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Giulia

Estava no hospital para acompanhar a Gio. Fazia uma semana que ela estava no hospital.

O quadro dela não tinha nenhuma movimentação e estado não melhorava nem piorava. Isso deixava todos desanimados.

Até agora ninguém entendeu muito bem o que aconteceu, já que Eduardo não contou muito sobre a aquele dia, mas a minha paciência estava no limite e minha curiosidade já tinha passado do limite.

Nos dividimos para não deixar Gio sem acompanhate então durante a manhã a mãe dela fica, já que ela tem o poder de fazer seus horários. A tarde ficam algumas meninas e a noite as que não ficaram a tarde. A gente decidiu não castigar os meninos pelo fato dos treinos mas eles acabavam vindo de algum jeito, sempre.

Eduardo e Cláudio  (pai da Gio) tiveram uma briga no primeiro dia que foi apartada por Clarice (mãe da Gio) com o argumento de "Se vocês não respeitarem meu estado de choque e o estado de merda que a minha filha está eu vou picar os dois e mandar no strognoff e nas alaminutas dos meus restaurantes!".

Dito isso os dois calaram a boca e Clarice cruzou os braços emburrada. Sim, Giordana tem por quem puxar.

Depois disso os dias no hospital vem sendo os mesmos. O pai da Gio pressionando os médicos pra ter notícia e não tendo muito retorno, a mãe da Gio muito brava com tudo mas sem chorar na frente de ninguém, só saindo com os olhos vermelhos do quarto da filha. Vitória e Matheus mal se encaram e Vitória fazendo de tudo pra não cruzar com Matheus. Ela não quis nos contar porquê. Llyanna, Gabi e eu em estado de pleno e puro choque. Os meninos do mesmo jeito, mas disfarçando.

Agora eu estava saindo da aula junto com Llyanna. Ela não tinha passado maquiagem nenhuma, como sempre faz, e também não havia penteado o cabelo, apenas o prendido em um coque, eu estava igual.

Os professores nos perguntaram se tudo estava bem e nós concordamos. A verdade é que nem sabemos se Gio vai melhorar e se é certo criarmos esperança, então estamos numa fase pré -luto.

Vitória riu da nossa cara e nos mandou pensar positivo, mas não é fácil, né.

A última vez que acompanhei elas em um hospital fiquei 3 dias, não uma semana.

- Será que é certo ficarmos nesse negativismo? - Llyanna perguntou me olhando.

- Claro que não. - Dei de ombros antes de continuar. - Mas eu sou negativa até quando eu sou positiva então não faz diferença. - Completei e ouvi a menina rir, logo acompanhei.

- Vamos falar de coisas boas... - Ela me olhou maliciosa e eu revirei os olhos.

- A minha vida é um desastre, nada de bom acontece com ela. - Disse simples.

- Então o Pyerre é algo ruim? - Ela pergunta enquanto adentravamos a área de alimentação da faculdade. Eu concordei.

- Mas é claro, você já viu homem fazer bem a alguém? - Digo óbvia e ela rir concordando.

- Homem, não, só pica! - Arregalei os olhos com a fala dela e ri mais ainda.

- Verdade.

- Mas você não negou que está com o Pyerre, isso significa que a relação já passou do "vamos só ficar" - Dei de ombros, a gente tava só ficando sim, mas não ia discutir - ALA, DE NOVO! Como que vai ser esse shipp? Gyerre? Jeulia? Giulean? - Continuei comendo, deixando ela delirar sozinha.

Vitoria

Eu tinha acabado de sair da aula. Nem passei pra comer nada na área de alimentação  e sai correndo pro hospital. Hoje eu iria mais cedo, precisava desabafar com minha amiga mesmo que ela não me respondesse.

Era perto da 13h, estudávamos de manhã. Eu no tinha fome apesar de ter um estômago em formação dentro de mim além do meu.

Eu estava decidida a não abortar filho nenhum. Vai se fuder o Matheus. MEU filho eu não vou matar.

Nada contra quem faz, cada um faz o que quer, mas as únicas pessoas que eu mataria nesse momento seriam o Matheus, Bolsonaro e o Trump.

Eu e Matheus não nos falamos desde o dia em que ele descobriu que teria um filho. Ele visivelmente não fez questão de falar comigo e eu que não ia fazer questão de falar com ele.

Apesar de querer, muito.

Sai da universidade e pedi um uber, não conversei muito pois estava sem vontade mesmo. Agradeci e paguei assim que chegamos ao destino.

Assim que entrei no hospital dei de cara com Pepê, Luan e... Matheus. Eles me olharam e e eu pude ver que estavam com roupa esportiva. Calças moletom, blusas soltas e mochila. Tinham acabado de voltar do CT.

- Acabaram de sair do treino, não é? - Beijei o rosto de Luan e Pepê e ignorei a existência de Matheus. Sim, eu sou muito adulta.

- Sim. - Matheus disse e eu não respondi.

Ficamos alguns segundos em silêncio.

- Han... - Luan começa. - A gente veio ver se Gio melhorou... - Ele solta.

- Sim, eu também, na verdade nem almocei... - Eu disse e vi Eduardo e Matheus arregalarem os olhos, Luan nem notou nada.

- Você precisa se alimentar! - Eduardo disse.

- Você precisa se cuidar, ainda mais agora. - Matheus fala junto com o Pepê.

- Eu tô sem saber de algo? - Luan pergunta confuso.

- Não! - Falamos todos juntos.

- Hm. Ok. - Luan afirma. - Vamos para a lanchonete ali na frente comer algo? A daqui do hospital me dá arrepios! - Ele tenta descontrair. Todos concordamos.

- A gente pode conversar antes? - Matheus fala baixinho quando os meninos já estão mais distantes.

- A gente tem algo pra conversar?

- Não fale como se não estivesse esperando um filho meu!

- Ué, semana passada você não tinha até dúvidas se era seu mesmo? - Ele nunca duvidou.

- Eu nunca disse isso, não seja injusta. Eu julguei isso como um erro nosso. - Ele responde.

- Parabéns, quer um biscoito? - Pergunto irônica. - E a propósito "isso" é minha gravidez e "nosso erro" é meu filho. - Digo séria e empino meu nariz. - Avise os meninos que estou sem fome e preferi ver o estado de Gio. - Dou as costas a ele e sigo para recepção.

- O filho não é só seu e você precisa se alimentar! - Ele fala enquanto eu continuo caminhando para a recepção. Dou de ombros. - Eu vou trazer algo pra você comer, não estou nem ai. - Olho por cima do ombro e vejo ele dar de ombros antes de me dar as costas e sair.

Entrei na sala de espera e vi a tia Clari conversando com o médico, ela estava com uma expressão bem triste.
Isso me assustou bastante.

- Vitória... - Tia Clari diz ao me ver. - As notícias não são boas...

𝙸𝚗𝚜𝚝𝚊𝚐𝚛𝚊𝚖 | 𝙴.𝙰 (𝙿𝚎𝚙𝚎)⁽ᶠᶦⁿᵃˡᶦᶻᵃᵈᵃ⁾Onde histórias criam vida. Descubra agora