Capítulo 009

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Ludmilla PDV

Eu estava vivendo uma verdadeira tortura por dois motivos. Por uma infantilidade minha tinha machucado a minha coluna e agora a Brunna estava dando uma de enfermeira cuidando de mim, porém não cansava de me dar algumas patadas. Ela tinha passado alguns dias aqui em casa para ajudar a cuidar de mim, todos agradeceram pela melhora do meu humor e realmente até mesmo ela estando com raiva de mim a sua presença me deixava animada.

O problema era que a Brunna estava realmente sendo apenas a minha enfermeira, cuidava de mim e se eu tentava alguma coisa acabava recebendo a droga de uma patada. Eu dou praticamente duas da Bru mais tinha um medo daquela magrela que só deus na causa, minha terapia estava sendo ótima e eu finalmente consegui ver alguns pontos que eu precisava melhorar se ainda quisesse ao menos tentar reconquistar a minha esposa novamente. O meu celular começou a tocar, vi que era o Bibiu e atendi rapidamente. Estávamos com o problema que uma das nossas bailarinas tinha sofrido um acidente e quebrado a perna, agora estávamos com uma bailarina a menos e isso complicava tudo.

Ludmilla: Oi Bibiu – falei ao atender
Bibiu: Oi Patroa – ele falou animado, era um bom sinal – acho que consegui a nossa nova dançarina
Ludmilla: você acha que ela vai aprender tudo e pegar o ritmo das meninas? – perguntei preocupada
Bibiu: eu não tenho dúvidas que ela é a melhor para a vaga – contínuo animado – tem como vim aqui?
Ludmilla: eu chego ai em uns vinte minutos

Me despedi do Bibiu e desliguei o meu celular o colocando em cima da minha cama para ir até o closet em busca de uma roupa confortável para poder dançar já que o médico tinha me liberado e a dor na coluna tinha sido apenas um susto. Avisei a Nete que iria sair mais provavelmente voltaria ainda para o almoço, me despedi dela e fui para a garagem em busca do meu carro. O caminho até a escola de dança foi tranquilo, estacionou meu carro na vaga ao lado do carro da Brunna e entrei no local cumprimentando os funcionários.

Sempre fui completamente apaixonada pela dança e depois da Brunna fiquei ainda mais encantada, por isso depois de uma conversa com a minha esposa e o meu contador. Acabamos tendo a ideia de abrir uma academia de dança com vários estilos músicas e tudo que acontecia por ali tinha que passar primeiro por mim e pela minha Bru. A Bru acabou deixando uma sala apenas para os ensaios do meu ballet e agradeci demais por ela ter pensado nisso já que eu tinha me esquecido completamente. As paredes do local eram cheias de fotos da Bru em shows, das meninas do ballet e claro que minhas também. Aquele lugar era muito foda, finalmente cheguei a sala de ensaio e a abri a porta rapidamente o que me causou um susto

Ludmilla: Brunna

Foi a única coisa que saiu da minha boca em meio a um sussurro e olhava fixamente na direção do centro da sala onde a Brunna estava fazendo a coreografia de uma música do meu novo cd. O Bibiu ficava apenas olhando todo animado, fiquei uns minutos confusa e me aproximei de Bibiu. Era como se eu tivesse voltado a anos atrás quando tinha a visto pela primeira vez em uma situação parecida, o jeito que o seu corpo se movia era ainda mais alucinante e fiquei apenas a admirando.

Bibiu: a baba está escorrendo, chefinha – falou debochado
Ludmilla: me zoa de novo e eu te demito

Falei em um tom sério o que acabou assustando o meu coreografo, dei um sorriso na direção dele e voltei a prestar atenção na minha Brunna que dançava como se não tivesse ninguém naquela sala apenas ela. Pedi ao Bibiu para trocar a música que estava tocando, tirei o casaco de moletom que estava usando, o joguei no chão e caminhei na direção da Brunna que me olhava totalmente confusa. Os toques de Bom começaram a tocar, Brunna respirou fundo e começou a fazer a coreografia sendo seguida por mim.

Fazíamos a coreografia como a anos atrás quando éramos namoradas já assumidas, eu fingia está com o meu microfone em mãos e dublava enquanto dançávamos. Chegou a parte que eu mais queria, estirei a minha mão na direção dela, ela pegou na minha mão e a puxei na minha direção fazendo ela ficar seria, Bru deitou o corpo para trás, a puxei e quando eu fui dar o selinho nela de sempre acabei apenas beijando a bochecha já que ela tinha virado o rosto. Suspirei, continuamos a dançar até o final da música e fomos aplaudidas por Bibiu

Bibiu: já posso contratar a nossa nova bailarina? – perguntou me olhando
Ludmilla: pode – falei olhando para Brunna
Bibiu: você vai aceitar voltar, né? – perguntou olhando pra Brunna
Brunna: vou fazer isso por você – ela sorriu abraçando o Bibiu

Suspirei olhando o Bibiu comemorar a volta de Brunna para o lugar de onde ela nunca devia ter saído, peguei o meu casaco no chão e sai da sala para ir tomar uma agua. Ter a Brunna no meu ballet seria uma das maiores tentações da minha vida e tudo me fazia lembrar como quando nos conhecemos. Será que era o destino querendo nos dar a chance de começarmos o nosso relacionamento do zero?

Brunna: Ludmilla – ela me chamou
Ludmilla: Oi Bru – sorri a olhando
Brunna: será que pode ir deixar o Théo hoje a noite lá em casa? – perguntou me olhando – tenho alguns compromissos agora
Ludmilla: OK – falei a olhando – vai ser bom ter você no ballet novamente
Brunna: dançar me faz bem

Foi a única coisa que ela falou antes de sair apressada, eu apenas suspirei e passei a mão pelo meu rosto. Estava cansada demais de tudo que tinha acontecido nesse último mês, a falta de ter a Brunna carinhosa era grande e a cada dia eu sentia que tinha perdido mais a minha Bru. Quando abaixei a cabeça notei algo caído no chão, peguei e tive vontade de rir ao ver que era carteira de motorista da Bru. Mais estabanada não tinha nesse mundo. Corri na direção da saída a procura dela e parei no exato momento em que vi ela conversando animadamente com o Cayo próximo ao carro dela.

O que diabos significava aquilo? A Brunna sempre me falou que não conversava mais com ele, porém agora ela era uma mulher "separada" e poderia muito bem ter mudado de opinião sobre um ex namorado. Respirei fundo para tentar buscar toda a minha calma, caminhei até onde eles estavam e parei em frente a eles.

Ludmilla: você deixou isso cair – falei estirando a habilitação na direção dela
Brunna: obrigada

A Brunna falou surpresa pegando a habilitação da minha mão, olhei os dois e sai dali calmamente depois de ter dado tchau. Entrei novamente na escola de dança totalmente calada, fui até a sala de ensaios onde tinha deixado a chave do meu carro. A peguei e sai dali sem me despedir de ninguém, o carro da Brunna não estava mais no estacionamento e tentei não pensar onde ela poderia ter ido com o Cayo.

Tomei um longo gole da minha cerveja enquanto olhava para a casa onde o Cayo morava e parecia ser muito bem organizada por ele. Tinha um pequeno jardim da frente, os murros eram baixos e um portão de ferro que deixava tudo visível por ali. Ouvi o barulho de uma moto vindo, bebi todo o liquido e joguei a garrafa no banco do passageiro. A moto parou em frente à casa do Cayo, ele desceu provavelmente para abrir o portão e aquele era o momento.

Ludmilla: Cayo 

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