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Giordana

Tudo estava muito confuso, a última coisa que me lembro era de Vitória com dúvidas de estar grávida.

De acordo com algumas enfermeiras, minhas memórias depois disso custariam a voltar e talvez nunca voltariam. Aquilo me frustrava um pouco. Não verdade, muito.

Não conseguia entender como eu podia ter sido tão azarada.

- Bom dia, flor do dia! - Ouvi a voz de meu pai adentrando o quarto. Sorri para ele.

- Bom dia, pai! - Vi que ele trazia uma bandeija. - Hmm, café da manhã! - Me esforcei para não cortar a alegria dele mas o vi revirar os olhos.

- Sua empolgação por me ver me leva as alturas, filha! - Responde me dando um beijo na testa, põe a bandeija na cama, em cima do meu colo e senta ao meu lado, na poltrona.

- Poxa! Não é por isso! - Sorrio sem mostrar os dentes. - Eu só quero sair logo daqui.

- Bom então eu trago boas notícias. - Ouço a voz de minha mãe adentrando o quarto. - Sua alta é amanhã! - Sorri animada com uns papéis em mãos.

- Porque você sempre me ganha? - Meu pai a olha com falsa indignação e ela da de ombros.

Eu sorrio abertamente e desacreditada.

- É sério? - Indago aparentemente chocada e a vejo concordar freneticamente com a cabeça! - Meu Deus, obrigada!!! Eu estou muito feliz! - Abraço meu pai que tinha se levantado para isso.

Eduardo

Assim que cheguei no hospital no outro dia que recebemos as notícias sobre a situação real dela, vi que todos estavam conversando na sala de espera. Mas cinco estavam em um cantinho, afastados.

Clarisse, Cláudio, Vitória, Giulia e Gabi. Não quis me meter e sentei ao lado de Matheus Henrique.

- Ei, guri! - A voz do pai de Gio direcionada a mim. Gelei. - Vem cá! - Engoli seco e concordei. Matheus Henrique riu e eu o olhei feio.

- Oi, Eduardo! - Clarisse sorri simpática e eu a mando um "oi" sorridente, logo encaro Cláudio e desfarço o sorriso.

- Bom, tu é quase da família, Du, precisa falar disso com a gente! - Clarisse, minha pseudo-sogra, diz depois de olhar feio para o marido. Eu apenas concordo.

- Tá, é o seguinte, a votação aqui consiste em "a Gio deve escolher fazer a cirurgia que porá a vida dela em risco, ou a gente esconde e não deixa ela fazer."? - Daniela vai direto ao ponto e eu engulo seco.

- Eu prefiro não mentir. - Digo após um tempo em silêncio.

- Viu, esse garoto nunca acerta. - Cláudio revira os olhos.

Clarisse começa em uma onda de argumentos que seria totalmente inútil Gio fazer uma cirurgia sendo que as chaves de dar certo era mínimas e não valia a pena.
Depois de muito conversarmos entramos em um acordo que contar para Gio e dar a opção dela escolher se quer ou não fazer a cirurgia está fora de cogitação.

Contra minha vontade, deixando claro.

Clarisse foi falar com o médico sobre a decisão, pedir para que não comentasse com a Gio as opções de cirugia enquanto Cláudio foi para o quarto de Gio levar o café da manhã. Logo depois, Clarisse passa caminhando rapidamente para dar a notícia sobre a alta para a filha.

Eu estava muito feliz em ver a Giordana ter alta, mas as circunstâncias não me permitiam ficar muito feliz.

𝙸𝚗𝚜𝚝𝚊𝚐𝚛𝚊𝚖 | 𝙴.𝙰 (𝙿𝚎𝚙𝚎)⁽ᶠᶦⁿᵃˡᶦᶻᵃᵈᵃ⁾Onde histórias criam vida. Descubra agora