabei me perdendo no tempo.
Voltei minha atenção para a varanda lembrando da cena que havia dispersado minha atenção, Maven se esgueirando pelas sombras com um dos criados até desaparecem e virarem zumbidos e voltarem muito tempo depois. Ainda se escondendo.
    ⁃    Esta tudo bem ? - perguntou Tiberias me abraçando por trás com suas mãos pousadas em minha cintura e a cabeça descansando no meu ombro direito.
    ⁃    Sim, só o instinto de desconfiança...
    ⁃    O que viu ? - perguntou Cal preocupado.
    ⁃    Nada demais acredito, só fiquei.... curiosa. - respondi sua pergunta e me acomodei mais sobre seu peito nu.
    ⁃    Fiquei com saudades. - sussurrou ele roçando a lateral do meu pescoço com o nariz.
    ⁃    Você ficou fora só por algumas horas. - retruco virando o meu rosto tentando o encarar.
    ⁃    Quando amamos muito alguém temos o costume de ficar com saudades mesmo pouco tempo longe! - explicou ele dando logo depois um beijo em minha orelha. - estou em suas mãos, sou seu, querida.
Suas palavras sopradas em meu ouvido com languidez me fazem virar e acariciar seu rosto com as pontas dos dedos.
    ⁃    Sou sua! - falo para depois unir meus lábios nos dele.

          O dia amanheceu cedo para mim, minha mãe estaria saindo para archeon para trabalhar a questão da guarda escarlate e investigar o que estaria acontecendo e quem poderia estar no comando

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O dia amanheceu cedo para mim, minha mãe estaria saindo para archeon para trabalhar a questão da guarda escarlate e investigar o que estaria acontecendo e quem poderia estar no comando. Então tive que acordar cedo o bastante para me despedir da figura autoritária que uma mãe tem quando quer mostrar que está no comando.
Amarantha sempre foi a mãe que eu nunca poderia ter imaginado e pedido para qualquer um dos deuses que ela se deixa acreditar, foi forte por mim quando precisei de um pai e deu conta desta função com perfeição.
Por toda a minha vida, minha mãe sempre fora a mais sensível, forte e maravilhosa das mães. Sempre parecia saber do que eu precisava, exatamente quando precisava – fosse uma palavra gentil, uma leve cutucada ou até mesmo uma tremenda bronca, mas agora nesse momento amarantha olhava para mim, impotente, como se não soubesse o que dizer pela primeira vez na vida.
    ⁃    Mãe? Você... você esta bem ? - perguntei apreensiva.
    ⁃    Sim, sim. Não se preocupe! - ela repetiu as palavras na tentativa de acreditar nelas. - Só se cuide! A muitas coisas acontecendo por aqui e me preocupo com você.
    ⁃    Mãe! O que está acontecendo? - a olho tentando descobrir o que ela estava tentando falar.
    ⁃    Nada que deveria se preocupar no momento, mas por favor Calliope, aguce seus sentidos e permaneça com um pé atrás com qualquer um que esteja aqui, por favor! - suas mãos apertaram meus ombros esperando minha confirmação.
    ⁃    Quem?
    ⁃    Você não precisa saber disso ainda. Só me prometa, Calliope! Não vou conseguir fazer o que preciso em archeon se estiver me preocupando com você.
    ⁃    Eu prometo. Mas por favor me diga de quem você desconfia! - implorei pela última vez.
    ⁃    Maven,mas não posso afirmar com certeza, são só coisas que acabei ouvindo, não quero que pense que estou ficando louca!
    ⁃    Mamãe! Nunca.... - balanço minha cabeça em negativa a sua fala me lembrando da cena que vi na noite anterior com Maven e tudo parecia fazer mais sentido que antes. - Se cuide, por favor!
    ⁃    Sempre, querida! - falou minha mãe e se despediu uma última vez com um abraço. - Não faça nenhuma besteira!
- Bom... estive pensando em pintar o cabelo... - falo rindo tentando aliviar sua tensão.
- Só se for como o meu! - ela sinalizou para os seus cabelos prateados rindo - Te amo, querida!
    ⁃    Também te amo, mamãe! - respondi para em seguida a vê-la partir, e mais tarde saber que suas palavras inquietariam meu sono pelas próximas noites.

Força e PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora