"Terreno perigoso"

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" [...] Eu sei que não vai ser fácil, mas chegou a hora de me despedir. Estarei sempre com você no meu pensamento e coração.

Não guardo rancores, apenas memórias de tempos melhores, e desejo que você seja imensamente feliz.

Cosima Niehaus."


Ao terminar de ler a carta, Delphine estava sentada na poltrona, não lembrava em que momento havia feito isso.  Só percebeu que chorava, quando uma lagrima caiu na carta que ainda estava em suas mãos. Seu coração estava apertado, um nó na garganta se formava e sua cabeça ainda estava trabalhando para processar tudo que acabará de ler.

"Eu preciso saber o que tinha nas outras cartas" pensou alguns instantes depois


- Onde esta Paul? - Perguntou levantando-se e enxugando as lagrimas do rosto com as costas das mãos.

- Ele saiu, disse que precisava voltar a escola - Disse a mãe olhando para a filha. Não sabia o que a filha estava pensando, nem ao menos sabia o que a filha acabara de ler. 

- Preciso falar com ele - virou as costas saindo do comodo, em passos rápidos foi em direção a sala, sendo seguida pela mãe

- O que vai fazer Delphine? 

- Preciso falar com ela - Respondeu indo em direção ao portão - Eles conversaram, talvez Paul saiba onde ela mora

- Delphine volte aqui - pediu a mãe em voz alta

- NÃO TENTE ME IMPEDIR - olhou para a mãe e andou em sua direção - VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO - mostrou a carta que ainda segurava

- Eu só estava tentando te polpar filha - tentou se aproximar, mas a filha deu um passo em recuo - Pense bem no que ira fazer, a vida seguiu Delphine, você esta bem, ela esta bem. Deixe as coisas assim - aconselhou de forma suave  

- Durante todos esses anos - começou entre dentes - eu pensei que não significava nada pra ela, quem nem ao menos sentia faltada de nossa amizade - Suspirou pesadamente olhando para o papel em sua mão - Eu preciso saber o que ela mandou antes dessa carta.


***

No sofá da sala, agora já limpa e organizada, Cosima escutava a filha conversar com Alison por chamada de vídeo. Charlotte falava animadamente com a tia, que parecia ainda mais animada que a menina. Cosima olhava em direção ao tabuleiro de xadrez, que agora já estava em seu devido lugar, encima da mesinha de centro, onde sempre esteve na antiga casa. Ao fundo sua mente captava algumas palavra que a filha dizia. Mas de fato não prestava realmente atenção. Sua mente estava cansada, depois do dia longo que teve, e secretamente agradecia pelo dia estar chegando ao fim. Assim ao menos poderia descansar um pouco em sua confortável cama.

- ...E quando deu umas 10 da manhã, eles chegaram e começaram a jogar - Dizia para a tia - E de repente eu fiquei ali, olhando para ele, e tipo assim, ele é tão lindo - suspirou

- Você esta ouvindo isso Cosima? - Alison gritou do outro lado da tela - Sua filha já esta apaixonada

- HEY, não estou apaixonada, apenas disse que ele é bonito - Tentou se explicar e olhou para a mãe, que parecia estar em qualquer lugar, menos ali - Acho que mamãe não esta bem - Charlotte disse olhando novamente para Alison.

- Por que Char? - perguntou do outro lado da tela.

- Ela esta o dia todo assim, quieta. Chegamos em casa, ela começou arrumar tudo e só parou quando terminou - Mostrou certa preocupação com a mãe, que sempre era tão animada e naquele dia esteve quieta demais, longe demais.

Um silêncio que dizia tudo Onde histórias criam vida. Descubra agora