Com amor, Cosima.

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Ao entardecer daquela tarde de sábado, quando o ônibus estacionou na rodoviária daquela grande cidade, tudo que se passou na cabeça de Cosima foi: Segurança.

Não que ela estivesse com medo. Na verdade, ela sabia que já não poderia mais se dar a este direito. Entretanto, a noite estava chegando, e seu primeiro pensamento foi ir, de fato, ao hotel que Fred havia lhe dado instruções para ir. Porém, a jovem pensou mais a diante. 

Tinha ciência de que ficar em hotéis saia caro, e por mais que Fred tenha lhe dado todo o dinheiro que tinha em mãos, ela começou a pensar em uma forma de fazer com que aquele dinheiro durasse o máximo de tempo possível. Após dar uma rápida passada no balcão de informações da rodoviária, uma senhora com aparência entediada lhe deu instruções de uma pousada barata, que ficava a duas quadras dali.

A noite pareceu mais longa do que o normal, olhando para o teto sujo daquele lugar, a madrugada avançava de forma lenta. Sua mente esteva cansada, mas não conseguia adormecer, ainda sentia um desconforto no tronco do corpo e só lembrou que não havia comido nada no dia anterior, quanto seu estômago protestou ao amanhecer.

Sentada em uma mesinha em uma lanchonete de pequeno porte, Cosima olhava ao redor, enquanto esperava seu café e seu misto quente serem preparados. As pessoas pareciam agitadas, andavam apressadas para todos os lados, como se todas estivessem atrasadas. Os motoristas dos carros, pareciam impacientes com o transito que não fluía, enquanto os motociclistas passavam apressados entre os carros.

- Aqui esta - A jovem garçonete a despertou de suas observações.

- Obrigada - Agradeceu olhando para seu pedido na mesa, e ao perceber que a moça continuava ali, desviou os olhos para cima. 

- Parece cansada - Observou a garçonete - Noite difícil?

Arrumando os óculos no rosto, Cosima ficou alguns instantes pensando no que dizer. Sabia que agora deveria tentar ser mais comunicativa com as pessoas, não poderia simplesmente não falar com ninguém, sozinha ali naquele lugar sem conhecer absolutamente nada, teria que deixar suas inseguranças e timidez de lado, e se esforçar um pouco mais.

- Não consegui dormir muito bem - Sorriu ao dizer

A jovem garçonete apenas afirmou com a cabeça e virou as costas

- Moça - Chamou antes da garçonete sair

- Sim 

Cosima pigarreou arrumando-se na cadeira antes de perguntar:

- Você conhece algum lugar...digo...uma quitinete barata para alugar? 

A garçonete ficou alguns segundos avaliando a pergunta, enquanto olhava atentamente para o rosto de Cosima, que já começava a se arrepender por ter feito a pergunta.

- Qual sua idade? - Perguntou a jovem, avaliando Cosima - dezesseis, dezessete talvez? - Arriscou 

- Por ai - Disse pegando a xícara de café a levando até os lábios, sentindo-se aliviada por sua aparência não ser de uma menina de quatorze anos.

No momento em que engoliu o liquido, sentiu uma ardência em seu estomago, porém, manteve-se impassível, ouvindo atentamente as instruções que a menina lhe dava, de como chegar em um lugar que ela havia visto uma placa de "Aluga-se" 

A principio, a senhora dona da quitinete, mostrou-se relutante em alugar o lugar para Cosima. Diferente da jovem garçonete, a mulher sabia que ela tinha menos idade do que aparentava, no entanto quando Cosima se prontificou a pagar três meses de alugueis adiantado, a senhora acabou cedendo, ao que parecia o lugar estava a muito tempo vazio.

Um silêncio que dizia tudo Onde histórias criam vida. Descubra agora