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Gabriela

- A última coisa que me lembro é a imagem das sacolas com as compras caídas... - Aperto os olhos enquanto respondo o policial. Eu estava com dor por todo meu corpo.

- Você lembra do rosto do agressor? -  A policial perguntou. Ela parecia abalada com o ocorrido.

Eu acordei tem uns 20 minutos. O enfermeira percebeu e chamou o médico, antes do médico tentar fazer algo a polícia invadiu o quarto e começou com as perguntas.

- Desculpe, mas... - Dei uma pausa para tentar digerir. - Onde eu estou? Esse não é o distintivo gaúcho. - Disse avulsa.

- Você está no hospital de Maresias. - Ela informa. - De onde você é? - Indaga.

- Sou da capital do Rio Grande do Sul. Eu posso responder vocês depois? Queria ver meu pai, meu irmão, meu namorado e meus amigos... - Eu começo a listar e quase caio no choro.

Eu não sabia nem a quanto tempo eu tava aqui e nem se tinha alguém aqui pra me acompanhar, eu não sabia nem o que tinha acontecido comigo direito. Eu não me lembro de nada, eu apaguei de nervoso, sei lá, só tenho uns flashs, e uns gritos.

Ouço um suspiro do policial e vejo a policial o olhar feio.

- Ok, querida. Nós voltamos a tardinha, pode ser? Você precisa digerir isso. - Eu apenas concordo e agradeço vendo-os acenarem e se retirarem.

- Pessoal da justiça é chato, né? - A enfermeira comenta brincalhona.

- Fala isso perto da minha amiga que faz direito que ela pula no teu pescoço! - Eu digo e ouço ela rir.

- Você tem uma turminha de visitantes! - Ela diz empolgada. - Eu sou a enfermeira Nara Davis, inclusive, perdão não me apresentar. - Ela se apresenta e concordo como um "tudo bem". - Enfim, nunca vi tanto atleta misturado com tanta profissão lá naquela sala de espera! - Ela comenta e eu ri. - Vou chamá-los. - Ela vai saindo.

- Obrigada! - Digo antes dela sair. Passados uns minutos vi a porta ser aberta. Era meu pai, junto de meu irmão.

Eu queria sorrir, chorar, abraçar, tudo isso ao mesmo tempo.

Acabou que eles me abraçaram e perguntaram algumas coisas. Meu pai me contou que o Gabriel estava acabado e não tinha treinado os três dias que eu fiquei desacordada, o que eu achei um absurdo.

Descobri que todo mundo parou a vida para estar aqui o que, claro sou muito grata, mas O QUE? Eu não tô valendo tanta aula e treino perdidos!

Meu pai ficou comigo o máximo que deixaram, porém a enfermeira nos avisou que separou um tempinho para os meus amigos também, o que eu agradeci. O pai se retirou e logo entraram Gio, Llyanna, Vitória e uma menina que eu conhecia de algum lugar.

- Pode entrar tanta gente assim? - Eu perguntei debochada.

- Não! - Gio respondeu e me abraçou logo após responder. Fui sentindo todos os pares de braços me abraçando e vi a menina meio desconfortável com a situação.

- A gente não merece sua presença no abraço coletivo? - brinquei e a menina deu de ombros vindo nos abraçar também.

- É que... bem, a gente nem se conhece! - A guria soltou após desfazermos o abraço.

- A gente se conhece, sim! Ela é da URFGS! Faz engenharia e os caramba! - Vitória disse e eu ri.

- Sou Giulia! - Ela se apresentou e eu lembrei dela andando nos corredores.

- Caraca, te conheço mesmo! - Eu falei e rimos.

-E então... - Llyanna começou- como você está? - Ela perguntou enquanto encolhia os ombros.

- Ah, vocês sabem, eu tô viva, né?! - Dei de ombros.

Eu tava muito mal, mas não ia adiantar deixar todo mundo na minha volta mal em me ver mal. Isso não ia ajudar ninguém.

- A gente pode falar disso depois... - Gio começou. - Quando for melhor. - Todas nós demos de os ombros juntas e rimos.

Conversamos um pouco e logo elas tiveram que sair também. Passou um tempinho e a porta foi aberta para que eu visse um bando de macho retardado adentrando meu quarto.

Minha única decepção foi que no meio daquele monte de gente Gabriel não estava.

- Como que está a minha moranguinha saltitante? - Matheus perguntou me abraçando e eu não consegui segurar o riso.

- Pronta pra socar tua cara a qualquer momento! - Respondi retribuindo o abraço e ouvi os meninos fazendo um "UOOOU"

-  A gente trouxe muitos presentes e doces pra mostrarmos que somos muito mais preparados que aquelas gurias sem sal! - Martin disse jogando um monte de ursos, doces e uns balões na poltrona. Os meninos concordaram e eu ri.

- Obrigada, de verdade! - Eu disse segurando o choro.

- Mona, se você chorar eu choro! - Eduardo fez voz de mulher e me abraçou fingindo choro.

Rimos bastante, brincamos bastante, dividi meus chocolates. Enfim, foi divertido, eles ficaram uns 10, 15 minutos ali comigo e depois a Nara veio pedir para eles sairem.

Assim que me vi sozinha esperei uns cinco minutos e vi que o horário de visitas tinha realmente acabado.

Gabriel não tinha nem vindo me ver. Isso sim me deixou mal.
Eu conheço ele e tenho certeza que ele de culpa pelo o que aconteceu comigo mesmo ele não tendo culpa nenhuma.

Fiquei refletindo por um tempo e ouvi a porta abrir. Olhei e não evitei sorrir.

- Eu não queria vir de mãos abanando mas não achei nada a sua altura. - Gabriel diz se aproximando. - Voltando pra cá, achei um arbusto cheio de Dálias... É sua flor favorita. -Ele estende para mim. Eu ja estava sorrindo e com lagrimas nos olhos. -Espero que goste! - Eu peguei a flor concordando com a cabeça.

Ficamos alguns minutos em silêncio até ele quebrar para falar merda.

- Me desculpe. Por favor. - Me olhou com culpa.

- Eu não tenho o que desculpar, Med, tu não me fez nada! - Larguei a flor no meu colo e chamei ele com a mão. Ele se aproximou e eu o abracei pela cintura. Senti seus braços ao meu redor e uma mão fazer cafuné no meu cabelo.

Choramos um pouquinho abraçados. Depois conversamos e Nara pediu para ele se retirar. Foram os 10 minutos mais bem gastos da minha vida.

Pedi a Nara que me arrumasse um vaso para por a flor, rapidamente ela arrumou um do quarto vizinho e pôs a flor na àgua.

Deitei tranquila por poder estar relativamente bem e ter tido a presença de todas as pessoas importantes para mim aqui.

Giulia

Agora que Gabi tinha acordado e eu conversei com ela tinha percebido qur tudo estava mais tranquilo e o clima havia ficado mais leve.

Eduardo, Matheus, Martin e o irmão de Gabi voltaram para POA porque tinham compromissos infaltáveis.

As meninas e o pai de Gabi ficaram aqui assim como eu. Não que eu fosse MUITO intima delas mas criamos uma coisa forte e eu me senti incapaz de deixá-la aqui.

Eu estava na lancheria do hospital quando senti uma mão em meu ombro. Virei o rosto para ver quem era e vi a Vitória.

- Obrigada por ficar! - Sorriu me olhando.

- Tudo bem! - Minhas matérias iam acumular de qualquer jeito, que seja por um bom motivo! - Dou de ombros e ela ri.

- Sei la, as vezes acho que você tinha que ter entrado na nossa gangue scooby-doo antes! - Ela fala enquanto sorri.

Eu não acredito que me tornei o que mais temia: A quarta membro.

𝙸𝚗𝚜𝚝𝚊𝚐𝚛𝚊𝚖 | 𝙴.𝙰 (𝙿𝚎𝚙𝚎)⁽ᶠᶦⁿᵃˡᶦᶻᵃᵈᵃ⁾Onde histórias criam vida. Descubra agora