Força e Poder

Chapter eighteen

         Há algo dentro do meu uniforme de couro que está me irritando profundamente. Alguma  linha solta, uma costura mal feita, ou qualquer outra coisa que não era para estar acontecendo pinica profundamente a pele do meu pescoço até os ombros. Cerro meus dentes, apertando a mandíbula tentando segurar a vontade levar as mãos para dentro do traje e coçar a área irritada.
           Percebo Cal ao meu lado com a mesma expressão no rosto, não porque tenha algo pinicando no seu corpo mas sim porque o rei está a sua frente lhe dando ordens de não sair com sua legião para lakeland.
           Quando o sol por fim chegou aos céus, um sentinela bateu em minha porta avisando que o rei Tiberias solicitava a presença do príncipe e de sua noiva. Quando enfim colocamos nossos uniformes e chegamos ao escritório do rei uma enxurrada de informações foram jogadas sobre nós.
         Primeiro, os rebeldes haviam fugido, essa informação fez o príncipe soltar um grunhido.
          Segundo, ainda iríamos fazer todo aquele teatro no barco para voltar a capital.
          Terceiro, cal estava proibido de partir com sua legião, o que o fez explodir em um misto de raiva e murmúrios sem nexo algum.
          Ele sai da sala como um furacão em sua armadura de metal vermelha, me despeço do rei e o sigo a passos rápidos pelo corredor.
    ⁃    Não fique assim, você vai achar alguma coisa pra fazer. - falo a ele que apenas me lança um olhar mortal. - Minha legião está investigando o ataque de ontem, se quiser se juntar a nós, você é bem vindo.
    ⁃    Não é a mesma coisa... - ele murmura ainda irritado.
    ⁃    Quer que eu te passe uma lista para os preparos do casamento ? Você se daria bem provando bolos e organizando lugares. - falo rindo gloriosamente podendo enfim esfregar a área irritada com minhas unhas.
         O tecido de couro se molda enquanto minha mão tateia o seu interior procurando o que estava me irritando. Diferente dos trajes típicos que os soldados usavam de metal, eu preferia o couro, ele era muito mais leve e bem mais flexível do que placas de metal. A couraça era a única parte mais pesada - e a mais vital - é uma placa de um metal grosso o suficiente para proteger meu tronco de qualquer golpe.
          Paramos no meio do corredor ao encontrar Maven e Mareena.
        ⁃    pesadelos meu irmão ? - o Calore mais novo pergunta, sua voz soa... preocupada ?
          Cal não acha a pergunta digna para sua resposta e apenas permanece parado no corredor.
    ⁃    Vai partir com sua legião ? - a vermelha pergunta.
    ⁃    A Legião das Sombras não vai a lugar nenhum. Meu pai não permite. É perigoso demais e sou valioso demais. - o príncipe herdeiro reclama, parecendo um garotinho emburrado.
    ⁃    Você sabe que ele tem razão — comenta Maven ao pôr a mão no ombro do irmão para acalmá-lo. - Você é o herdeiro — seu irmão acrescenta. — Ele não pode arriscar perder você também.
    ⁃    Sou um soldado — rebate Cal, desvencilhando-se do toque do irmão. — Não posso ficar sentado enquanto os outros lutam por mim. Não vou fazer isso.
         Não me meto na conversa dos irmãos, assim como mareena. Me apoio em uma parede observando a cena fraterna. Tiberias vibrava de raiva, enquanto ele torcia para ir para as trincheiras e extravasar toda a ira que guardou do ataque de ontem, eu torcia para que minha fúria fosse o suficiente para me ajudar a achar os responsáveis junto com a minha legião.
    ⁃    Encontre outra causa. Construa outra moto, dobre o treinamento, faça exercícios com seus homens, prepare seu casamento. Cal, você pode fazer milhares de outras coisas, e nenhuma delas termina com você morrendo em alguma trincheira! — Maven diz com os olhos fixos no irmão.
Depois de uma pausa, Maven abre um sorriso e tenta deixar o ambiente mais leve antes de concluir.
       -  Aposto que Callie não se importará em achar uma distração para você! - maven brinca.
       - Passo... - respondo rindo e vejo Tiberias bufar.
    ⁃    Você não muda nunca, Cal. Não consegue ficar parado.
Depois de um instante de silêncio, Cal abre um sorriso tênue e declara:
    ⁃    Nunca.
    ⁃    Bonita armadura... - mare murmura alguns segundos depois. - Vai ficar bem na sua coleção.
              O Calore parece ofendido, confuso até, mas rapidamente se recupera. Seu sorriso desaparece e é substituído por uma cara fechada. Dá um tapa na própria armadura cor de vinho, orgulhoso com seu traje.
    ⁃    Foi presente de Ptolemus. Parece que eu e o amigo da minha noiva compartilhamos a mesma causa.
          Seguro a risada prestes a explodir pela minha boca, "amigo da minha noiva" ele queria me provocar ou estava apenas tentando fazer graça da situação ? Como se isso fosse me deixar mal ou algo assim.
        Maven se concentra na armadura.
    ⁃    O que você quer dizer?
    ⁃    Ptolemus comanda a guarda da capital. Se eu e minha legião nos unirmos a ele, podemos fazer algo útil, mesmo na cidade.
    ⁃    O que exatamente? — a vermelha pergunta.
    ⁃    Sou um bom caçador. Ele é um bom matador.
       Depois dessas palavras, Cal dá um passo para trás, caminhando até mim para depois nos afastarmos de seu irmão e de mare. Andamos pelo corredor, se esgueirando não só até o fim dele, mas começando também uma tarefa nova, que passaria por um caminho difícil e sinuoso até encontrarmos todos os rebeldes.
    ⁃    Nós  cortaremos a Guarda Escarlate pela raiz. Acabaremos com a rebelião de uma vez por todas. - Cal declara por fim antes de sumirmos da vista deles.