Um silêncio que dizia tudo

Sentimento Congelado

"[...]

- Ela meio que estava dormindo. "

Por um instante Alison continuou paralisada, olhando para Cosima, que mastigava tranquilamente, mas logo soltou uma riso sarcástico antes de dizer:

- Você é impressionante Niehaus, bem a tua cara fazer uma coisa dessas

Cosima continuou sua tarefa em comer tranquilamente, enquanto Charlotte a observava, tentando ler a falta de expressões da mãe. Diferente da tia, a menina sabia que tinha alguma coisa incomodando a mãe, mesmo que ela não demonstrasse. Suavizando sua postura perguntou:

- Do que você  tem medo mãe?

Cosima olhou para a filha e antes de responder tomou um pouco do seu suco

- Sua mãe é enrolada mesmo Charlotte - Alison tomou a frente meio exasperada - Faz quase 20 anos que ela ama essa mulher e nunca disse isso a ela

- Delphine sempre foi inconstante - Respondeu a pergunta da filha ignorando a amiga 

- Inconstante? Pelo amor de Deus né Cosima, isso não é motivo 

- Na verdade pode ser um motivo - Charlotte disse tranquilamente olhando para a tia, que suspirou revirando os olhos, voltando a atenção para a mãe continuou - Por que você a acha inconstante?

Cosima arrumou os óculos no rosto, cruzando as pernas. Charlotte não conhecia da história delas, pois antes de chegarem ali, nunca tinha falado de Delphine para a filha.

- Quando eramos jovens..

- Lá vamos nós - Alison a interrompeu novamente - Vocês não tem mais 15 anos Niehaus

- Tia, é fundamental compreender e digerir determinadas situações que podem estar bloqueando nosso ir em frente. 

- Vocês duas se merecem mesmo - Alison suspirou derrotada voltando a comer sua pizza, enquanto Cosima arqueou as sobrancelhas para a observação que a filha fez, sabendo exatamente oque ela queria dizer. 

- Continue - Charlotte disse tranquilamente, também voltando a comer a pizza, porém atenta ao que a mãe diria.

- Bem... Como eu ia dizer, quando jovens, eramos muito apegadas uma a outra, em um determinado dia eu acabei descobrindo, por terceiros e sem querer, que Delphine tinha um namorado, ou algo assim. Eu já gostava dela e meio que fiquei, digamos assim, triste com isso - Fez uma pausa olhando para a filha antes de continuar - e nesse dia ela me deu uma carta, dizendo que ele não significava nada pra ela

- Mas? - Charlotte perguntou

- Mas, que sua mãe sempre foi tapada e não entendeu o que Delphine quis dizer - Alison nunca conseguia ficar quieta

- Eu fiquei sim meio confusa, mas não é ai que eu quero chegar - Disse arrumando os óculos novamente no rosto - Depois que ela me deu aquela carta, nós dançamos uma musica juntas e no meio disso, eu me dei conta que ela também gostava de mim

- Que musica milagrosa foi essa? - Alison ironizou

- Não foi a musica, foi o momento,  como nós nos olhamos, foi uma troca silenciosa de sentimentos

- Isso parece bem romântico - Charlotte disse sorrindo, mas percebendo que a mãe continuou impassível, tratou de voltar a ficar em silêncio, queria saber onde isso tudo chegaria e já bastava a tia em ficar interrompendo a história

- Naquele mesmo dia, eu fui numa festa a noite e Delphine estava lá, beijando esse mesmo menino que ela falou que não significava nada pra ela, depois disso nós nos distanciamos